Prezados senhores ministros,
Como cidadão brasileiro, gostaria de lhes
comunicar que a possibilidade dos senhores votarem, no próximo dia 12, a
despenalização da antecipação do parto (o que equivale ao aborto) de crianças portadores
de anencefalia está aterrorizando o povo brasileiro. Se esses seres humanos
extremamente indefesos forem considerados como material descartável, o que
podemos esperar para o futuro do nosso País? Causa-nos muito estranhamento o fato
dos senhores, exclusivamente, serem os responsáveis de uma decisão tão
relevante, especialmente porque sabemos bem que há uma iniciativa popular que
promove a aprovação do “Estatuto do Nascituro”, que pretende garantir o
respeito da vida humana desde sua concepção até à morte natural.
Gostaríamos de lembrar aos senhores que mais
de 82% da população brasileira é contrária à prática do aborto. Além disso, os
senhores não foram eleitos pelos brasileiros, mas sim colocados como ministros
por indicação presidencial, presidente esta que se declarou várias vezes
favorável ao aborto. Temos a sensação de que como nem por referendo, nem
através do poder legislativo (Congresso e Senado) tal prática seria aprovada, a
única via possível foi através do poder judiciário. Sabemos bem que, de acordo
com o que está escrito na nossa Constituição, esse não pode legislar. Tememos
que os senhores ministros mais uma vez atuem de forma contrária ao posto na
nossa Constituição, em vistas de um suposto “espírito da lei” ou de uma “extensão
dos direitos humanos” a pessoas desprotegidas. A conduta do STF tem sido
classificada por muitos como “ativismo jurídico”; entretanto, há vozes que a
qualificam como uma forma explícita de “niilismo jurídico”, ou seja, de negação
de que o Direito Positivo tenha fundamentos no Direito Natural. Há ainda outros
teóricos que observam uma mera posta em prática por todos os meios possíveis da
vontade de “multinacionais da morte”, como a Fundação Ford, a IPPF e outros na
América Latina, que visam impor nos nossos países legislações de controle de
natividade por qualquer meio possível, inclusive contrariando a Declaração
Universal dos Direitos Humanos da ONU (de 1948), o texto da Nossa Constituição,
o Tratado de Costa Rica e a imensa vontade popular. Há quem qualifique dita
postura como “terrorismo jurídico”, no qual são impostos à imensa maioria dos
cidadãos brasileiros o silêncio e a impossibilidade de se manifestarem.
Não há nada que justifique cientificamente a
interrupção da gravidez de crianças anencéfalas. A medicina deve curar os
doentes e, na sua impossibilidade, aliviar os sofrimentos dos enfermos. Jamais
deveria causar a morte do enfermo. A criança anencefálica não nasce em situação
de morte encefálica, como foi reconhecido pelo governo dos EUA e comitê de
bioética da Itália recentemente. Essa pode viver meses ou, em alguns casos,
mais de um ano. Nesse tempo ela pode ser amada, respeitada e, uma vez morta,
receber uma digna sepultura. O aborto não resolve nada, pois mata a pessoa
enferma e destrói moralmente a mãe e, na maioria das vezes, toda a estrutura
familiar. O aborto não é livre de riscos para a mulher que o pratica e, em
algumas vezes, a anencefalia pode ser mal diagnosticada. Da vossa decisão
depende a vida de muitas pessoas.
Gostaríamos de lhes dizer que se os senhores
despenalizarem o aborto nesses casos, os senhores estarão atuando contra a
vontade popular, a democracia (porque darão a sensação de não respeitar a
divisão de poderes), o que diz a ciência biomédica e os senhores serão os únicos
responsáveis diante da História do nosso País de tal decisão. Tal ato poderá
ser comparado num futuro bem próximo aos mais repugnantes atos da história do
nosso País, como foi a “escravidão legal”. Negar o direito à vida desses seres
humanos, de fato, será uma injustificada e cruel forma de discriminação.
