Santidade, eita palavra
que assusta, e/ou me remete a algo velho, e/ou me lembra de pessoas velhas,
e/ou me faz pensar em esculturas dentro de Igrejas e senhoras rezando o terço.
SAI ESTERIÓTIPO de mim! Mas infelizmente ainda sou um pouco assim.
Meus velhos pensamentos
ganharam novas inspirações quando comecei a ler um livro chamado “Diário da
Alma” que vem a ser uma espécie de diário espiritual do hoje proclamado São
João XXIII.
Humildemente, tenho que
confessar que não conhecia praticamente nada da história desse homem, quase
nada mesmo. Quando o livro chegou em minhas mãos, ainda tive a “decência” de
olhar no Google uma informação qualquer dele. Mas foi conhecendo o santo nos
seus descritos diários e íntimos que eu fui me identificando, e muito, com ele.
Logo nas primeiras
páginas, eu me deparei com as anotações, os propósitos de um menino, recém-chegado
no seminário e com a lista de afazeres lotada de propósitos lindos de se ver.
Logo nas primeiras páginas pensei: “Se esse menino conseguiu ser santo porque
aos 14 anos já tinha e cumpria propostos desse nível, eu estou perdida!”.
Com o passar do tempo e
o ganho de maturidade, as meditações de São João XXIII, tão simples, tão
“normais”, tão cotidianas e o mais importante, os propósitos de melhora dele
tão repetitivos e insistentes, me levaram a me alegrar com a sua canonização como
a de um velho amigo.
Me sinto íntima e
próxima de alguém que toda noite se lamentava de ter sido disperso no terço
pela centésima vez no mês e ainda sim prometia ser melhor no dia seguinte. Sabe aquela história de
que um santo não é aquele que nunca erra, mas sim aquele que nunca cansa de se
levantar? É isso. Sem firulas, sem poréns.
Que dia feliz para a
Igreja, que dia feliz pra nós que hoje podemos contar com mais um intercessor.
A outra alegria nomeada
dessa semana, nosso tão amado São João Paulo II, certa vez clamou: “Precisamos de Santos que bebam Coca-Cola e comam hot dog, que usem
jeans, que sejam internautas, que escutem discman.” E hoje eu me alegro
juntamente com outros milhões de católicos pelo mundo a fora que celebram a
alegria de terem dois amigos no céu.
Provavelmente, São João XXIII não escutou um
discman ou foi um internauta, (ele nasceu em 1881!), mas inserido no seu tempo
foi um jovem como qualquer outro, cheio de sono quando quis fazer sua oração, brincalhão
com seus amigos e às vezes até um pouco linguarudo (como ele mesmo se
lamentava), contudo, um jovem santo que nunca desistiu de ser melhor. Para mim,
ele é uma companhia consoladora nas noites em que consigo conversar com ele
antes de dormir, um exemplo, um amigo que às vezes me faz rir, e muitas, mas
muitas vezes me faz querer ser melhor por conta das suas atitudes.
Intimamente, ele está sendo aquele que me dá forças
quando através de sua vida me conta que não é difícil só pra mim e que por
isso, eu tenho condições de alcançá-lo.
“Devo
convencer-me, para sempre, desta grande verdade: Jesus não quer de mim,
seminarista Ângelo Roncalli, somente uma virtude medíocre, mas a máxima
virtude; não estarás contente comigo enquanto não for, ou pelo menos não me
esforçar, com todas as minhas forças, por ser santo. Tantas são, e tão grandes,
as graças que me deu com esse fim” – máximas extraídas das meditações dos Exercícios
Espirituais, p.78.
São João XXIII, rogai por nós!
Juliana
Benevides Dornas
Professora
de Inglês
Referência: JOÃO XXIII, Diário da Alma. 2°ed. São Paulo: Ed.
Paulus, 2013.
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