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Sim,
precisamos falar sobre a pílula, porque muita gente acha que ela apenas evita
filhos, que seu único propósito e ação reside na contracepção e que ela é
apenas um ganho na vida de mulheres e casais ao redor do mundo. Não é.
Começando
do começo – sem entrar no importante tópico da liberação sexual, pretendemos
nesse texto focar na questão mais particularmente ligada à saúde, em geral, da
mulher. A pílula foi sem dúvida um marco científico e social importante. Com
ela, na década de 60, mulheres do mundo inteiro puderam ter acesso a um
planejamento familiar dito “mais seguro”, puderam optar por escolherem
engravidar já tendo formação ou trabalhos mais consolidados. Claro é que a
questão tem muitas nuances: casais sem planejamento já se saíram muito melhor
que casais maduros e financeiramente estáveis na tarefa. O fato é: a
contracepção hormonal deu uma sensação de liberdade reprodutiva muito grande, em
relação a pensar em herdeiros só quando realmente fossem convenientes.
Até aí não
parece haver problemas. A pílula, realmente, de uma perspectiva utilitária, só
teria benefícios. Mas analisemos mais a fundo a questão.
O
tratamento com esse medicamento para contracepção baseia-se na realidade
hormonal da mulher: ela tem um episódio de ovulação por ciclo e é só no período
em que ela ocorre e com as condições básicas de sobrevivência e condução do
espermatozoide até o óvulo é que engravidar é possível – isso, segundo
avançados estudos alemães atuais (em que se baseou o método Sensiplan), fica em uma margem de aproximadamente
7 dias por ciclo (os ciclos variam de mulher para mulher, geralmente duram em
torno de 25 a 35 dias).
Quando a
mulher tem ciclos, chamados naturais (ou seja, não toma pílula e é saudável
nesse aspecto), são as flutuações hormonais que ditam como e quando ocorrem os
eventos. Após a ovulação, um hormônio determina que naquele ciclo ela não
ovulará mais, só depois do próximo sangramento (novo ciclo) – e esse mesmo
hormônio (a progesterona) é secretado na gravidez, o que impede que uma mulher
grávida ovule.
A pílula
faz o quê: coloca no corpo da mulher versões sintéticas desse hormônio para
simular para nosso cérebro uma gravidez. Com o cérebro “pensando” que o corpo
está grávido, não ocorre ovulação, nenhuma flutuação hormonal, nenhum ciclo e,
por isso, nenhuma gravidez (quando funciona). Mas o que isso acarreta em termos
de saúde?
Hormônios
não são brincadeira. De leiga pra leigo/a, é com essa informação que lhe deixo:
os hormônios do anticoncepcional fazem muito mal para nós, em primeiro lugar,
porque são sintéticos, interrompem os ciclos naturais para os quais nossos
corpos foram feitos. E mais, problemas vasculares, estando ligados a vários casos de amputação, AVC e até morte – que não são nada divulgados adivinha por quê? Sim, porque a indústria
farmacêutica lucra MUITO com esses comprimidos e porque os Governos preferem
distribuir cartelas em vez de educação reprodutiva.
Isso pra
explicação ficar no simples. Mulheres que tomam pílula não estão tratando nada
(nem ovário policístico, nem sangramento abundante), apenas é um recurso de
desligar a máquina dos seus ciclos – varrer a sujeira para debaixo do tapete –
para não ter que lidar com ela. Seja bem-vinda a grande parte da classe médica
brasileira.
Ah, e tem
mais: um estudo do Reino Unido (publicado na Brain Research) já mostra a ligação entre a pílula e distúrbios
como depressão, pois parece que esse remédio diminui determinada parte do
cérebro que está ligada ao processamento de emoções, incluindo o córtex
pré-frontal, que está associado a atividades cognitivas como a tomada de
decisões.
À parte disso, como ficamos privadas de nossos ciclos, de nossa libido real, sentimos
muito pouco tomando anticoncepcionais: ficamos num mar de progesterona (sim, é
o hormônio da TPM) por anos a fio, correndo riscos com nossa saúde e negando
quem somos.
