Em relação aos santos, muitos pensam em alguma imagem de gesso de colocadas em igrejas ou na pessoa de uma Madre Teresa de Calcutá, que mudou o mundo de maneira positiva em uma grande escala. Mas a verdade que é que ser santo é buscar seguir os ensinamentos de Cristo em todos os momentos da sua vida, ou ainda, buscar uma íntima amizade com Jesus. Infelizmente alguns acham que isso é impossível nos tempos atuais,
que não se tem um exemplo próximo a seguir. É verdade que a luta para ter uma vida santa não é nada fácil, os confessionários podem provar bem isso. Mas temos o grande exemplo de uma garota que com sua vida extraordinariamente comum, é reconhecida como Beata pela Igreja Católica.
que não se tem um exemplo próximo a seguir. É verdade que a luta para ter uma vida santa não é nada fácil, os confessionários podem provar bem isso. Mas temos o grande exemplo de uma garota que com sua vida extraordinariamente comum, é reconhecida como Beata pela Igreja Católica.
Seu nome é Chiara Luce, ela nasceu em Sasselo na Itália em 1979 e morreu em 1990 com dezoito anos (22 dias antes de completar 19 anos). Muitos conhecem a história do fim da sua vida, o como ela lutou contra um dos piores cânceres, o osteossarcoma (tumor ósseo). De fato, a serenidade com a qual Chiara enfrentou o câncer desde os 17 é digna de verdadeiros santos, afinal somente quem possui uma íntima amizade com Deus pode aceitar de maneira tranquila o reencontro com Ele. Para os que não conhecem essa parte da sua vida, deixo apenas suas últimas palavras, dirigidas à sua mãe no momento antes de sua morte: “Tchau mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz!”
Também vale recordar um pequeno relato de seu pai. Ele conta que um dia no hospital pensou que Chiara forçava uma felicidade para tentar proteger seus pais da dor, então ele decidiu expiar pela fechadura – para sua surpresa viu sua filha sorrindo e feliz da mesma maneira que sempre estava.
Alguns podem se perguntar o que Chiara tinha de tão diferente para conseguir tal serenidade, mas na verdade sua vida era bem comum. Seu pai era caminhoneiro e sua mãe dona de casa, seus pais eram exigentes com na educação da jovem, e isso com certeza contribuiu para a santificação dela. Sua mãe conta que quando Chiara tinha uns 6 anos, ela havia pedido para que a filha separasse alguns brinquedos para dar de presente aos mais pobres. Em um primeiro momento Chiara, como toda criança, não quis se desfazer de seus brinquedos. Mas alguns momentos depois sua mãe viu que ela estava separando os brinquedos entre novos e velhos e então disse algo como “O que foi mãe? Não se pode dar coisas velhas de presente”.
À medida que Chiara foi crescendo, ela seguia um caminho a santidade de maneira natural. Aos 9 anos, ela ingressou no grupo Geração Jovem (GEN) do Movimento dos Focolares. Em tal movimento Chiara aprofundou muito sua fé. Lá, ela aprendeu algo que foi fundamental para seus últimos anos de vida: oferecer as dores a Jesus abandonado. Chiara também aprendeu a fazer mais gestos de caridade.
A jovem Chiara era muito ativa em relação a criar eventos para arrecadar fundo para o GEN e para quem precisasse de ajuda – ela não media esforços em organizar shows amadores, teatros e tudo mais, um dia chegou até a se vestir de palhaço. Da mesma forma, Chiara aprendeu a não se prender nas coisas materiais, um decidiu doar seu relógio favorito justamente por achar que estava muito apegada a ele.
Como é possível perceber, as atitudes acima não são atos extraordinários. Conheço muitas pessoas que fazem gestos parecidos – talvez até você mesmo faça. Mas todos sabem como pequenos sacrifícios repetidos se tornam cansativos e às vezes difíceis.
A vida de Chiara era como a de muitos jovens, ela era conhecida por ter bons amigos, gostar de conversar, gostava de viajar e praticava esporte. De fato, as suspeitas do câncer começaram após dores nas costas durante uma partida de tênis. E, assim como muitos jovens, ela também tinha seus momentos desagradáveis e suas dificuldades. Essa Beata, por mais que possa parecer estranho, também teve uma desilusão amorosa e teve dificuldades ao ingressar no ensino médio. Logo no primeiro ano, quando saiu de casa para cursar o ensino médio em uma cidade maior, Chiara teve dificuldades com uma professora e no final do ano acabou sendo reprovada e teve que repetir o ano. Muitos de seus amigos dizem que a professora foi injusta com Chiara, mas a verdade é que Chiara nunca falou mal da professora e sempre assumiu culpa e depois voltou para escola. Essa é uma grande característica dos santos, saber assumir suas próprias falhas e se esforçar para consertá-las.
Uma ultima característica que chamo a atenção em Chiara, é a forma com a qual ela conseguia dialogar com todos. Até mesmo os ateus e agnósticos que conviveram com ela, lembram-se da maneira respeitosa e amigável com a qual ela os tratava. Muitos dizem que sentiam algo diferente na presença dela.
Não vou escrever mais sobre essa garota que conseguiu ser santa com menos idade que eu, pessoa que eu tenho como modelo. Se você deseja conhecer mais sobre a história de Chiara, sugiro ler o livro “25 minutos” escrito por Franz Coriasco, um jornalista agnóstico que conviveu com Chiara por ser irmão da sua melhor amiga.
Hoje, 29 de outubro, é o aniversário natalício de Chiara e sua festa litúrgica na Igreja, na próxima sexta (1° de novembro) é a festa de Todos os Santos. Diante dessas celebrações, faço o convite para uma reflexão nos pontos que você precisa melhorar para ser santo no dia-dia. Talvez você possa achar tal fato impossível, apenas lembro que “Não existe santo sem passado, nem pecador sem futuro”¹. Caso você não seja católico, faço o mesmo convite com outras palavras: reflita sobre os pontos em você precisa melhorar para melhorar o mundo no dia-dia.
Em mundo com tantos problemas quanto o nosso, as palavras do Beato João Paulo II (cuja festa foi a uma semana atrás) se tornam bastante atuais: “O mundo precisa de santos”.
Bernardo da Costa
Estudante de Engenharia do Petróleo - PUC / Oficina de Valores
¹Frase encontrada por Dom François van Thuan, um bispo vietnamita, em sua cela enquanto estava preso pelo regime comunista.
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