No mês de Fevereiro, em Rio das Ostras (RJ) durante um show da banda Restart, foi jogada
uma pedra na cabeça do vocalista do grupo. Perguntei-me na época: o que levaria uma
pessoa a fazer tal coisa? Cheguei a conclusão que tal ação pode ter sido motivada pelo
que chamarei de “ódio” ao estilo musical da dita banda, ou uma vontade de
"causar", de aparecer. No caso citado acredito que foram as duas
coisas.
O ocorrido me
leva a pensar: Até onde meu gosto pessoal, minha vontade de "causar"
tem o direito de afetar a vida das outras pessoas? E mais: O quanto isso nos
distrai do que realmente devemos cuidar?
Assisti a uma
homilia no domingo dia 22/01, na Igreja Nossa Senhora Aparecida (Quitandinha,
Petrópolis – RJ), na qual o Frei Reinaldo falava, entre outras coisas, sobre
"não fazermos acepção de pessoas" baseado nas leituras do dia. É bem
comum vermos as pessoas evitando umas às outras hoje, por vários motivos, seja
gosto musical, aparência, local onde mora por exemplo. Cada vez mais nos
esquecemos de que o que realmente importa é "amar-nos uns aos outros"
esquecemo-nos do que é essencial para gritarmos nosso gosto pessoal, nossa
vontade em quem pensa diferente de nós, nos achamos no direito de censurar os
outros, atirando-lhe pedras só por eu não concordar com o que essa pessoa fala,
faz, canta.
Pior AINDA! Saio da minha casa, entro no show
de uma banda que eu não gosto, tenho o trabalho de ir até lá na frente (uma
posição bem privilegiada) para arremessar uma pedra no vocalista da banda que
eu “odeio” e volto pra casa feliz pra ver a repercussão que isso teve na
internet: "Causei".
O foco hoje
está muito mais em separar as pessoas entre "alienado que só assiste TV e
pseudo intelectual de internet, entre "erudito musicólogo" e
"mente pequena que só ouve músicas populares e comerciais", e até
entre “homossexuais e simpatizantes” e
homofóbicos, quando deveríamos estar unidos para, pelo menos tentar conviver em
paz.
Mas
parece que nosso gosto pessoal fala MUITO
mais alto. Que o digam os milhares de "militantes virtuais" que estão
desesperados por não poderem mais baixar suas séries nos sites de hosting que o
FBI fechou, fazendo altas manifestações, enquanto ao lado da própria casa pode
ter um posto de saúde caindo aos pedaços, e acham isso normal, um problema dos
políticos ladrões. Políticos esses, eleitos por mim, e por você, mas isso não
parece nos afetar, pois CADÊ MEU DOWNLOAD?
- “Ah, vou brigar, isso não pode ficar assim!”.
Fala-se
muito em união para defender causas urgentes, mas cada vez mais vamos nos
separando em classes, tipos de pessoas, e cada diferença vai se tornando uma
barreira entre eu e meu próximo. E é bem contraditório dizer que devemos ser
unidos, sair do nosso conforto e lutar contra as desigualdades, mas só vemos
pessoas cada vez mais se agrupando com seus “parecidos”, cada um atrás do seu
computador "militando" no Facebook. Alguns com parentes à beira da
morte, mas isso é problema do governo. Com licença, tá na hora de eu ir jogar
uma pedra no Michel Teló.
Adriano
Analista Redes/TI - Oficina de Valores
1 comments:
Estou lendo pela primeira vez esse blog (lerei o restante dos textos), mas adorei o enfoque do texto. No domingo passado, o Pr. estava falando sobre "Deus reconhecer nossa estrutura" e de nós reconhecermos que somos pessoas limitadas; e isso, eu vejo muito em conexão com a mensagem, porque, verdadeiramente, somos indivíduos que sempre buscamos sobrepor o gosto pessoal nos nossos amigos, familiares e etc. Preocupamo-nos muito com as questões de comando, do que o AMOR.
Com esse texto, possamos voltar a refletir e perceber que a pós-modernidade está cada vez mais individualista. Nada contra postarmos no Facebook, Twitter, e outras redes sociais, nossos ideais, pelo contrário, acho isso incrível; no entanto, que sejam ideais que ajudem o próximo e não para um "superego".
Parabéns, Adriano! Excelente texto! Continue assim, cara!
"(...) Cada vez mais nos esquecemos de que o que realmente importa é "amar-nos uns aos outros" esquecemo-nos do que é essencial para gritarmos nosso gosto pessoal, nossa vontade em quem pensa diferente de nós, nos achamos no direito de censurar os outros, atirando-lhe pedras só por eu não concordar com o que essa pessoa fala, faz, canta."
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