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Já escrevi alguns textos aqui para o Blog, mas talvez muitos leitores não me conheçam; por isso, e também por julgar importante para o tema que vou trabalhar, farei uma breve apresentação: Me chamo Rodrigo Moco, tenho 22 anos, sou estudante de Psicologia na Universidade Católica de Petrópolis e realizo alguns trabalhos pastorais na Igreja Católica, sendo a Oficina de Valores o grupo onde estou mais engajado atualmente. Sempre morei na cidade de Petrópolis, e assim como qualquer outra pessoa desde criança fui me
acostumando a algumas práticas, adquirindo alguns gostos e preferências que vieram posteriormente a se tornar hábitos.

Uma das definições que o dicionário oferece para hábito é: “Comportamento que determinada pessoa aprende e repete frequentemente, sem pensar como deve executá-lo.” Todos nós, ao longo da vida, aprendemos e adquirimos comportamentos; Este processo ocorre, até certo, ponto de maneira “automática”. Alguns hábitos são bem comuns como almoçar e jantar assistindo TV, tirar uma soneca depois do almoço, ir à academia; outros são mais específicos, menos partilhados. Considero importante tocar nesse assunto porque os nossos hábitos dizem muito sobre quem somos, afinal de contas a nossa conduta está diretamente atrelada a eles.

Antes de prosseguirmos no raciocínio cabe dizer que os hábitos podem ser bons ou ruins. São bons hábitos que podemos ter: a leitura, prática de atividades físicas, bons meios de divertimento, apreço por teatro, cinema, etc. Já fumar, se alimentar mal e fora de hora, representam alguns maus hábitos. Como todas as pessoas, durante a vida, desenvolvi bons e maus costumes desde cedo, com os quais em sua maioria convivo até hoje.

Estudei em escolas públicas desde pequeno e, como relatei no texto Bola na trave não altera o placar, sempre nutri o sonho de ser jogador de futebol. Não me preocupava, portanto em estudar; o que desejava era concluir o Ensino Médio a qualquer custo só pela segurança do diploma e tentar a sorte na carreira esportiva. Como expliquei no outro texto, o sonho não se realizou e minha vida tomou outros rumos. Embora outras portas tenham sido abertas pra mim, eu não pude simplesmente deixar para trás algumas coisas que faziam parte do que eu sempre fui.

Os objetivos mudaram, porém os hábitos permaneceram os mesmos. Eu nunca havia estudado por mais de uma hora para fazer uma prova sequer, jamais havia lido livros científicos, minha base inclusive nas matérias curriculares da escola era mínima - em algumas eu nem professor tive e em outras era como se não tivesse tido. Isso na faculdade pesou e pesa até hoje para mim, e como pesa! Várias e várias vezes diante da necessidade iminente de estudar para uma determinada prova, ou mesmo concluir um trabalho, eu me sentia tentado a achar tudo mais interessante do que os livros. Até mesmo olhar para a parede do meu quarto era mais atraente do que prosseguir nas leituras. Outras vezes eu me encontrava em uma semana super corrida, precisando resolver inúmeras coisas e perdia preciosas horas do meu dia dormindo ou vendo programas esportivos.

Podem soar estranhas, ou mesmo desinteressantes, essas informações sobre a minha vida, mas as considero importantes para mostrar o quanto me fez falta não ter adquirido o hábito de estudar. Hoje, por mais que eu não queira, encontro dificuldades imensas em dar pequenos passos.

Partilho neste texto dificuldades acerca de um hábito que gostaria de ter e não tenho. Há também o caso oposto, que é o de cultivarmos hábitos que não queremos mais. A esmagadora maioria dos fumantes que conheço diz que não gostaria de fumar, e inclusive ratificam que não desejam isso para ninguém. Ora, mas se sabem que é ruim, por que fumam tanto? Porque um mau hábito constitui um vício e os vícios aprisionam. Vejam que interessante isso: quando cultivamos maus hábitos nos tornamos escravos do que fazemos. E isso se torna claro para nós, quando precisamos fazer algo e não conseguimos, ou mesmo quando queremos deixar de fazer aquilo que nos incomoda e não achamos a porta de saída.

O termo vício se tornou pejorativo, porque em linhas gerais refere-se ao tabagismo, alcoolismo e outras drogas. De fato estes são casos de vícios, mas existem situações muito menos evidentes e até mesmo menos graves, em outras áreas da nossa vida, que nos aprisionam. Uma definição simples de vício que é a repetição de maus hábitos, sejam eles de que ordem for.

No dizer do famoso psiquiatra do século passado Carl Jung: "Toda forma de vício é ruim, não importa que seja droga, álcool ou idealismo”. A liberdade é um direito que não pode ser violado em nenhuma instância, portanto, nada que me priva de tal faculdade pode ser bom para mim. Sendo assim, é necessário identificarmos quais são os nossos hábitos que precisam ser modificados para que consigamos exercer melhor esse nosso tão valioso direito.

O que se contrapõe aos maus hábitos, são obviamente os bons hábitos. A estes chamamos virtudes e estas podem ser compreendidas como uma educação para a prática do bem. Não é fácil substituir os vícios por virtudes, mas é necessário. Uma das maiores dificuldades que enfrentamos decorre do fato de termos insucessos nas tentativas. Eu por várias vezes na busca por adquirir o hábito de estudar montei horários de estudo, busquei métodos alternativos e por mais que tenha tido algum avanço, acabei fracassando logo em seguida. A frustração por não ter alcançado o objetivo acaba por se traduzir em uma falta de estímulo para continuar tentando, pois a desconfiança de si paralisa.

Na mesma proporção que o vício aprisiona, a virtude liberta! Vale ressaltar que a liberdade não se reduz a escolher o que queremos (este é um dos aspectos dela). A liberdade é na verdade a capacidade de fazermos a melhor escolha diante das alternativas possíveis. Quando eu opto por navegar na internet ao invés de estudar, estou usando a minha capacidade de escolher o que quero, mas não estou sendo totalmente livre. Deixando de estudar, não consigo usufruir bem das ferramentas que a internet oferece; além disso, falta liberdade ao mesmo tempo porque no fundo, em tais situações, eu sei que não deveria estar acumulando mais coisas para estudar, afinal, fazendo isso ficarei preso a esse impasse durante mais tempo.

Por outra, forçar-nos a fazer algo que não temos vontade por saber que será melhor é um ato de liberdade! Me recordo das vezes em que, mesmo sendo a última coisa que eu queria no mundo, sentei durante algumas horas para estudar e os resultados foram formidáveis.

Ser virtuoso é uma escolha e não podemos permitir que nossos insucessos anteriores determinem os rumos de nossas vidas; podemos ser melhores do que já fomos e essa certeza é que deve nos mover a fazer escolhas mais conscientes. Se os hábitos são comportamentos que repetimos sem pensar no que fazemos, talvez o que nos falte é começarmos a pensar um pouco mais nas consequências. Nestas horas, boas estratégias e autoconhecimento são indispensáveis.

Por vezes, o que parece um pequeno passo é, na verdade, um enorme avanço. Além disso, não devemos esquecer que o otimismo e perseverança são virtudes que vem confirmar aquilo que o Lewis já havia dito: “Pensávamos que havia caminhos já prontos, mas o nosso ir faz o caminho.” O próprio desejo de ser melhor já é uma virtude, enquanto que o comodismo é um vício. E aí, qual é a sua escolha?

Rodrigo Moco
Estudante de Psicologia - UCP - Oficina de Valores

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