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#AvanteOficina

Quando o Alessandro me convidou pra escrever este texto minha cabeça deu um giro. Como revisora aqui do blog, como amiga do grupo Oficina de Valores e admiradora do trabalho deles, a primeira coisa que me veio a cabeça num crescendo enorme foi: será que o que eu tenho a falar cabe lá? E as comparações de quem tem anos de estrada e muito pra dizer sobre todos esses temas?

Foi aí que o Alessandro me deu meu tema: “as encruzilhadas de um neo convertido”, foi exatamente o que ele escreveu pra mim. Tranquilizei-me na hora. Sobre isso sei falar. Quero falar. Preciso falar. Sou graduada em letras e estou no mestrado em Estudos Literários. Meu pré-projeto de dissertação conta com um estudo acerca das razões por que escrevemos... e me vi em tal situação: escrever este texto, pra mim, é necessidade... vem, implacavelmente, do atravessamento que tenho experimentado, e conto a vocês.

Minha conversão (por mais que eu não goste muito dessa palavra) se deu de uma maneira muito gradativa e depois numa explosão. Minha amiga, membro da Oficina, Juliana Benevides, tendo sido muito próxima a mim desde o início da faculdade, me apresentou essa filosofia, essa religião, essa Igreja que é a verdade que sempre desejei sem saber. Demorou muito tempo para que eu deixasse meus preconceitos, minhas resistências, as ideias, contrárias ao catolicismo ou a qualquer tipo de religiosidade, que sempre ouvi de pessoas que respeito... demorou. E foi neste ano, quando meu noivo (parte imprescindível da minha libertação das limitações que me prendiam) e eu decidimos realmente ir ao retiro de carnaval para encontrar fosse lá o que estivesse faltando, que eu“fui ao céu”, como disse o Alessandro. Ele acertou.

Fui ao céu sim. Na minha estrada acadêmica, percebi que as palavras realmente não são fieis o suficiente para transmitir as potências de vida que nos atravessam, as verdadeiras potências, as experiências realmente grandes. Então apenas posso esperar que quem me lê entenda que minha experiência foi a mais marcante que já vivi. Não estou falando de sentimentalismos: me emocionei muito, mas o que efetivamente eu percebi, entendi, vivi e hoje tenho comigo me deram a coisa mais preciosa da minha vida: entendimento, vivência e intimidade com Deus.

Sim, a coisa mais preciosa, porque é dela que vêm todas as outras coisas. E me lembro muito bem do pessoal da Oficina repetindo muitas vezes: “a vida do católico é melhor, mas não é mais fácil” de várias maneiras, com várias palavras diferentes. Eu não achava que isso seria possível. E hoje, percebo que é não só possível, mas quase palavra de ordem pra quem deseja viver segundo tal filosofia.

Tudo começa com a volta pra casa. Os ambientes em que nem todo mundo é católico como o trabalho, a escola/ faculdade e, como é meu caso, em minha própria casa. No processo de conversão, as verdades da Igreja entraram em mim de maneira a me dar entendimento acerca de muitas questões e isso “contamina” (na melhor maneira possível) nossas opiniões sobre coisas que nem tem relação com religiosidade, já que a compreensão da vida, das relações, da espiritualidade perpassam o cotidiano. Isso faz, é claro, com que a gente mude. Acredito eu que pra melhor. Então qual seria o problema? Por que não haver um sentimento positivo das pessoas frente a sua mudança?

Na verdade é bem simples. É difícil pras pessoas em geral aceitarem uma conversão sem dar a esse processo um caráter “bitolado”, de resignação, ou ainda te considerarem menos inteligente, como se estar tranqüilo e feliz com uma doutrina, uma religião te fizesse menos pensante. E gente, isso massacra.

