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#AvanteOficina

Por: Bruno



Prosseguindo nesta nossa Semana Nacional Antidrogas, não se pode deixar de abordar a temática que envolve o uso de substâncias entorpecentes na adolescência, já que, via de regra, esta é a porta de entrada deste mal que atinge 10% da população infanto-juvenil, segundo dados do IBGE divulgados em 2013.

A adolescência é, por natureza, a fase das mudanças. O corpo muda, a voz muda, os pensamentos mudam e a personalidade começa a ser construída. Envolto neste emaranhando de novidades, o adolescente é impelido a buscar a satisfação de suas curiosidades, auto afirmar suas posturas e tornar-se o senhor de suas próprias decisões. É neste período da vida que se aplica categoricamente o discurso de alguns pais: “Se negar é pior. Tem que deixar fazer”.

Longe de mim querer afirmar que este é o período de trevas da vida, ao contrário, compreendo que é nesta fase que fazemos nossas escolhas mais concretas. Neste período da vida descobre-se, via de regra, a vocação profissional a qual cada um é chamado, constrói-se um estilo de como se vestir, as músicas que se gosta de escutar, os lugares os quais se sente bem, e por ai em diante...

Outo aspecto altamente relevante diz respeito à formação dos primeiros laços afetivos. Rompendo a infância e rumando à adolescência, o indivíduo começa a construir seus primeiros vínculos concretos de amizade, que possivelmente o acompanharão por muitos e muitos anos. Nesta fase da vida, verifica-se, de forma acentuada, a necessidade que o adolescente traz de que alguém seja para ele um exemplo.

Você pode estar dizendo: “Mas até agora já temos quatro parágrafos e nenhuma solução mágica para que os adolescentes parem de buscar as drogas!”, ou ainda: “Qual é o porquê dos índices crescerem ano após ano, quando se fala no uso de substância entorpecentes por parte de nossas crianças e adolescentes?”.

Sou graduado em Direito e, por conta disso, desde já peço desculpa por eventual falha nesta breve análise sociológica inicial. Há três anos sou Assessor Jurídico no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, lotado, exclusivamente, em Promotorias da Infância e da Juventude, tendo sido me dada a oportunidade de acompanhar de perto este universo que rodeia o nosso tema.

Desta forma, defini três vertentes para trabalharmos a questão: 1) Aspectos Internos; 2) Aspectos externos; e 3) Proposta para uma atuação integrada.

O ser humano, e em especial o adolescente, traz consigo a necessidade de se sentir diferenciado em suas atitudes. Suas posturas têm que ser alçadas a um patamar destacado sobre as demais, fazendo, assim, com que ele seja visto como bom em alguma coisa. Do contrário, surge uma redoma onde ele pode se esconder e, comumente, desejar que o mundo à sua volta fosse adaptado às suas limitações, recém descobertas.

Para o rapaz que não é tão belo ou não está em sua melhor forma física, todas as meninas poderiam achar os homens “lindos por dentro”, ao invés de cobiçar o colega do lado, que têm uma beleza diferenciada e um físico privilegiado. Já para a menina que presencia seu pai agredindo sua mãe todos os dias, poderia haver um lugar onde os pais se amassem por completo e não houvessem brigas. O aluno que não tira boas notas deseja que o professor avaliasse a sua postura irreverente e a sua capacidade de se projetar sobre os demais, dando-lhe, por conta disso, um lindo dez. Há, ainda, aquele que deseja fielmente que o mundo se limite à zona do seu quarto escuro.

Nesta perspectiva, me arrisco a dizer que os aspectos internos, que são também as frustrações experimentadas pelo adolescente, revelam-se um campo altamente atrativo para aquela que se apresenta como a solução mágica de todos os problemas: as drogas.

De igual forma, os aspectos externos revelam-se como fatores preponderantes na dependência química infanto-juvenil. Tal como dito, o adolescente é vulnerável às influências, positivas e negativas. Nesta última realidade, o contato com um menor que já é dependente químico pode ser determinante para o primeiro contato com as drogas, já que o usuário se apresenta sempre como o “descolado”, o “pegador”, o “desinibido”, o “feliz”, e tantas outras fantasias.

Assim, nota-se que a construção de uma proposta para atuação integrada passa exclusivamente pelo AMOR. Por trás do uso e até do tráfico de drogas sempre encontro uma pessoa sedenta de atenção e desejando ser amada em sua totalidade. Revela-se uma falta de amor e um desprezo de si mesmo tão grandes, que a droga parece ser o único companheiro que nunca desapontará.

Nosso papel enquanto pais, mães, irmãos, parentes, amigos e professores de um adolescente, exige uma postura proativa, a partir da qual haverá sempre alguém disposto a ir ao encontro de tantos questionamentos, indecisões, frustrações... Trabalhos tal como as palestras nas escolas ministradas pela Oficina de Valores, sobre o sentido da vida, constituem, sem sombra de dúvidas, um meio altamente eficaz da manifestação deste AMOR, no qual a droga tenta, sem êxito, se transfigurar.

Com efeito, cabe a cada um de nós lutar para que esse amor seja propagado, romper o conceito da generalidade e ir ao encontro do adolescente, este indivíduo em constante formação e que tantas vezes, por se enxergar à margem da sociedade e da própria família, optam por um caminho de felicidade enganadora. Não nos esqueçamos de que o AMOR se revela num simples escutar, mostrar ao outro o quanto ele é importante, valorizar seus acertos e corrigir os erros.

De tal modo, não podemos perder a visão de que o verdadeiro AMOR está na pessoa de Cristo, fonte, sentido e manifestação maior deste nobre sentimento que o homem pode ter por seu semelhante. Não nos cansemos de apresentar aos nossos adolescentes, nos mais variados ambientes, a proposta de uma vida de PLENA FELICIDADE, a qual Jesus nos prepara.

Concluo com uma frase que gostaria de dizer olhando nos olhos de cada adolescente que esteja desejando se lançar no mundo das drogas e que não acredite que uma vida de entrega total a Jesus Cristo é, sem sombra de dúvidas, o melhor caminho para uma vida autêntica: “Queridos jovens: não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, Ele dá tudo.” (Papa Bento XVI)

   
Bruno Molina de Souza
Graduado em Direito/Assessor Jurídico do Ministério Público / Oficina de Valores

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