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#AvanteOficina

Por: Levi
Papa Bento XVI                      Papa Clemente V

Começo esse texto como uma charada, com uma charada começo esse texto!!! rsrs

Em que lugar aconteceu à última reunião de Papas?

a) Jerusalém             b) Roma             c) Vaticano             d) Céu

A resposta correta é o Céu. Mesmo que, em alguns momentos, tendenciosos digam haver mais de um Papa, na verdade havia apenas um - e os outros são denominados ANTIPAPAS. O que isso tem a ver com a renúncia de Bento XVI? Logo descobrirá!


O que tomou um contorno de escândalo referente à renúncia de Bento XVI é mais uma falta de conhecimento - que qualquer um com o mínimo de boa vontade poderia acessar - do que realmente algo preocupante, como tantos veículos midiáticos tentaram/ tentam impor. Não devemos tomar os meios de comunicação como referenciais científicos.

A renúncia não é nenhuma novidade na História da Igreja, temos dois acontecidos muito mais problemáticos do que a serenidade do momento atual. Ainda bem que esses “senhores cientistas” que estão sentados em suas mesas das redações de jornais, revistas e programas televisivos não estavam vivos em 1294 e 1415(1416), porque se estivessem eu só imagino as manchetes que teríamos.

Com a morte do Papa Nicolau IV em 1292, os cardeais não chegavam a um consenso acerca de quem seria o próximo sucessor de Pedro. Isto fez com que o conclave durasse cerca de dois anos. Após esse longo processo, Pedro Morrone, que era monge e já se aproximava dos oitenta anos, é eleito Papa; era um simples monge, ingênuo, que desconhecia os meios políticos que envolviam o cargo de Papa. Até o momento da eleição ele nunca tinha nem mesmo ido a Roma! Ele aceita a decisão do Conclave, afinal “não poderia negar uma escolha que provinha de Deus”, e logo percebe que aquele mundo não se encaixava em sua vida de monge. Enquanto Papa fez dois decretos, determinando que os cardeais deveriam ficar isolados no conclave e o outro concedendo o direito de renunciar ao cargo de Papa legalmente. E em menos de 5 meses Celestino V renuncia ao cargo. Cerca de dois anos depois morre e em 1313 é canonizado São Celestino V.

Temos uma situação posterior ainda mais tensa, em que Gregório XII (1406-1415) renuncia ao cargo de Papa em um momento em que duas outras pessoas afirmavam possuir tal título – os famosos antipapas! Retomando nossa charada inicial, cabe dizer que neste momento não aconteceu nenhuma reunião de Papas. Ainda que tenha sido marcado para o dia 30 de outubro de 1413, por Segismundo (Rei da Hungria, do Sacro Imperador Romano-Germânico, rei da Germânia e rei da Boêmia), um Concílio aberto em que deveriam ter participado Gregório XII, Bento XIII (nome cancelado e reutilizado em 1724-1730) e João XXIII (nome cancelado e reutilizado em 1958-1963), somente João XXIII compareceu, sendo que ele e Bento XIII eram antipapas.

Os conciliares chegaram à conclusão de que somente a renúncia dos “três papas” poderia colocar fim à questão. João XXIII foi forçado a abdicar, Gregório XII renunciou pacificamente (ele já havia proposto tal atitude antes do Concilio), e Bento XIII recusou-se a abdicar ou renunciar - no ano seguinte refugiou-se no que ficou conhecido como a Fortaleza Arca de Noé em Peníscola (Lugarejo da Espanha).

E hoje, em pleno século da informação, somos tomados pela renúncia de Bento XVI, que é um terceiro caminho, não por uma limitação ou ingenuidade, como as de Celestino V; não por uma questão política, como a de Gregório XII. Bento XVI, de um gesto livre e amoroso, percebeu-se não podendo estar mais pleno como Papa, atendendo às necessidades do cargo, que hoje é marcado por uma intensidade muito maior. Por Amor, Bento XVI renuncia ao cargo de Papa, mas não renuncia ao Cristo que sempre buscou seguir. Movido por essa fidelidade entrará para um claustro onde suas limitações físicas não o impedirão de ser CRISTÃO! Muito se tem dito sobre a renúncia e há muito a se aprender com ela. Com certeza a atitude do nosso querido Papa ecoará pela história. O que sei hoje é o que relato nessas poucas linhas... 


Marcos Levi 
Historiador - Oficina de Valores


Este texto é parte de uma série de textos que publicamos ao longo da última semana do pontificado de Bento XVI. Para acessar todos os textos desta série especial basta acessar a tag Especial Papa Bento XVI clicando aqui

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