Já
conversei com amigas que a tomam para evitar acne, algo, na maioria das vezes, facilmente (sim,
facilmente, procure médicos que não varram a sujeira pra debaixo do tapete)
tratável com sabonetes e mudança na alimentação – e que, falando assim, parece
tão mínimo... Já conversei com outras que não desejam filhos de maneira
nenhuma, outras que preferem não ter o sangramento mensal. Hoje, vejo isso como
pseudo-vantagens: se para ter uma pele sem espinhas ou não menstruar eu vou
arriscar minha saúde ou abrir mão dos meus ciclos, que fazem parte da pessoa
que eu sou e que eu estou desligando com remédios perigosos, estou com
prioridades invertidas. E falo isso sem o menor tom de julgamento, falta de
informação não é culpa apriorística de ninguém.
Posso, com
bastante segurança, dizer que a esmagadora maioria das mulheres não sabe como
seu próprio corpo funciona – como eu não sabia nada até pouco tempo atrás.
Conversando com amigas, percebi que quase todas eram completamente alheias a
determinações fisiológicas básicas de seus próprios ciclos. É empoderador
possuir esse conhecimento e não ter isso está longe de ser nossa culpa.
Nós já
nascemos sob o peso de uma conjuntura que nega as particularidades do universo
feminino sejam quais forem, especialmente quando são menos práticas, mais
emotivas, mais detalhistas. Somos encaradas como mais frágeis, péssimas
motoristas, e falhamos quando não sabemos cozinhar ou passar roupa. Em cima
disso, ainda vem uma onda que ousam chamar de feminismo (pois feminismo
verdadeiro não é polo oposto ao machismo – peço que, se ainda não leu, leia
este texto aqui.
Se você é mulher, sabe bem do que eu falo. Se é homem, pare e pense como já
nasceu com privilégios só por isso e exercite sua empatia.
O que isso
tem a ver com a pílula? Só tudo. O que sofremos para negar nossa realidade como
mulheres, colocando tudo que é masculino como positivo e feminino como negativo
(“quem veste as calças nessa casa”/ “ai, que mulherzinha que ele está sendo,
que frouxo”/ “tenha coragem, vire homem”), acaba se mesclando à questão sexual
de modo muito forte – óbvio. Primeiro que coloca na mulher e na sua saúde uma
responsabilidade que é de dois, a do planejamento familiar. E, segundo,
porque a contracepção às custas desse medicamento vem justamente negar parte
imprescindível da nossa realidade: nós fazemos bebês.
Seria óbvio
dizer que sexo engravida? Honestamente, parece que não. Uma das consequências sociais
mais fortes da pílula é essa desvinculação absolutamente negativa. Parece-me
até paradoxal: num contexto em que se fala tanto de liberdade, esse conceito
fica embaçado pelos interesses próprios, vistos numa lente míope e pintada de
cor de rosa. Pregamos a liberdade como bandeira inexorável, mas para exercê-la,
negamos nossa própria constituição e a realidade de quem verdadeiramente somos.
Liberdade é poder escolher tomando decisões informadas e lidar com suas
consequências. Como ser livre se, para ter essa liberdade que eu quero, eu
preciso negar algo que é o terreno de existência desse aspecto meu? A pílula
com função contraceptiva separa a relação sexual da concepção, coisas que são
biologicamente ligadas – estamos falando aqui de corpo, não de ideologia.
Isso
significa que devo apenas torcer para não engravidar? E que a Igreja quer que
eu tenha quinhentos filhos, e relações apenas para conceber? Absolutamente não.
A Igreja reconhece tanto o valor delas que tem o sacramento do Matrimônio só
para isso. Conhecendo o corpo para tomar as tais decisões informadas, a gente
percebe que nossa biologia já deu seu jeito – na maioria dos dias de cada ciclo,
engravidar é impossível – ela é sábia.
