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#AvanteOficina


Trataremos de um assunto muito comentado, mas julgo eu que pouco compreendido. Muito se fala em uma necessidade da retomada dos sentimentos verdadeiros num tempo onde quase tudo que fazemos é baseado na cultura do “fast-food”, inclusive as nossas relações de afeto. É comum no contexto da adolescência vermos meninas que andam juntas a todo instante, de braços dados, publicando zilhões de fotos juntas nas redes sociais e escrevendo nos braços e cadernos umas das outras juras de amor e fidelidade eterna à amizade que têm, e de uma hora para outra dizerem: “Eu não ando mais com a fulana porque ela é muito falsa.” Ou o que falar do enorme número de casamentos (oficiais ou não) que se iniciam fervorosamente apaixonados e terminam no pequeno intervalo de anos, meses ou
até mesmo semanas?

Será que essas relações “instantâneas” de amizade, namoro e até mesmo casamento se dão por que falta ou por que sobra sentimento?

Vale refletirmos um pouco mais sobre elas para que consigamos encontrar essa resposta. As relações além de rápidas são muito intensas - em muito pouco tempo intimidades são reveladas, promessas de eternidade são feitas - e tudo isso acredito eu, acontece impulsionado por sentimentos, e é exatamente para isso que eles servem afinal, impulsionar! Os sentimentos são informações que recebemos a partir de algumas experiências feitas. Ora temos sentimentos de amor, ora de ódio, por vezes nos sentimos alegres e por vezes tristes, ou seja, além de serem marcados pela intensidade eles são definidos também pela transitoriedade. Eis aí algo que devemos analisar cuidadosamente. Podemos prometer sustentar algo transitório? Acredito que todos concordam que sentir dor de garganta é muito ruim. Será que podemos então após uma semana de rouquidão e inchaço na garganta prometermos nunca mais sentir dor semelhante? Não, óbvio que não, porque isso foge do nosso controle. O que nos faz acreditar, portanto, que podemos prometer sentir uma afeição eterna por alguém? Os nossos sentimentos. Concluímos, portanto, que estes podem nos enganar.

Veja, eu não estou aqui discursando contra o amor verdadeiro, nem apresentando uma visão pessimista de ser humano na qual os sentimentos são vistos de maneira negativa e devem ser suprimidos, eu só tento deixar claro que o nosso problema é conceder aos sentimentos um poder que não compete a eles. Temos a cabeça para pensar e o coração para sentir, só que muitas vezes invertemos esse papel e aí as consequências são drásticas. Se comparássemos o nosso corpo a um automóvel, seria como se a nossa razão fosse o volante, o responsável por nos direcionar para um caminho ou outro, e os sentimentos fossem o acelerador, é deles que saem as nossas motivações, parte do nosso querer (e isso é fundamental), mas se os colocarmos acima do cuidado com o volante, certamente pararemos no primeiro poste, ou precipício que encontrarmos pela frente.

Convido vocês a fazerem comigo o exercício de pensar nas pessoas que amam; amigos, namorada (o), esposa (o), familiares, etc. Vocês têm sentimento de amor por essas pessoas todo tempo? Eu me atrevo a responder por você que não, porque é absolutamente impossível. Uma hora ou outra essas pessoas, por mais agradáveis e amáveis que sejam, farão algo que te incomoda, vão pisar no seu calo, tomarão uma decisão que você discorda, e nesse momento você sentirá muitas coisas por essa pessoa que são diferentes daquele suspiro que o amor provoca. Isso nos diz que para além do que sentimos, está o que decidimos! Decidir-se por algo é se comprometer com uma escolha independente do sentimento que se tenha acerca dela. Um casal que vive junto há 30 anos não se sente apaixonado como quando se conheceram, em alguns momentos talvez sim, mas certamente não é a tônica do relacionamento como foi em outro momento, o que permanece é a decisão que um dia um fez pelo outro: amar é decidir-se pelo outro.

Para concluir, responderemos a nossa pergunta inicial. Os nossos relacionamentos são instantâneos porque sobram sentimentos. Não porque os sentimentos são ruins, mas por permitirmos que eles governem as nossas escolhas, por sermos sentimentalistas. Saber o que fazer com o que sentimos é parte constitutiva da nossa personalidade, diz muito sobre quem somos. Quem sempre se deixa levar pela transitoriedade do que sente acaba por se perder em si mesmo; nunca se sabe o que esperar dessa pessoa e nem ela mesmo sabe para onde caminha. É como define um dramaturgo norueguês chamado Ibsen que diz que no epitáfio de um sentimentalista só poderia ser gravada a seguinte frase: “Aqui não jaz ninguém”. 