Minha família se auto-denomina espiritualista, com forte raízes no espiritismo e religiões afro-brasileiras. Estudo em uma universidade federal, num curso de humanas que lida com arte, história, filosofia. Tenho amigos de todos os tipos, fui dançarina de street dance por mais de seis anos, falo três línguas e estou aprendendo a quarta. Isso tudo parece pra maioria das pessoas um conjunto que forma um indivíduo incompatível com o cristianismo, com o catolicismo. Na universidade, então, nem se fala. Ser inteligente, pra esse tipo de preconceituoso, deve eliminar qualquer tipo de fé, de espiritualidade (a não ser o espiritismo, que é a única religião que ganha algum prestígio intelectual aqui em Juiz de Fora), de crença. Inteligente, para tais pessoas, é quem não tem a superstição da fé, quem não se coloca a serviço de uma divindade, quem tem uma sexualidade dita “livre”(observemos as aspas), uma conduta também “livre” (aspas de novo) a respeito de álcool, drogas & rock’n roll. Não me entendam errado, adoro rock, mas de certa maneira, o que senti depois de voltar pra universidade como católica foi um preconceito imenso, uma resistência por parte das pessoas de ainda me enxergarem com o respeito intelectual que antes me prestavam porque, “do nada”, eu encontrei a verdade. Uma amiga (uma das que não sofre dessa esquizofrenia preconceituosa) ficou muito feliz de me ver renovada com minha religião e me disse: “que bom que você encontrou algo que faça sentido pra você”. Minha resposta foi: “acho que não estaria tão feliz se fizesse sentido pra mim. Estou feliz porque tenho certeza que, se as pessoas buscassem, faria sentido pra todo mundo.” Porque a proposta é essa desde sempre, não é?

Como sabemos, recentemente, quando do julgamento do STF sobre a descriminalização do aborto de anencéfalos, as redes sociais pipocaram de opiniões. Sempre fui uma pessoa muito política, e claro que isso não mudou com minha conversão. Fui a campo (para surpresa de muitas, já que sempre fui a favor do aborto, até realmente entender o que ele significa; e isso pouco tem a ver com minha religião), defender minha posição, argumentar, conversar. Para o bem de todos, ainda há muita gente digna de respeito, que nos respeita nas argumentações e opiniões. Muitas vezes amigos entraram em discussão amigável comigo, mostramos argumentos e tudo mais. Uma pessoa, especificamente, foi mais incisiva e decidiu inferir uma loucura a partir de uma distorção bem tendenciosa do que eu falei. Várias pessoas concordam comigo ao dizer que foi uma distorção, apesar da própria pessoa não reconhecer isso e ter sido, inclusive, grosseira (e hoje não falar mais comigo, fazer o quê?). O que isso me mostrou? Pessoas não sabem entender os motivos de um religioso. Seus argumentos podem ser humanísticos, biológicos, do campo da ética, mas sendo religioso, nada disso tem validade, por que está impregnado de fé, de dogmas, de coisas que são verdadeiramente consideradas por muitos como negativas, não confiáveis e simplesmente indignas de serem ouvidas. (Os dias em que desejei ser ateu)

Seria possível escrever mil páginas de um tratado sobre isso. Agora, no meu cacoete revisor, percebo que ganharia um belo carimbo de “fuga do tema”, porque não sei se abordei o que me foi proposto. Meu desejo a respeito do que deve ficar desse texto pra quem o lê: é possível viver como católico na universidade. É possível ser intelectual e católico. O católico pode ser um cientista. Um pensador. Uma pessoa livre. E posso falar? Na maioria das vezes, o verdadeiro católico busca ser tudo isso, nas devidas proporções. A Igreja busca, acima de tudo, a verdade, não parecer certa. Então porque todas essas “encruzilhadas de uma neo convertida”? Honestamente, hoje percebo que as pessoas não nos ouvem porque não nos conhecem. Não nos querem conhecer de estarem de olhos e ouvidos adormecidos por uma mídia e uma “história” (aquela que é contada) manipuladas e manipuladoras. Um dia, eu também fui dominada por isso e tento, cada dia mais, ser livre. Ser católico, pra mim, tem tudo a ver com a liberdade verdadeira que eu posso ter.

Então é verdade que, sim, hoje “sofro” mais que antes. Mas é só porque hoje tenho propósitos que antes não tinha. E essa frase nem é minha...



Joyce Scoralick
Mestranda em Literatura - Oficina de Valores

12 comments:

Anderson Dideco disse...

Excelente, revisora! Deixou escapar um trema (eu sou terrível, desculpe, é inevitável), não concordo mt c tuas pontuações, mas é só uma questão de divergência de estilo: o texto está profundo sem ser chato, coloquial sem ser banal. Fácil de nos identificarmos. Parabéns. Abç.

