Por: Levi
Imagem: cleofas.com.br"... homens santos de Deus/Com seu sangue se fez nossa história." Rosa de Saron, Século I
Retomando
o tema do texto anterior que abordava os milhares de mártires feitos em terras
nipônicas e ainda expandindo o assunto. Segundo
Santo Agostinho: “Não é a morte que, por
si só, faz o mártir, mas a causa pela qual a pessoa for morta”.
O verbete “Mártir” vem do grego e significa testemunha, por sua vez “martírio” é a ação de quem sofre e dá testemunho da verdade cristã, marcada com o sangue, que alcança o sacrifício da própria vida. Qualquer homem ou mulher, e
mesmo as crianças, podem ser mártires, diante de um sofrimento em que são
triturados e são identificados com o Cristo, que é o “mártir dos mártires”. Há
vitória no martírio, todo mártir recebe o nome de 'Victor', o vencedor. Nos
primeiros tempos do Cristianismo, eram os Apóstolos e os primeiros discípulos
que derramaram seu sangue para dar testemunho do Cristo e não apostatar da fé.
Existem diversas formas de alcançar o martírio, como através de uma corajosa
defesa de virtudes como a castidade, a caridade, a justiça, entre outras que
são valores inerentes ao Cristo. Por excelência, a coragem é a virtude própria
do mártir, mesmo diante do risco de morte não capitula, não retrocede, não
desanima. O martírio cristão é uma experiência mística, a primeira atestada na
história da Igreja e a primeira forma de santidade a ser venerada nela.
A história dos mártires cristãos.
Já no Século I encontramos os primeiros relatos sobre o martírio daqueles que consumiram suas vidas pelo Cristo. O primeiro deles foi Estevão, diácono grego que teve grande importância para Paulo. Estevão é o protomártir, que é um dos sete primeiros Diáconos nomeados e ordenados pelos Apóstolos. É chamado 'protomártir' porque foi o primeiro mártir que derramou seu sangue pela fé
Durante
dois séculos e meio a Igreja foi perseguida em razão de intrigas, loucuras
pessoais e abusos de poder, no entanto, por que houve uma perseguição oficial
contra os cristãos? Deixemos de lado o caso da diáspora judaica provocada pela
invasão do general Tito, pois essa tem relação com a rebelião dos judeus contra
o domínio romano sobre Israel, ou seja, não teve cunho religioso.
Retomando:
por que a Igreja foi perseguida? A igreja não era fechada em si, deveria
anunciar o evangelho e converter os povos, dessa forma tocando e modificando as
vidas dos pagãos. Isso representanva um problema para o Estado, que possuía
seus deuses, seus cultos e até mesmo a idolatria à pessoa do Imperador, tudo isso
condenando pela Igreja e por sua pregação. Assim sendo, e isso não era segredo,
o cristianismo foi visto não mais como concorrência do culto pagão e do
Imperador, e sim como uma ameaça e, dessa forma, perseguido, como uma ameaça
que deveria ser eliminado, extirpada do Império, uma praga que precisava ser
destruída!
Durante
certo tempo o cristianismo era visto e confundido com o judaísmo, sendo
considerada uma seita judaica. Em Roma a diferença foi percebida bem cedo. Em
64 ocorrerá o Incêndio de Roma e desse momento em diante a perseguição aos
cristãos toma o itinerário das autoridades romanas, torna-se oficial. Suetônio dizia
que o incêndio era obra do Imperador Nero que desejava construir uma nova Roma
e precisava destruir a antiga
Em
dois séculos e meio houve relativa paz durante alguns impérios e grandes
perseguições em outros. Do
início da perseguição oficial de Nero até a liberdade concedida por
Constantino, alguns seguiram a máxima de Trajano, no que ficou conhecido por Rescrito de Trajano que deveria ser
seguido pelos tribunais romanos do Império, onde se lia a máxima “Não se
buscam os cristãos, mas quem for denunciado deve abandonar a fé, sob a pena de
morte”.
O
maior perseguidor foi o Imperador Diocleciano (284-305). Ouros imperadores como
Valeriano, Décio, Septímio Severo, Marco Aurélio, Domiciano e o próprio Nero
também foram vorazes perseguidores.
Vamos
pontuar das arenas romanas da antiguidade até as vilas africanas do século XXI
o longo e frutífero sacrifício de milhares de homens, mulheres, crianças e
idosos que ofereceram seu sangue como semente em lugares em que o Cristo era
diminuído, caçado, expurgado, torturado e morto.
Livros: Ao longo da série
de artigos irei adicionando bibliografia. Só como ressalva, a bibliografia que
segue aborda diversos aspectos; e também o tema aqui que é “Mártir”.
Kenneth L. Woodward, A Fábrica de Santos, Editora Siciliano, 1992.
Eusébio de Cesaréia (HE, 3,22 e 36,1-15).
Jerônimo (De Viris Illustribus, cap. 16).
O Martírio de Felicidade e Perpétua, no ano 203, em Cartago, ed. Knopf-Kruger.
Para Ler os Padres da Igreja - Hamman, A. G
JOSEFO, Flávio - "História dos Hebreus".
BORGER, Hans - "Uma história do povo judeu".
A Última ao Cadafalso de Gertrud von le Fort.
Historia do Cristianismo - Paul Johnson 2001
Filmografia: Existem outros filmes que também irei citando ao longo dos artigos.
Diálogo das Carmelitas (martírio durante a Revolução Francesa)
Becket, o Favorito do Rei (martírio durante o governo de Henrique II)
O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (martírio durante governo de Henrique VIII)
Homens e deuses (martírio que ocorreu em 1996 na Argélia
Marcos Levi
Historiador - Oficina de Valores
2 comments:
Parabéns pelo blogue! Contudo, me permita uma correção: não se diz "APOSTASIAR" mas sim, "APOSTATAR" da fé.
Deus lhe abençoe!
quem estava enterrado em compostela é prisciliano, cuidado com as apologias pois podem ter o efeito contrario do que se pretende
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