Rodrigo Moco
Estudante de Psicologia - Oficina de Valores

15 comments:

Anônimo disse...

Muito bom esse texto Moco , com ele podemos refletir mas nos sentimentos instantaneos e acabar magoando as pessoas e a si mesmo. Parebéns Moco !!

Rodrigo Moco disse...

Obrigado pelo comentário, seja você quem for! rs Acho esse assunto muito importante mesmo.

Yuri disse...

É,no fundo mesmo ,saber disso é moleza,agir d acordo com o conhecimento é q é o papel,não só de quem é cristão mas de qualquer pessoa. Como os gregos antigos já diziam "age bem quem pensa bem",teoricamente,não deveria haver contradição entre o que temos como correto e o que fazemos,acontece que sempre terá,por que simplesmente "somos humanos demais"

M.Levi disse...

Acaba q no fim o ponto de equilíbrio é equidistante pra ser redundante, mesmo assim a procura por ele no que remete a relacionamento não pode ser um estorvo, fazendo bem essa busca e nunca sozinho ele se torna mais próximo de ser alcançado! Não procure o equilíbrio sozinho pq o outro se moverá em alguma direção e vc cairá, no fim vale a pena desde q seja algo mutuo .

Rodrigo Moco disse...

É, verdade Yuri... Só tem uma coisa que vc falou que não concordo muito, embora entenda a força da expressão. É a frase "somos humanos demais", eu acredito, que coisas como a incoerência e o sentimentalismo por exemplo, que é no fundo uma inversão de papéis, onde o sentimento assume uma função que não é sua, na verdade acontecem pq somos pouco humanos! Acredito que na medida em que formos mais humanos, saberemos viver melhor! Eu substituiria essa frase, o problema está em sermos pouco humanos e quando somos pouco humanos nos restam caricaturas: a caricatura do sentimentalismo, do ressentimento, do amor egoísta e tantas outras!

Alessandro Garcia disse...

Fala Moco...
Cada texto melhor que o anterior.Parabéns.

Yuri disse...

E não é que tu me pegou? kkkk,tenho que concordar Moco.

Paulo Vitor disse...

Sentimentos, qnd eles comandam, tudo pode se perder...é isso, as escolhas que fazemos com o que sentimos é que vão nos guiar, pro bem ou pro mal.
Vlw Muca!

Rodrigo Barroso disse...

"... para além do que sentimos, está o que decidimos! Decidir-se por algo é se comprometer com uma escolha independente do sentimento que se tenha acerca dela.";

"... amar é decidir-se pelo outro.";

"Saber o que fazer com o que sentimos é parte constitutiva da nossa personalidade, diz muito sobre quem somos."

Frases que deveriam estar escritas em néon ― p'ra brilhar nas esquinas à noite.

Diego Gonzalez disse...

Gostei do texto Moco! Acho que fazer as pessoas refletirem sobre os próprios sentimentos ajuda muito a entenderem a si mesmas...

Rodrigo Moco disse...

Bacana ler os comentários e ver que o texto fez bem a outros.Diego, quanto ao que vc comentou de fazer as pessoas refletirem, isso serve muito pra mim, escrever os textos têm me feito muito bem também.

Abraços.

Nathalia Melo disse...

Muito bom, Moco. Foi muito importante para mim, obrigada por isso!
Um abraço!

Lucas disse...

Caraca Moco, parabéns mesmo cara, vc escreveu muito do que eu penso em relação aos sentimentos,..., as vezes sou um pouco criticado por parecer ñ "ter" sentimentos. Mas concordo com o que você disse sobre saber controlar os sentimentos, acho que esse é o caminho que venho tentando trilhar aos poucos. Parabéns!!!

Rodrigo Moco disse...

Valeu, Nathalia. Nos falamos pelo face, fiquei realmente feliz pela sua experiência com o texto. Bacana Lucas, todos estamos nesse caminho aí! = )

Intelectum disse...

Moco você foi muito feliz neste texto. Entendo o que o Yuri disse, nem sempre estamos em consonância com o que queremos fazer e o que deve ser feito, e veja que experimento isso todos os dias, e guardada as devidas proporções, acho que você também. Acredito que somos todos seres em construção e em busca da felicida. Daí a grande questão é: será que a razão é que nos deve guiar em tudo? Se for, então deveriamos jogar tudo o que for sentimento fora? Ou o equilíbrio entre as duas partes nos levará ao encontro tão sonhado à felicidade? Amor não seria a prória expressão de um sentimento? Mas uma coisa é fato, quando nos decidimos por algo, não podemos simplismente abandonar sem analisarmos com honesntidade o que nos leva a fazê-lo.

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