Por: Cleber
Desde que assumiu o papado, o Papa Francisco tem sido visto
como um agente de transformação pela grande mídia e vaticanistas de plantão.
Seus discursos, seus posicionamentos, suas atitudes, dizem eles, são inovadoras
e até mesmo inéditas.
Para referendar sua opinião vão atrás de pessoas “altamente
especializadas” em assuntos eclesiais católicos. Porém, em todas essas opiniões
e pontos de vista parecem se
esquecer de uma pequena coisa. Talvez eles não a
considerem importante, parece que para estas pessoas cultas e profundas
conhecedoras da Igreja Católica, que pipocam por todo canto emitindo seus
juízos, não faz diferença. Estou falando da doutrina Católica.
Fazem muitas comparações das declarações do Papa Francisco
com o que “a Igreja ensina”, como se houvessem duas palavras dentro da Igreja; uma
seria a da Igreja como um todo e a outra seria a do Papa Francisco. Esse tipo
de raciocínio, por parte desses ditos especialistas em assuntos católicos, fica
evidente na entrevista que ele concedeu no voo de volta para Roma, após a JMJ
no Rio de Janeiro. Vou aqui evidenciar duas perguntas feitas que mostram um
pouco sobre esse lado pouco coerente e em alguns momentos até falacioso da
mídia.
Na primeira, quero evidenciar que a repórter tenta mostrar que
há divergências entre o que o Papa pensa e o que a Igreja ensina. Segue
transcrição na íntegra.
Repórter: No Brasil, foi aprovada uma lei que alarga o
direito ao aborto e permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por que
não falou sobre isso?
Papa Francisco: A Igreja já se pronunciou perfeitamente
sobre isso. Não era necessário voltar, como também não falei da fraude, da
mentira ou de outras coisas sobre as quais a Igreja tem uma doutrina clara!
Repórter: Mas é um assunto que interessa aos jovens…
Papa Francisco: Sim, contudo não havia necessidade de falar
sobre isso, mas das coisas positivas que abrem o caminho aos jovens. Não é
verdade? Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual é a posição da Igreja!
Repórter: Qual é a posição de Vossa Santidade? Pode
dizer?
Papa Francisco: A da Igreja. Sou filho da Igreja!
Se fosse esse um caso isolado, de pessoas que acreditam
piamente que o que o Papa atual pensa é contrário ao que a Igreja pensa, tudo
bem, não teríamos problema algum, mas infelizmente essa não é a realidade.
Em um segundo momento, outra repórter fez uma pergunta sobre
o homossexualismo e o Papa deu uma declaração que foi encarada como sendo
polêmica por toda a mídia mundial. Segundo a mídia, o Papa deu uma abertura e
reconhecimento NUNCA ANTES DADO PELA IGREJA aos gays. Nesta hora me pergunto se
estes senhores e senhoras que montam os jornais, ou criam notícias são
comprometidos com a verdade, ou mesmo se são capazes de ler e ouvir.
O Papa disse exatamente essas palavras: “Se uma pessoa é gay e
procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar? O Catecismo da Igreja Católica explica
isso muito bem.” Quero chamar a atenção para a parte destacada, são
palavras do Papa ao concluir a frase que rodou o mundo como sendo “uma novidade
dentro da Igreja”. Inclusive, dentro daquilo que eu disse no começo, para
avaliar essas palavras pediram a opinião de uma pessoa que é “conhecedora” da
doutrina da Igreja; o senhor Aurelio
Mancuso, presidente do Equality Italia, “católico” e representante do movimento
homossexual italiano, que fez a seguinte declaração às palavras do papa: “As
palavras pronunciadas pelo Papa são muito importantes do ponto de vista do
estilo, porque, depois de tantos anos de insultos lançados pela Igreja Católica,
se reconhece que não devem discriminar ou marginalizar essas pessoas".
Parece piada que este senhor que se diz católico, fale uma
asneira deste tamanho. Igualmente piada que a mídia, que deveria ter
compromisso com a verdade, se preste a divulgar metade do raciocínio do Papa,
omitindo da sua declaração a segunda parte, quando ele fala do Catecismo da Igreja
que é anterior ao Papa Francisco e é palavra da Igreja. Pra não restar dúvidas,
compare o que o Papa disse acima com o que o catecismo diz no número 2358: “Um
número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendências
homossexuais profundamente enraizadas. Esta inclinação objetivamente
desordenada constitui, para a maioria, uma provação. Devem ser acolhidos com
respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de
discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus
em sua vida e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as
dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição”.
Na pergunta anterior, o Papa diz CLARAMENTE: “sou filho da Igreja”;
como bom filho, ele leva a cabo todo o ensinamento da Igreja. Não só sobre
esses dois pontos abordados aqui, mas também sobre todos os outros. Não há
novidade no discurso do Papa; nem mesmo seu despojamento é novidade para a Igreja.
Quem conhece a Igreja de fato, sabe que ao longo da história dela houveram
diversas pessoas igualmente despojadas, inclusive seu predecessor. Antes que
riam ou falem que isso é brincadeira, convido a conhecer a história de Bento
XVI, verão que em matéria de despojamento, ele também é um grande exemplo. Não
quero com isso, desmerecer ou diminuir a importância dos atos do Papa
Francisco, de forma alguma. Ele é um bom exemplo e em tempos em que os maus
exemplos, que infelizmente também são realidade dentro da Igreja, se
multiplicam, ter um Papa como um exemplo de simplicidade, humildade e acima de
tudo de obediência a Santa Mãe Igreja, é para todos nós sim motivo de grande
júbilo e alegria. Também é, para todos os que não vivem de acordo com o
evangelho, sinal para que revejam seus comportamentos. Serve para todos os
fiéis católicos, Bispos, Padres, Diáconos, Seminaristas, Fiéis, todo povo
verdadeiramente católico.
Para os que ainda insistem em ver novidade nas palavras do
Papa Francisco, fica o convite e a sugestão de conhecerem a doutrina Católica.
Pra começar, leiam o Catecismo. Leiam os documentos da Igreja. Para os que
ainda acham que o Papa Francisco faz oposição a própria Igreja, termino com o
que o próprio Francisco disse no dia 23 de Abril na celebração que ocorreu na
Capela Paulina com a participação de dezenas de cardeais, ele recordou o que o
Papa Paulo VI dizia ser “uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a
Igreja, seguir Jesus fora da Igreja, amar Jesus sem a Igreja. A identidade
cristã é uma pertença à Igreja, à Igreja mãe”.
Se há alguma novidade que o Papa Francisco trouxe nos tempos
atuais é que sigam a Igreja. Se há algo de novo para esse tempo em que vivemos,
de profundo relativismo religioso em que qualquer seita serve, é que fora da Igreja
não é possível amar Jesus. Então meus queridos, não nos deixemos enganar. Não
há divergências, não há novidades como a mídia diz, o que há é confirmação de
que a Igreja continua sendo nossa mãe e mestra e que ele, como bom filho, dá
testemunho disso.
Cleber Kraus
Mestrando em Ecologia / Oficina de Valores
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