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Por: Alessandro Garcia
Aproxima-se o Natal. As árvores já estão enfeitadas, as pessoas preocupadas com presentes, a ceia de Natal ocupa o pensamento de muitas donas de casa; os shoppings exibem uma decoração específica e uma figura vestida de vermelho com longas barbas brancas começa a dar as caras nos mais diversos lugares. É comum também, nesta época do ano, ouvir muita gente comentando que o Natal perdeu o sentido e que se tornou meramente um momento de consumo e comilança.

Embora tais críticas sejam verdadeiras e o esvaziamento do significado do Natal esteja ocorrendo, os símbolos e o espírito desta celebração parecem realizar uma resistência oculta à onda de desencantamento. Isso salta aos meus olhos quando realizo uma comparação da celebração natalina com a chegada do Ano Novo. No Natal sinto uma obrigação moral de estar ao lado dos meus pais, no Ano Novo acaba interessando mais a festa com os amigos. Há algo no Natal que parece remeter ao lar. Isso ficou claro quando anos atrás passei um Natal com a família de minha esposa em Cabo Frio, cidade praiana do Rio de Janeiro. Chegamos lá no dia 19 de dezembro e foi interessante perceber que a cidade ficou vazia até o dia 26.

Esta questão do sentido do Natal será o tema de uma trilogia esta semana. E este primeiro texto versará sobre o personagem que se tornou praticamente símbolo do Natal nos últimos tempos: Papai Noel. Imagino que o leitor possa estar esperando um texto crítico a este senhor de barba branca que após uma grande campanha de marketing acabou por tirar a atenção do aniversariante. Não encontrará isso hoje, se voltar amanhã talvez fique mais satisfeito. Hoje quero esboçar umas palavras em elogio ao bom velhinho e às valiosas lições que ele nos traz. As lendas contêm preciosas verdades que permanecem lá, mesmo quando uma grossa camada de materialismo consumista as encobre.

O que as lendas nos dizem sobre Papai Noel?

Ele é um senhor que vive no pólo Norte, e que é ajudado por elfos a construir brinquedos que serão entregues na noite de Natal para crianças que se comportaram bem durante o ano. Nesta noite mágica o bom velhinho viaja o mundo todo em um trenó puxado por renas voadoras. Papai Noel entra nas casas através das chaminés e deixa os presentes sem ser visto. Até hoje não se conhece o método através do qual penetra nas residências que não possuem lareiras ou fogões à lenha, mas ele deve ter lá suas estratégias.

Das atitudes do Papai Noel muitos valiosos ensinamentos podem ser tirados. O primeiro e mais óbvio é que dar presentes gera grande felicidade. Imaginem alguém passar todos os dias de sua vida trabalhando para fazer presentes para pessoas com as quais nem convive? Acredito que nosso querido Santa Claus descobriu o velho segredo de que há mais alegria em dar que receber. Não é a toa que a gargalhada do velho Noel é tão famosa. O grande “HO, HO, HO” é fruto da entrega e não do egoísmo.

Embora seja mobilizada para incentivar o consumismo, a lenda de Papai Noel no diz claramente: dar presentes realiza. A tristeza contemporânea é fruto de que os presentes são mais esperados que ofertados.

A segunda grande lição de Papai Noel oferece é que há sempre tempo para fazer o bem. A volta ao mundo em um dia não é feita por qualquer motivo; acontece para que as crianças recebam seus presentes. Talvez alguns leitores possam julgar a ideia do tempo multiplicado uma mera fantasia, só possível em estórias da carochinha. Para tais pessoas digo que, embora não saiba quem é a tal Carochinha, sei que suas histórias contém grande sabedoria. Para comprovar que o tempo se multiplica para quem vive para os outros, basta conviver com alguém que assim vive. Não é preciso nem ir muito longe para encontrar esse alguém, basta lembrar da própria mãe e de seus mil afazeres.

O terceiro, e talvez, maior dos ensinamentos do bom velinho é que o pagamento da moral é a brincadeira, ou, em outras palavras, o bem é a condição da diversão. Talvez muitas pessoas hoje discordem do Papai Noel por dar presentes apenas para crianças que se comportaram bem durante o ano. “Velho hipócrita e moralista,” devem dizer. Ou então: “Este velho quer tornar nossas crianças interesseiras”. Acredito que quem pense assim não vá ganhar presentes de Papai Noel neste Natal, ou pelo menos assim deveria ser.

O maior presente que Papai Noel dá as crianças não é o brinquedo, mas o bom comportamento. Ouso dizer que alguém verdadeiramente bom se divertiu por demais o ano inteiro e que o presente recebido no dia 25 de dezembro foi, no máximo, o símbolo do divertimento acumulado e o sinal de que muito ainda está por vir. Em um mundo onde é comum as pessoas acreditarem que o mal é mais prazeroso e que o bem é chato, o velho Noel tem muito a dizer.

Papai Noel não é inimigo do sentido do Natal, muito pelo contrário. O rechonchudo vovô parece tentar apenas prestar um grande serviço. O problema é que o coitado por vezes é manipulado. Os mitos e as lendas não são inimigos da fé – apenas prefigurações, às vezes mais claras, outras vezes mais confusas.

Uma pergunta que crianças mais argutas educadas em nossa cultura materialista talvez comecem a fazer é a seguinte: Por que Papai Noel dá presentes logo no Natal? Outras datas talvez fossem mais propícias. Se os presentes fossem entregues no aniversário de cada criança, o trabalho seria dividido durante o ano e não seria acumulado para apenas uma noite. . Um pai, ao ouvir tal questão, se quiser ser coerente e ponderar por alguns segundos, talvez só possa dar uma resposta: Desconfio que o velho seja cristão.

Alessandro Garcia
Doutorando em Sociologia - Fundador da Oficina de Valores

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