Sabemos que a imensa maioria dos que sofrem a “anencefalia” no Brasil são
pessoas pobres e a anencefalia poderia ser reduzida com a ingestão de “ácido
fólico” por parte das mulheres durante os três meses que antecedem a gravidez e
no decurso da mesma. Essa substância é barata e seria desejável que o SUS a
dispusesse a todas as mulheres gratuitamente e não que o Estado permitisse ou
promovesse a morte desses seres que não tiveram os recursos suficientes para
serem bem formados. Nosso Estado deveria trabalhar na promoção do nosso SUS e
não permitir (ou obrigar) que os médicos, formados para salvar vidas, tenham
que começar a praticar atos que só podem produzir a morte. Isso seria
totalmente irresponsável, discriminatório e injusto.
Infelizmente, a maioria dos brasileiros não
pode participar nessa decisão, esse poder nos foi negado e está exclusivamente
nas mãos dos senhores decidir. Nós, povo brasileiro, não nos calamos antes
dessa decisão e não nos calaremos depois dela. Continuaremos mobilizando a
nossa população para exigir do nosso Governo políticas dignas que promovam um
Sistema de Saúde decente, defensor e promotor da vida humana e estaremos
educando a juventude sobre os riscos e os sofrimentos causados pelo aborto, que
sempre destrói ao menos duas vidas: fisicamente a do filho (ainda que haja quem
queira chamar somente de “feto” ou de “embrião”) e moralmente a da mãe. Ao
mesmo tempo, estaremos exigindo um genuíno respeito pelo texto da nossa
Constituição, pela autêntica divisão de poderes no Brasil, pela verdadeira
participação democrática. Nosso trabalho buscará ainda a formação dos mais
jovens, de modo a educá-los para uma verdadeira responsabilidade nas suas
relações interpessoais e familiares, de modo que não tenham que jamais pensar
em praticar o aborto. Um governo responsável deveria investir nisso e não
conformar-se com o dar a morte aos pobres e inocentes.
A despenalização da prática equivalente ao
aborto desses seres humanos seria extremamente injusta porque negaria a essas o
direito à vida. Além disso, poderia ser terrível para nossa população devido ao
valor pedagógico das leis. O dito ato poderia aparentar a muitos uma radical
banalização da vida humana. O povo brasileiro não quer isso.
Pedimos, pois, vossa atenta consideração à
vontade do povo brasileiro e aos argumentos que as mesmas ciências médicas e
bioéticas nos ensinam. Pedimos ao senhores uma atenta consideração aos dados
reais da medicina e aos casos reais de famílias que no Brasil sofrem com o
problema. A decisão dos senhores no próximo dia 12 marcará uma etapa nova da
História do nosso País. Esperamos que seja positivamente, que nosso País possa
continuar sendo reconhecido como um dos que mais amam e defendem a vida dos
seres humanos mais indefesos e que se preocupam com o direito humano de todos,
não somente dos mais fortes.
Agradecemos sinceramente a vossa atenção e
esperamos uma afirmação incondicional dos senhores do valor de toda vida
humana.
Indicamos-lhes um texto científico sobre o
tema. E casos reais de famílias que acolheram a vida de crianças portadoras de
anencefalia.
http://humanitatis.net/?p=5810
http://www.anencefalia.com.br/
http://www.portalum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4041%3Avitoria-de-cristo-crianca-com-anencefalia-completa-dois-anos-e-meio-de-vida&catid=88%3Ario-de-janeiro&Itemid=462
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285811
http://www.anencefalia.com.br/
http://www.portalum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4041%3Avitoria-de-cristo-crianca-com-anencefalia-completa-dois-anos-e-meio-de-vida&catid=88%3Ario-de-janeiro&Itemid=462
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285811
Anderson Alves
Pe. Anderson Alves
Doutorando em Filsosofia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em
Roma.
1 comments:
Faço dessas palavras as minhas... Vou continuar rezando para eles tomem a decisão mais humana.
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