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Por: Anderson Dideco 

Pessoas de minha geração, entre 30 e 40 anos, e que tenham algum conhecimento da história recente do Brasil, hão de concordar: muitos homens e mulheres lutaram e até morreram para que tivéssemos liberdade; inclusive a liberdade de VOTAR. Não há como não recordar: a resistência às ditaduras militares; os embates contra a censura; a luta pelas diretas-já; os debates pela promulgação de uma nova Constituição e até o controverso impeachment de Collor... Em suas motivações ideológicas, talvez houvesse equívocos (que o
avanço do tempo tratou de evidenciar); mas não se pode negar que a sua intenção foi atingida, e hoje vivemos numa sociedade democrática – claro, com todas as contradições que esta condição implica.

Entretanto, talvez por desinformação, talvez por desinteresse, há (principalmente entre os mais novos, mas não só entre eles) uma tendência a desmerecer tais conquistas, alcançadas ao preço de tanto sangue patrioticamente derramado. A meu ver, faz parte desta relação de “desmemoriados” o crescente número de adeptos a este movimento favorável à anulação de votos, nas eleições. Parecem, de fato, esquecer o quanto nos custou conquistar esse direito de escolher livremente nossos representantes.

É certo que o desgaste da imagem dos homens públicos, em nosso país, tem sua parcela de responsabilidade sobre esta situação. Sem dúvida, há uma grande desesperança rondando o coração do brasileiro, no que concerne à classe política e mesmo à possibilidade de que esta atividade, essencial aos destinos humanos, possa vir a dar conta do grande dever que lhe é intrínseco: favorecer o bem comum de todas as camadas de uma sociedade, que será sempre plural em suas necessidades.

Outro aspecto que pode confundir tais eleitores é a discutida obrigatoriedade do voto, que lhe acrescenta um peso indesejável e que acaba por ofuscar sua característica de “direito”, sim, justa e duramente adquirido. Mesmo sendo um dever cívico, o voto não deixa de ser uma imensa manifestação de liberdade: poder decidir, em pleito direto, quem serão os dirigentes de uma nação, em todos os âmbitos (municipal, estadual, federal) é algo que precisa ser considerado em sua magnitude.

Só que não é isso o que acontece. Na hora do cidadão brasileiro exercer o seu maior ato de cidadania, o que mais se ouve é reclamação. E agora, ao coro dos descontentes vem se unir a galera do “deixa disso”, que sustenta a ideia do voto nulo como pretensa forma de protesto. Já está juridicamente comprovado que, ao contrário do que se andou divulgando, o voto nulo não decide a eleição; serão computados somente os votos “válidos” – nem brancos, nem nulos. Assim, se um dos candidatos tiver dois votos contra um de seu adversário, o primeiro vai ser eleito – mesmo que toda a população restante “proteste” anulando seus votos. Desse modo, é um protesto inútil (que me desculpem a franqueza...).

O que me causa espécie é que aqueles mesmos que dizem tanto prezar a liberdade, a desprezem concretamente, fazendo tão mau uso dela. Embora a maior parte das opções dos que se apresentam como candidatos sejam entre sofrível e risível, ainda assim, cabe a nós fazer a escolha. Quanto mais difícil a decisão, maior se torna a nossa responsabilidade. Como alguém será eleito, a despeito de abrirmos mão de nosso direito de influir nessa decisão, parece-me melhor que decidamos influir. Manifestar nosso desejo, senão pela vitória do melhor, ao menos pela derrota do pior, segundo o critério e o grau de informação que tivermos alcançado. Ficar em cima do muro pode favorecer a eleição do pior dos candidatos, e sofreremos as consequências por pelo menos quatro anos. A omissão também terá seu preço a pagar.

Espero que minhas considerações ajudem sobretudo aos jovens a se importarem e se envolverem com a política nacional, pelo menos no papel mais imediato que lhes cabe, que é o de eleitor. Mas que o façam sem deixar de levar em conta os desafios passados, que foi preciso superar para chegar até aqui, com o olhar nas mudanças que ainda precisaremos realizar e, o que é muito importante: com consciência e compreensão do valor que terá, na construção de nossa história enquanto nação, cada decisão que hoje tomarmos (ou mesmo deixarmos de tomar).

Anderson Dideco
Colaborador do blog - Pastoral da Comunicação - Paróquia de cascatinha

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