MUDAMOS!

Estamos de casa nova! Acesse www.oficinadevalores.com.br, para acompanhar nossas postagens!

Esse blog aqui será desativado em breve. Adicione a nova página aos seus favoritos!

#AvanteOficina


Pensei muito nesse texto. Muito mesmo. Para falar a verdade tenho alguns apontamentos guardados há meses. Queria começá-lo com uma piada mas, embora tenha ficado “matutando”, não consegui encontrar nenhuma. Acho que se este texto fosse engraçado o conteúdo seria melhor comunicado... No entanto não tenho talento para humorista. Rio muito, faço piadas com frequência, mas escrever um texto engraçado comunicando uma mensagem importante é coisa para poucos.

Não sou humorista, nem poeta. Sou professor. Sendo assim, começo trazendo à baila a importância do assunto tratado. Penso que humor é um dos aspectos mais importantes da vida. Quando utilizo esta palavra, o faço em seu sentido mais banal possível. Chamo de humor a capacidade de ver graça e de fazer rir...
Pense em como o humor torna a vida mais agradável, em como nossos grandes amigos, normalmente, são pessoas que nos fazem rir ou que, ao menos, riem conosco das mesmas coisas. C. S. Lewis dizia, com muito acerto, que amigo é alguém que enxerga a mesma verdade que você. Na linha deste grande mestre, digo que amigo é alguém que ri das mesmas piadas e chora pelos mesmos motivos.

Pensando naquilo que nos faz rir, cheguei a conclusão que o riso, não todo ele, mas boa parte do riso gostoso de cada dia, está ligado ao absurdo, à falta de sentido. Uma piada é engraçada na medida em que o final nos surpreende, seja porque não é comum no dia a dia ou porque revela alguns absurdos cotidianos.

Rio muito com dois autores ingleses, Douglas Adams e G.K. Chesterton. Adams é autor da famosa série “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. O livro é realmente genial e afirma que por trás de tudo há um grande nonsense... Na obra de Adams, gargalhamos porque as coisas que julgamos verdadeiras não são verdadeiras e o universo é um grande absurdo. Um exemplo é que, após um longa jornada, os personagens encontram a última mensagem de Deus para a criação que é: “desculpem pelo transtorno”. No primeiro livro da série encontra-se a resposta para a vida, o universo e tudo o mais. E a resposta é simplesmente 42. Não entendeu? Nem eu, mas isso acontece simplesmente porque não fizemos a pergunta direito... 

Rio com Adams, mas agradeço porque o mundo real não é como a ficção por ele criada. Quando o leio, de vez em quando solto um “putz, não pode” e caio na gargalhada. Rir do universo do guia do Mochileiro é fácil; viver nele seria bastante desesperador. 

Chesterton, por outro lado, celebra o fato de que tudo faz sentido. Quando lemos sua obra, a gargalhada frequentemente dá lugar ao sorriso. Do que rimos quando o lemos? Do absurdo das ideias que circulam à nossa volta. Chesterton mostra o quanto nos esforçamos por viver de forma absurda quando, na verdade, boa parte das maiores verdades são evidentes. Gargalhei muito quando li a seguinte a afirmação deste autor: “Aprendi mais com minha babá do que com todos os filósofos modernos!” Na hora pensei: queria ter uma babá assim! Pensei isso para fazer piada porque estava claro que Chesterton não estava elogiando as babás... 

Este é o texto mais denso que escrevi até agora para o blog e, sinceramente, não sei se o leitor o está julgando muito interessante. Fiz esse caminho todo simplesmente para perguntar: o que motiva o teu riso? O fato de o mundo fazer sentido e o absurdo das ideias dominantes ser claro? Ou a crença de que nada faz sentido e então resta rir para não chorar? 

Penso que existem três tipos de piadas. Piadas sobre pessoas, piadas sobre situações e piadas sobre idéias. Quando pensava neste texto, elaborei a estratégia de elogiar os dois últimos tipos e colocar o primeiro como inferior. Depois pensei bem e cheguei à conclusão de que todos rimos nos três casos... Desafio o leitor a pensar na última semana e não lembrar de nenhuma “figura”... 

