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A história de um leitor
Nos últimos oito anos,
consegui consolidar um hábito na minha vida: o hábito da leitura! O objetivo
desse texto é narrar um pouco da minha caminhada em busca do gosto por ler e
citar alguns dos principais motivadores que me levaram a manter esse hábito.
Para entender melhor o
desafio, vale a pena contar um pouco sobre mim. Ao longo da minha infância,
estudei em um conjunto de colégios que não propagavam esse hábito e o de
escrita entre os alunos. Lembro quão odiosas eram as aulas de português e que a
primeira vez que tive contato com uma redação foi na segunda série. Em um
cenário como esse, pensar que uma criança conseguiria desenvolver amizade com
os livros era, no mínimo, uma doce ilusão.
Passados alguns anos, por
incentivo da minha mãe, eu e minha irmã começamos a ganhar livros de presente
para estimular a leitura. Os primeiros livros que apareceram na nossa casa
foram os da saga de Harry Potter e do Senhor dos Anéis. Destes últimos eu
ganhei o Hobbit e daqueles minha irmã ganhou o primeiro livro que narrava a
história da Pedra Filosofal.
Apesar do meu ódio
precoce pelos livros, a leitura dessas duas sagas me fez mudar muito, várias
vezes troquei o bom e velho videogame para terminar um capítulo da história que
narrava os desafios enfrentados pela Comitiva de Thorin Escudo de Carvalho.
Entretanto, mudar muito não significa mudar por completo! Finalizados os livros
do Menino Bruxo e do Senhor dos Anéis, meus amigos de papel seriam excluídos da
minha vida...
Nesse momento peço ao
leitor que sempre foi fissurado pelo livro, que não me julgue! Sempre fui uma
pessoa de viés prático! Então, pensava que se fosse gastar tempo lendo algo
seria estudando os livros da escola, que já eram muitos, para então obter bons resultados no colégio e enfim me
dedicar ao que realmente me interessava no lazer: jogar videogame. Se antes
consegui trocar o Nitendo 64 pelo Hobbit, com a chegada do Playstation 1,
Playstation 2 e dos jogos de computador (CS, Warcraft e afins), não pretendia
ter um novo ato de heroicidade tão cedo.
Hoje, passados os anos,
consigo pensar no passado e notar um problema de fundo: eu não conseguia ver a
leitura como um momento de lazer. Continuei a vida com esse pensamento! Até que
no meu ensino médio sugiram novos horizontes que me fariam voltar atrás em
algumas decisões, ou pelo menos voltar parcialmente.
No meu segundo ano do EM,
estudava muito para entrar nas academias militares (EPCAR e ESPCEX) e as
rotinas de estudo duravam das 7h às 19h de segunda a sexta. O cansaço mental
com o passar dos meses era gigantesco. Em meio às várias aulas daquele período,
um professor de português me deu um conselho que levo até hoje: ele dizia que
tínhamos que criar o hábito de ter um livro de cabeceira e lê-lo antes de
dormir e que isso nos ajudaria a descansar a mente. “DESCANSAR A MENTE!”, com
esse benefício proposto para um aluno de ensino médio que já não aguentava de
tantos exercícios de matemática e física, era claro que voltaria aos meus
esquecidos amigos quadrados.
Meus hábitos foram se
firmando à medida que comecei a conviver com amigos que liam muito. Em 2006,
todas as reuniões em que eu participava do Grupo de Formação, me faziam ir para
casa com vontade de ler mais para poder conversar sobre tantos temas que meu
novo grupo de amigos gostava de conversar. Esse ano e os seguintes foram muito
bons nesse aspecto. Estudei muito! Li muito!
Em 2011, conheci um amigo
que me fez vislumbrar um novo horizonte. Ele me explicou várias coisas sobre
leitura, dentre elas haviam coisas que confirmavam o que já sabia – a leitura
como algo que faz você ter assuntos para conversar com os amigos e a leitura
como algo que te faz crescer intelectualmente – e coisas que eu não sabia – as
características humanas e profundas por trás de cada livro e a capacidade de
ler livros em um contexto e aprender deles coisas ainda mais profundas.
Se
hoje tenho gosto por ler, devo muito aos que me estimularam nessa jornada. Se
puder citar os três motivos pelos quais leio hoje seriam: 1 – Crescer em
Cultura; 2 – Ter assuntos interessantes com amigos; 3 – Aprender mais sobre as
pessoas.
E se hoje, sua realidade é de alguém que tem dificuldade de ler, deixo
três dicas para ajuda-lo: 1 – Peça dicas de bons livros para ler; 2 – Converse sobre
o que você está lendo; 3 – Tenha amigos que cultivam esse hábito.
“Sempre tive este dilema: o que devo ler? Buscava escolher aquilo que fosse mais essencial. A produção editorial é tão vasta! Nem todos os livros têm o mesmo valor e utilidade. É preciso saber escolher e pedir conselho a respeito do que merece ser lido. (...) Na leitura e no estudo, tentei unir sempre de maneira harmônica as questões de fé, de pensamento e de coração. Não são campos separados. Cada um deles se adentra e anima os outros.”
- São João Paulo II – Livro "Levantai-vos, vamos!"
Engenheiro de Produção / Oficina de Valores
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