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Por: Rodrigo

Ao contrário da maioria dos meus amigos eu gosto da narração do Galvão Bueno, apesar de achar a equipe e a cobertura jornalística da ESPN muito melhores do que as da Globo (e acompanhar praticamente a Copa inteira por lá). Sempre que posso assisto aos jogos da seleção brasileira com a narração marcante do Bueno. Admito, porém, que quando se arrisca como comentarista, o nosso amigo não tem o mesmo êxito que possui como narrador. Umas das muitas críticas que o Galvão (e a Globo) recebe é a do chamado “Pachequismo”: a ideia da “pátria de chuteiras” ou de que nós “somos a seleção”, da qual eu discordo de maneira veemente. Gosto muito de futebol, torço pela seleção brasileira, me empolgo e me emociono com os jogos, mas reconheço que ali tem um grupo de 23 jogadores e uma comissão técnica que são profissionais do futebol e ganham muito bem para estar ali, não tem nada de patriótico nisso.

Embora eu discorde do “pachequismo” do Galvão, entendo o sentimento que os jogadores carregam nessa Copa. É uma experiência diferente, que acarreta uma carga emocional enorme. A seleção brasileira, bem como muitas outras que disputam a Copa do Mundo, possui vasta experiência internacional, jogam em grandes clubes europeus e estão mais do que acostumados com grandes jogos. A foto do texto, como os leitores bem sabem, é do último jogo do Brasil contra o Chile. Talvez o jogo mais emocionante que já vi (embora tenicamente tenha sido muito aquém do esperado). Todas as pessoas com quem conversei ficaram muito tocadas emocionalmente. Imaginem como os jogadores se sentiram? As grandes questões que têm sido colocadas pela imprensa são: “O choro é sinal de desequilíbrio emocional?” “A emoção tem comprometido a seleção?”

Numa entrevista concedida ao Jornal Extra, Carlos Alberto Torres, o capitão do Tri em 1970, disse o seguinte sobre o “choro”: “Não gostei. Líder que é líder tem que liderar o grupo. Mesmo sofrendo, tem de mostrar que está tudo bem. O time está muito para baixo. Não pode. Tem que entrar em campo para cima e dar tudo. O time está chorando quando canta o hino, quando se machuca, quando bate pênalti! Peraí... Para de chorar! Chega!”

Sou psicólogo e como grande parte dos garotos do Brasil nutri o sonho de ser jogador de futebol. Estive dentro de campo, por 8 anos da minha vida. Não sou um Thiago Silva, tampouco um Carlos Alberto Torres, nem de longe, mas entendo o sentimento e o contexto de um jogador de futebol. Jogar a Copa do Mundo é um sonho, o seu país se mobiliza pelos jogos, em dias de jogo da seleção é “feriado”, em cada viela há enfeites e concentração de amigos para assistirem e torcer. O jogador sabe disse, vive num sonho e viver o sonho emociona! Não precisa ser a “pátria de chuteiras” para ser importante. Contudo, não há dúvidas por parte de ninguém da grandeza que representa este evento. 

Tanto vem sendo tratado o tema, que foi a pauta da pergunta do Jornalista Juca Kfouri para o Neymar antes de ontem na coletiva, como retrata o “Uol”:

Há quem diga que as demonstrações intensas dos sentimentos aflorados dos jogadores é sinal de comprometimento com a causa. Há quem diga que é fraqueza. Há quem diga ainda, que só está tendo tanta importância porque a CBF tem se aproveitado do tema para encobrir as falhas ténicas da equipe. O fato é que o futebol acontece nos vestiários, nos bastidores, e é muito difícil exprimir opiniões sem saber o que se passa lá dentro. Não tenho aqui a pretensão de dar um veredicto sobre a questão, mas trago alguns aspectos interessantes para análise.

O primeiro deles é que o choro quer sim dizer alguma coisa, mas pode dizer muitas coisas. Pode-se chorar de alegria, de tristeza, de alívio, de tensão, enfim são muitas possibilidades. Sabemos que há algo acontecendo, mas é difícil saber o que está acontecendo. A melhor maneira de pensar a questão é pensar como isso tem se refletido no rendimento técnico. Julio Cesar chorou copiosamente antes e depois das disputas de penaltis e pegou dois. Thiago Silva vem sendo criticado por ser um capitão fraco emocionalmente, mas é um dos poucos que se salva tenicamente nessa seleção, tem jogado bem sempre. São dados relevantes, se o jogador chora copiosamente e resolve o jogo, isso não pode representar um problema concreto.

O segundo aspecto é o famoso “chifre na cabeça de cavalo”. Temos um técnico turrão e fechado às análises da imprensa. A possibilidade de mudar a equipe do ponto de vista ténico é quase impossível, não vemos variações táticas, jogadas ensaiadas etc. O assunto da seleção é o Neymar como craque e as deficiências ténicas como realidade quase que insuperável. A falta de outras possibilidades técnicas faz recair sobre o emocional a grande esperança para a seleção jogar bem! O Daniel Alves virar craque de uma hora pra outra não dá! O Felipão virar o Guardiola de uma hora pra outra não dá! Mas os jogadores pararem de chorar talvez dê, será que vai melhorar o rendimento? Talvez sim, talvez não.

Saindo de cima do muro e me posicionando enfim, vejo o choro com bons olhos. Sim, me anima! Eu sou amante do futebol e uma das maiores ameaças a essa paixão é a mercantilização do jogo! O choro sincero me mostra que ali têm pessoas que embora sejam milionários com o jogo, ainda se deixam mover pela mesma paixão que moveu 200 milhões de corações brasileiros que num desespero quase que indescritível acompanharam (ou não, alguns não aguentaram ver) a emocionante disputa por pênaltis contra o Chile. O choro sincero me mostra que o cara não está brincando com o nosso sonho. Queria eu estar lá... mas não estou. Por isso, quando vejo o Julio Cesar falando da forma que falou após o jogo contra o Chile me vejo representado ali, vejo que não estão brincando com a nossa paixão, como já fizeram outros jogadores em outras copas.

O choro sincero mostra que ali estão pessoas, não máquinas, não fantoches da FIFA, CBF ou do governo, ou seja lá de quem for. Em meio a tantas notícias ruins e tristes sobre a Copa e o futebol, o choro pode ser um alento. De um possível desequilíbrio emocional dos atletas, que cuide a competente Drª Regina Brandão. Eu quero é ver gol! 

Rodrigo Moco
Psicólogo/Coordenador da Oficina de Valores

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