O segundo tipo de piadas gera um tipo de circunstância muito curiosa: algumas situações só tem graça para quem as vivenciou. Quem nunca riu demais de um acontecimento e quando foi contar para outras pessoas ficou corado por que ninguém riu? Já as piadas sobre ideias, para serem entendidas, dependem não de experiências compartilhadas mas de conhecimento. Lembro envergonhado de quando via as pessoas dizendo “ri potássios” e não entendia nada... 

O que me motivou a escrever este texto é reparar em alguns contextos que o riso não é feliz. Explico-me. Reparei que, para muitos, as gargalhadas são como o riso das hienas, um disfarce para a própria fraqueza. Reparem que as hienas normalmente andam em bando... Não pensem que vim mais uma vez falar sobre bullying, afinal o tema está para lá de gasto. Falo apenas de pessoas que precisam diminuir outras para se colocarem em uma posição de destaque, que nunca riem com os outros, apenas dos outros. 

Entristeço-me a ver como o humor cotidiano das pessoas é pobre. No máximo é um comentário sobre a sexualidade de outro, ou sobre a breguice da roupa de outra. Incomoda-me também os que riem de tudo e todos... Creio ser este riso, muitas vezes, a máscara de uma vida que há muito perdeu a graça. 

Disse no início que o humor está ligado ao absurdo. O desespero também. Citei Douglas Adams e disse que rio muito com ele. Faço isso porque meu coração não espelha aquele livro... A verdadeira gargalhada é a do homem realizado. O frustrado pode ser até ser um grande humorista, mas nunca rirá de verdade. 

Ih... Como de costume acabei de reparar que meu texto ultrapassou o tamanho ideal para o blog. Talvez tenha ficado até chato... De qualquer maneira, para encerrar, ainda me falta contar uma história, já que não pude começar com uma piada. A história vai ilustrar um pouco do que disse no parágrafo logo acima. 

“Um dia um homem foi ao psicólogo. Chegando lá, logo disse: 
― Doutor, tenho andando muito triste. Perdi a capacidade de rir há anos. 

O psicólogo lhe respondeu: 
― Que isso, rapaz. Ânimo. Há muita coisa para rir na vida. Antes de começarmos o tratamento, vou lhe dar um conselho. O famoso palhaço “Zé Cachaça” está na cidade. 

O homem respondeu triste: 
― Doutor, o senhor não está me entendendo. Eu sou o Zé Cachaça.”

Alessandro Garcia
Mestre em sociologia - Coordenador da Oficina de Valores

4 comments:

Celio Junior disse...

Nossa, o texto se mostrava meio confuso no começo, mas ao longo foi se tornando interessante.
Dá para fazer uma auto-analise sobre a sua vida. Será que rimos porque queremos rir mesmo? Será que isso é um disfarce ou realmente a nossa emoção do momento? Seus sentimentos são verdadeiros?
ótimo texto Alessandro, consegui pensar muito sobre isso.

Joyce disse...

alessandro, vc tem o dom rapaz. só te corrijo numa coisa: ser professor inclui, necessariamente, ser poeta, ser humorista, ser psicologo, ser pai, ser muito (q vc sabe)
rir é realmente muito bom...mas rir de tudo é desespero, disse a musica. que a gente consiga mais risos interiores que gargalhadas de hiena....
abraço!

esseoutromundo disse...

O riso é fundamental para nossas vidas! Mas realmente rir de tudo é desespero.
Ri muito com Adams também! Me deu até vontade de ler de novo! hahaha

Unknown disse...

"A verdadeira gargalhada é a do homem realizado. O frustrado pode ser até ser um grande humorista, mas nunca rirá de verdade." Muito bom! E é a mais pura verdade! Não há nada melhor do que um riso sincero... de alguém realizado... de alguém verdadeiramente feliz! O texto, apesar de longo, nos leva a pensar mto nisso: qual tem sido o motivo de meus risos? De novo: Muito bom... e "ri potássios" no inicio! HAIUHAUIHA!

Postar um comentário