Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Enem.png
Pressão. Meiose. Foco. Rotina de
estudo. Tensão. Essas são algumas das palavras cotidianas na vida de um
vestibulando. Na verdade para quem está se preparando para o vestibular tudo
remete às temidas provas. Confesso que é impossível escever um texto como esse
e não me lembrar da tão falada redação do ENEM. Mas, devido a ingrata
oportunidade de estar tentando uma vaga na faculdade pelo segundo ano seguido, venho
analisando algumas experiências vividas nesse período, aprendendo ao olhá-las
de outra forma. Percebi, por
incrível que pareça, como esse ano, supostamente ''perdido'', contribuiu para o
meu crescimento pessoal.
Quando, no começo do ano, recebi a
notícia de que não havia passado para a faculdade, mesmo não tendo me esforçado
nem um pouco para isso, a frustração foi inevitável. Durante o ano que havia
passado eu estava vivendo o terceiro ano, o tão sonhado fim do colégio.
Coloquei na minha cabeça que esse era o ano de aproveitar uma fase que não iria
mais voltar, então tinha que sugar o máximo dessa experiência. E logicamente os
estudos não estavam incluídos nos meus
planos. Realmente aquela fase não voltou e nem vai voltar, mas a possibilidade
de ter vivido tal momento com mais responsabilidade também ficou lá atrás.
Parecia que o meu sonho tinha chegado ao fim. Entretanto lembro-me de em
momento nenhum ter me indignado ou procurado culpados para o acontecido, até
porque tinha completa noção de que a responsabilidade do fracasso só cabia a
mim. Quando as muitas lágrimas foram secadas, vi a necessidade de tomar uma
decisão quanto ao meu futuro. Com todo o auxílio da minha família, respirei
fundo e tomei a difícil decisão de tentar de novo.
Como disse, minha decisão não foi
nada fácil. Durante todo o ano me vi diante de barreiras como o cansaço, a
preguiça e as renúncias que deveria fazer. No entanto, precisava vencê-las. Às vezes batia uma vontade de desistir,
mas então eu me lembrava da experiência anterior e dos pequenos empecilhos que
seria obrigado a conviver. Percebi que precisava aprender a olhar tudo isso por
um ângulo (por favor, sem trocadilhos
matemáticos!) diferente, além de mudar
meus hábitos. Decidi trocar algumas atividades que antes eram rotineiras pelos
livros e estudos. E aprendi a lidar com a minha rotina e compromissos com uma
responsabilidade que antes eu eu não tinha. Mas ainda precisava organizar a
minha cabeça para aprender a lidar com tudo isso.
Como no mito de Sísifo, no qual um camponês,
filho do deus dos ventos, é condenado pelos deuses a levar uma enorme rocha até
o topo de uma montanha. Sendo que sempre que chegava ao cume a rocha rolava e
ele era obrigado a começar tudo de novo.Tendo assim a definição de seu castigo,
repetir o esforço de carregar a rocha por toda a vida. Após os problemas passei
a analisar o vestibular como apenas mais uma rocha que deveria carregar.
Trazendo o mito para um âmbito cristão, prefiro olhar a tal pedra como uma cruz
na qual não me foi dada como um castigo, mas como um ato de amor de um Deus que
me deu a oportunidade de retirar algo bom de uma situação incerta e complicada.
Sem dúvida neste ponto se encontra uma das maiores belezas do cristianismo, a
possibilidade de luz em meio a escuridão.
Quando consegui assimilar a
experiência do fracasso do ano anterior e convertê-la em maturidade para lidar
com o novo desafio, tive a capacidade de transformar as lágrimas tão frequentes
em sorrisos, que me davam uma certa esperança de ver beleza na dor. Os
resultados continuam tendo uma grande importância, mas como São Paulo hoje
tenho a alegria de dizer, que nesse aspecto da minha vida: combati o bom
combate e completei a corrida. Ainda não sei o que será daqui para frente, no
entanto, já tenho a certeza da vitória. Pois como diz uma certa música:
"sucesso é a caminhada e não a linha de chegada".
Por hora espero tudo terminar.
Enquanto isso deixo a rocha rolar para que eu, mais uma vez, possa descer a
montanha e descobrir com qual realidade eu terei que lidar ao longo da subida.
Para que assim, com contornos de sorrisos e também de lágrimas eu possa ir
aprendendo a me moldar conforme a vida
me exige. E quando a cruz estiver muito pesada é só lembrar que após as dores
da cruz existe a alegria da vida.
Vicente Alves
Vestibulando
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