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#AvanteOficina

Por: André
 

 “Dinheiro, pra que dinheiro?”
 
Assim é o refrão de um famoso samba de Martinho da Vila. Como estudante de economia daria uma resposta padronizada pela teoria econômica para tal resposta: dinheiro serve para ser uma unidade de referência e forma de pagamento que torna possível as transações dos bens e serviços presentes em nosso mundo; outra função seria a de ser uma forma de preservar riqueza, assim não temos que consumir tudo que produzimos a cada período e desse modo podemos fazê-lo em períodos futuros. Porém, responder à pergunta como a de
cima quando se trata do sentido que o dinheiro possui em nossas vidas é mais complicado.

Quanto a relação que o dinheiro possui em nossas vidas tem um pensamento que já é mais do que batido que é o de que dinheiro não traz felicidade. Porém, ele não é sem importância em nossas vidas (vide nossas preocupações com emprego e trabalho). O dinheiro é o meio pelo qual conseguimos suprir necessidades básicas como alimentação e moradia e suprir outras necessidades do ser humano como a do lazer e conhecimento. Contudo, o dinheiro não passa de um mero meio para chegarmos a um fim. A partir desse pensamento surge a seguinte questão: então, por que em termos coletivos nós aparentemente nos importamos mais com dinheiro (um mero meio de se realizar “algo”) do que com “algo” de fato? Ultimamente as notícias sobre a crise na zona do Euro e as medidas para estimular o crescimento do PIB têm dominado boa parte dos nossos noticiários. E mesmo fora de tempos de crise as decisões do Banco Central sobre a taxa de juros e os resultados das bolsas de valores e taxas de câmbio sempre acham seu caminho para um lugar no jornal noturno.

Uma razão para tal acontecimento é que o conceito de felicidade dentro de uma sociedade é difuso e passível das mais diversas interpretações individuais enquanto as decisões econômicas afetam diretamente todos os indivíduos de uma forma relativamente mais homogênea. Por exemplo, se um governo adota uma política que aumenta a renda de todos os membros de uma sociedade sem outras consequências é uma política muito mais desejada do que se o mesmo governo adotasse uma política de que todos devam saber xadrez porque este tem a ideia de que xadrez torna as pessoas felizes. Em resumo, como é muito difícil chegar a um consenso do que é felicidade, como sociedade, o melhor que podemos fazer é garantir os meios materiais para que cada um busque a sua.

Essa ideia tem um princípio muito bom que é o de garantir oportunidades a todos, porém ela corre um sério risco: esquecer que não se pode garantir um meio sem saber qual é o seu fim, ou seja, o desenvolvimento econômico pode se transformar num fim em si. Cujos meios para serem alcançados podem, por sua vez, comportar desrespeitos à pessoa humana. Um exemplo seria o Brasil, cuja renda cresceu mais que dez vezes em 60 anos, mas claramente as oportunidades não cresceram na mesma velocidade. Com isso, vemos que são necessários valores humanos claros para guiar o desenvolvimento senão esse pode trazer mais mal do que bem. Algumas destas ideias para guiar o desenvolvimento são as de justiça e caridade.
 
Justiça é dar a cada um o que lhe é devido. Caridade é o amor verdadeiro ao próximo, em especial, aos mais necessitados. Essas duas coisas não se anulam, pelo contrário se complementam! Pois, se existe alguém que precisa de ajuda, e se eu o amo verdadeiramente, vou o ajudar. E o que se deve ao necessitado é dar o auxílio que merece. Citando Bento XVI “Não existe caridade sem justiça, e não existe justiça sem caridade”. Sendo assim, acredito que começaremos a ser felizes se vivermos esses princípios, individualmente e socialmente.

André da Costa 
Estudante de Econômia - PUC RJ - Oficina de Valores

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