Por: Jonathan
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Uma cena comum quando um brasileiro se depara com um amigo estrangeiro e quer explicar como nosso idioma é complexo é falar da palavra “saudade”. Você sabia que o português é um dos poucos idiomas que tem esse sentimento de falta, de perda, de distância e de ausência traduzido em palavra? O objetivo do texto não é descrever a origem da palavra (vem do latim), nem citar como esse sentimento é descrito em outros idiomas. Meu desejo é refletir um pouco sobre esse sentimento que nos faz tão humanos e nos aproxima por nos mostrar que não vivemos sós.
Creio que o primeiro âmbito sobre o qual poderemos refletir é sobre os que nos deixaram e foram para a eternidade. Me refiro aos nossos entes queridos falecidos. Quanta falta nos fazem suas palavras, suas características, que no momento em que os perdemos percebemos que nunca mais teríamos, seu jeito de lidar com os problemas e seu jeito de sorrir. Essa é uma situação onde o sentimento de saudade tem seu sentido completamente manifestado. Sabemos que essas pessoas estão em um lugar melhor, olhando por nós e nós rezamos por elas pedindo que Deus as permita contemplar sua face o quanto antes, mas não conseguimos não pensar em quanta falta nos faz aquela companhia.
Nesse âmbito, lembro a todos que a Igreja, como Mãe, nos convida a rezarmos sempre por nossos parentes falecidos. Como ponto prático de manifestação desse amor, podemos oferecer uma missa ao longo da semana por essas pessoas, um terço, uma ave-maria, algo que mostre o quanto nos importamos e o quanto queremos sua felicidade.
Outro âmbito que sempre lembramos é com relação aos nossos amigos. Essa semana completei 8 anos desde meu primeiro contato com Deus e quanta saudade tenho dos amigos que fiz naqueles dias e de tantos que me acompanharam ao longo desses 8 anos. Infelizmente, a distância fez com que perdêssemos o contato que mantínhamos. Lembro quando essa distância começou a se manifestar e ainda que a vida seja corrida, sempre notamos quando um contato tão importante quanto esse começa a ficar menos frequente. A distância começou quando vim estudar no Rio de Janeiro. Sou de Petrópolis e para focar nos estudos tive que ficar na Cidade Maravilhosa ao longo da semana, voltando somente no final de semana.
Ainda que a distância física não fosse tão grande, a oportunidade de vê-los todos os dias, de encontrá-los para conversar foi diminuindo. Outros amigos apareceram, mas a saudade dos antigos amigos se mantém. Aprendi também nesse tempo que podemos nos esforçar mais para diminuir essa saudade, que bons sentimentos nos guiam a boas ações. De nada vale sentir saudade e não se esforçar por tentar estar perto da pessoa, por dar um telefonema, por enviar uma mensagem. Tem uma frase de S. Josemaria Escrivá que sempre me leva a refletir: “Obras é que são amores e não boas palavras”. Quais tem sido suas boas obras nesse campo?
Por fim, seguindo nessa linha de que obras é que são amores, penso em um terceiro âmbito da saudade: a saudade de Deus. Nessa parte, a ambiguidade nos ajuda a entender o que quero dizer.
Num primeiro sentido, podemos pensar na saudade Daquele que nos espera a cada momento para saber do nosso dia, para partilhar nossas tristezas, para sorrir conosco nas nossas alegrias. Daquele que nos espera em cada sacrário e muitas vezes O deixamos sozinho e não nos esforçamos por diminuir essa saudade. Mas também podemos pensar na saudade que sentimos Dele. Muitas vezes andamos como se ninguém nos ouvisse, sentimos falta de um amigo que possa nos escutar em todos os momentos que nunca nos decepcione. E não paramos para perceber que o melhor que poderíamos fazer para nós mesmos seria procurar diminuir essa nossa saudade.
"No último mês, novembro, lembramos mais intensamente das pessoas que passaram e sentimos saudade. O que temos feito para que isso tudo não seja só sentimento? Que tenhamos uma vida cheia de obras para provar nosso verdadeiro amor."
Jonathan Penha de Almeida
Engenheiro de produção / Oficina de Valores
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