Muito para
além da questão religiosa, apesar de tudo estar ligado, é fácil, com um pouco
de informação, ver que nenhum dito benefício do anticoncepcional supera seus
malefícios – seja porque você percebeu que, se não está pronta para ter filhos
em hipótese nenhuma, não deveria estar tendo relações sexuais; seja porque você
não deseja aumentar (e muito) seus riscos de ter um acidente vascular cerebral.
Como fazer?
É, na verdade, bem simples. Pesquise sobre o método – científico! - Billings,
ou o Sintotermal, que são ambos métodos naturais de planejamento familiar. Não
são tabelinha e são baseados em fatos, como já disse, científicos do
funcionamento do nosso corpo, tendo eficácia comparável à da pílula, mas sem
seus malefícios. Converse com seu/ sua (futuro/ futura) marido/ esposa. Pensem
sobre isso. Não deixem para amanhã. Essa mudança é somente positiva e tem muito
a mudar em vocês - para melhor, só para melhor.
Joyce Scoralick
Mestre em Literatura
2 comments:
Um texto tendencioso ao catolicismo, assim como todos os textos aqui...
É verdade que o anticoncepcional pode trazer SIM, danos a saude.. Porém. se for acompanhado por um Ginecologista os riscos são nulos.
Os métodos citados por você são respaldados pelo Catolicismo, além de não prevenirem contra a AIDS, assim como o anticoncepcional.
Porém o anticoncepcional tem seus benefícios SIM. Citarei alguns:
- Reduz indícios de doenças em geral
O uso da pílula anticoncepcional reduz o risco de doenças cardíacas e do surgimento de miomas, diminui a queda de cabelo, ajuda no controle e perda de peso, aumenta a produção de colágeno na pele, e ameniza os sintomas da menopausa como oscilação de humor.
- Não há risco de causar infertilidade
Se orientada por um profissional, a pílula pode ser tomada precocemente. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, seu uso não confere risco de infertilidade futura e não interrompe o crescimento. As doses do hormônio feminino estrogênio nas pílulas atuais são extremamente baixas e, por isso, não causam danos no desenvolvimento da mulher e nem de uma futura gravidez desejada.
E este aqui é de acordo com o seu texto sobre homôrnios.
- Têm baixa taxa hormonal
Existem pílulas com taxa hormonal mais baixa, que causam menos danos, porém o efeito de contracepção é o mesmo, assim como o de diminuição do fluxo menstrual. É importante que seu uso seja sempre acompanhado por um ginecologista, pois, como qualquer medicamento, a pílula pode ter efeitos colaterais indesejados.
Não misture Ciência e Religião, por favor.
Ola anonimo!
Como dito no texto, os ditos beneficios da pilula nao suplantam seus maleficios. Incomoda muito a classe medica e de saude em geral que isso seja uma verdade pois desafia certos conceitos muito difundidos e ate engessados. Nao digo que voce minta, so peço que releia e busque em fontes que vc considere confiaveis. Nao é por isso que se escreve cegamente em questao cientifica. O fato de medicos serem chancelados pela Igreja faz deles menos legitimos? Podemos fechar a PUC?
Só se fala na incompatibilidade entre ciencia e religião quando nao se sabe muito desta última. No caso da catolica, ela é a primeira a nos dizer que devemos estudar, pesquisar e ir atras das verdades. E que se houver motivos para duvidarmos da fe, devemos larga-la.
Agora, se essas verdades estão de acordo com um preceito religioso, bom para nos.
E, desculpe, mas falar em risco nulo me parece, no minimo, miope e muito imprudente.
De qualquer forma, reconhecendo em seu comentario o espirito de pesquisa, convido a pesquisar sobre o assunto em outras fontes alem daquelas que confirmam suas teorias. Isso aconteceu comigo. Me desestabilizou, incomodou, mas podemos nos permitir isso, nao acha? Buscar para além. O que mais incomoda, sempre, é o fator religioso. Parece que tudo que tenha minimamente a ver com isso é destituido automaticamdbte de valor cientifico ou factual. Esquecendo esse teor, busque informaçoes (que, de fato, leio muito, de ateus a bruxos, no tangente a pesquisa) e veja para além.
Forte abraço.
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