Jonathan Almeida disse...

Joyce, gostei muito do texto. Esta muito bem escrito e é bem legar ver você compartilhar um pouco da sua história com a gente.. hehehe

Abraços

Alessandro Garcia disse...

Muito bom o texto! Li com gosto e me encheu te alegria. Aguardo ansioso o próximo!

Marina Maximiano disse...

Curti! Que bonito! Ouso opinar. Talvez uma coisa que dê um certo "alívio" pra essa angústia é entender que, por mais que tenhamos conhecido algo tão grande e lindo e queiramos que todos conheçam também, nem sempre as pessoas estão dispostas a isso ou no momento certo pra que isso aconteça. E a pior coisa que podemos fazer nessa hora é tentar impor sobre o outro uma verdade que é nossa e que no momento não é a do outro (coisa que já tentei muito até perceber que não é assim que funciona). Uma coisa que eu carrego em mente é que a "Verdade" não é a Igreja, não é o catolicismo, essa é "só" a minha verdade, porque "Verdade" mesmo é o próprio Deus, que se faz presente muito além das religiões e das verdades de cada um. Estaria eu dizendo que pra tirar essa angústia, essa sensação de "mundo perdido", o católico deveria "ficar na sua"? De modo algum! O católico deve, sim, mostrar a Verdade que conheceu, mas com a própria vida. É aí que você entende por que quando o padre diz "Glorifiquem o Senhor com vossas vidas" você sai da missa em paz, mas com uma grande e bonita responsabilidade.

Joyce disse...

agradeço profundamente e me alegro demais com cada um dos comentarios, acerca da escrita, do tema, de tudo. Obrigada a todos vcs que me leram com carinho e tiraram um tempo para me dar esse presente que é o feedback.
Marina, um abraço enorme especial pra vc que sempre linda escreve coisas tocantes...achei ótimo td q vc escreveu. ainda bem q está registrado como texto aqui!
abraço a TODOS!

May disse...

Achei linda a maneira como você abriu seu coração, Joy. As mudanças são perceptíveis... principalmente na sua auto-confiança e segurança.
Não acho que todo mundo precise ser necessariamente católico para ser melhor, mas encontrar uma Verdade é maravilhoso. Se ela te guiar para uma melhora, acho que está feito, fechou o contrato. E poder conversar sobre Deus, sobre a alma, sobre coisas divinas é muito bom - porque isso tem que ser obrigatoriamente negativo, ou indicativo de ignorância? Acho que ignorância é não ver a inteligência divina que está em todas as coisas. Inclusive em nós mesmos.
E, bem, a gente que não vive solto no mundo, que tá realmente com vontade de achar um caminho, acaba sofrendo um pouquinho. É um preço que se paga. Não acho que o preço chegue aos pés da paz de espírito por não ter uma existência vazia.

Um beijo da sua amiga não esquizofrênica :* hahaha Te amo muito, parabéns pela sua coragem e força. Te admiro demais!

[btw, super achei uns atravessamentos no seu texto que quase esperei que você fosse usar a palavra 'devir' em algum momento, hahaha <3]

Elias Jr Cescon disse...

Maravilhosidade Joyce!!! Deus te abençoe!!

Bernardino disse...

Joy, amiga, que texto lindo! Adorei como você contou sua história, ainda mais por ter visto toda esta mudança que ocorreu em você!

Joyce disse...

meus amigos, nem tenho palavras pra agradecer os comentarios, a leitura...
Mayara: amiga, muito obrigada por td!! quase usei devir... ele me atravessa!! rsrsrsrsrs
Elias: maravilhosidade total!!!!!
Berna: o mais importante é isso q vc falou: se as mudanças estão acontecendo, quer dizer que to no caminho certo...
beijo a tds

RW - Roberto Wagner L. Nogueira disse...

Parabéns, INTEIRA!

Rodrigo Moco disse...

Espetacular, Joyce!

Paulo Vitor disse...

Vlw Joice, texto sensacional, sem essas bobeiras de ficar falando de pequenos detalhes, trema etc etc...enfim, estamos aqui pra falar de profundidade né, não da falta de um paragrafo ou coisa assim.

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