Você sabe quem você é?
imagem de: www.wilsonporte.org
Quando se trabalha em uma empresa, pode-se verificar os mais diversos tipos de
comportamento. Certo dia, estava observando algumas funcionárias no seu local de trabalho e
percebi que a mudança de humor delas acontece com grande facilidade.
No mesmo dia, uma delas veio até a minha mesa pedir ajuda na resolução de um pequeno
problema que já fazia parte da função cabida a ela e conseguimos resolvê-lo juntos. Cerca de
uma hora e meia depois, volta ela aos escândalos, irritada, não sabendo o que fazer com o mesmo
problema, sendo que já tínhamos encontrado a resolução juntos.
Fiquei pensando sobre o fato de como todos nós somos um pouco assim, dependendo da
situação, criamos pessoas novas, sentimentos novos, comportamentos novos, somos facilmente
“manipulados”. Se as coisas não andam do jeito que esperamos, cresce um incômodo dentre de
nós. Embora não seja psicólogo, acredito que se as coisas permanecerem dessa maneira, isso
poderá se tornar, talvez, mais tarde uma depressão ou qualquer outra “doença do século XXI”.
Após minha breve reflexão, pesquisa e a leitura de alguns artigos sobre o assunto, dois
pontos me chamaram atenção, gostaria de apresentá-los agora. O primeiro seria a transição de
fase que acontece nas nossas vidas, do adolescente para o adulto. Nesse momento, nos
deparamos com várias questões com as quais não sabemos lidar, talvez por falta de experiência
ou maturidade, o resultado dessa confusão é que poderemos nos tornar homens/mulheres
influenciáveis. Se isso acontece, corremos o risco de virarmos marionetes nas mãos das pessoas
ao nosso redor e sem querer, começarmos a fazer o que os outros acham melhor, vivermos a vida
das outras pessoas, esquecermos a nossa e, por não termos opiniões formadas, decisões
fundamentadas, acabarmos por fazer o que todos fazem e não cultivarmos a sensibilidade de
ponderar se o que escolhemos fará bem para nós mesmos e as pessoas ao nosso redor.
Conversando um pouco com minha funcionária, tentando entender o porquê daquela situação, ela
me relatou que teve dificuldade nessa transição e que acredita que isso a levou a perda de
algumas de suas melhores características.
O segundo ponto que gostaria de trabalhar pode ser dividido em três: a falta de
capacidade para a resolução de problemas; dificuldade na organização dos sentimentos; e o mais
importante, falta de percepção daquilo que nos faz bem.
No meu caso, por exemplo, tenho o desejo de abraçar o mundo, acho que
posso resolver tudo, mas, no fim, acabo não resolvendo nada, desgastando-me
psicologicamente e me perdendo nas minhas ações. Penso que nossa natureza tenha a tendência de
buscar o mais fácil, com isso deixamos as coisas incompletas e misturamos
nossos sentimentos em diversas situações.
Indo direto ao ponto, não há sinceridade com o nosso “eu” e muitas vezes
fazemos escolhas que, a princípio, pensamos que nos farão bem, mas no fundo sabemos
que isso não é verdade, que fizemos o que o outro achava melhor e não o que era
realmente “o melhor” para nós.
Parece até ignorância isso, mas no fim das contas é preciso ser um pouco rude. Não que
precisemos deixar a opinião dos nossos amigos de lado, mas ninguém pode decidir no nosso
lugar. Como diz o ditado popular, às vezes é preciso “botar a cara à tapa”.
A funcionária que citei escolheu fazer um tratamento psicológico para tentar minimizar o
medo de tomar decisões, esse medo que ela apresentava de decidir qual seria a melhor opção
para determinado acontecimento sem depender de que terceiros tomem decisão por ela. Embora
outros pudessem aconselhá-la a esse caminho, só ela pôde fazer a escolha.
Por fim, creio que nossa sociedade hoje esteja ficando cada dia mais doente, não damos
importância ao que realmente precisamos, o mundo cada dia mais rápido faz com que nossas
ações e nossas respostas sejam mais rápidas, leva-nos a escolhas incoerentes com nossa essência.
Encerro o texto com uma reflexão que acredito ser necessária para todos nós: "milagres
só acontecem quando vamos à luta". Será que nossas lutas estão apontando na direção do milagre
de uma vida realizada, ou será que apontam na direção que o meio ao nosso redor pressiona?
Estamos realmente sendo nós mesmos ou ainda não nos conhecemos para ir à luta?
Guilherme Levandeira
Estudante de Engenharia de produção / Oficina de Valores
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