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#AvanteOficina

Por: Alessandro
 Fonte da imagem:http://arquivosdeimagensjuliana.blogspot.com.br/2013/08/brasao-de-hogwarts.html
Gosto muito de literatura de fantasia. Muito mesmo.  Não é segredo para ninguém que “O Senhor dos Anéis” é, de longe,  o  livro que mais gostei de ler. Como todo fã de fantasia que se preze tenho uma dívida de gratidão com Harry Potter. O livro do menino bruxo alavancou novamente o gênero  e foi a ponta de lança de uma sequência de lançamentos. Boa parte deles não foram tão “fantásticos” assim, mas o fato de que os elfos voltaram a ser famosos é algo mais que positivo. 
Essa gratidão, no entanto, poderia ser simplesmente pelo movimento que Harry Potter causou e não pela obra em si. Poderia ser simplesmente a alegria de ver crianças de dez anos lendo livros de 700 páginas, de ver adultos vibrando como crianças com um universo mágico. Mas não foi.  Embora ache o último livro fraco,  gosto muito da obra como um todo.
Lembro bem o contexto em que li o primeiro livro da série, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Os livros do “menino que sobreviveu” já faziam grande sucesso e os quatro primeiros estavam nas livrarias brasileiras há algum tempo. Uma amiga tinha lido o livro por indicação de uma professora e me emprestou o volume (valeu, Bruna!). O livro estava em minhas mãos e eu tinha lido as primeiras páginas. Lembro-me que o deixei de lado em virtude de um interesse maior: uma garota. Naqueles dias aproximei-me de uma amiga e disse que gostava dela. Queria namorar e tudo! Passados alguns dias ela chegou e deu a grande resposta:  um sonoro e definitivo “não”.
Resumindo em um linguajar mais popular: Tomei um toco!
Ao chegar em casa após o incidente, quem estava lá? Sim, ele. Harry Potter e, claro, a pedra filosofal. Comecei a ler e admito que em minutos já não pensava mais na desventura amorosa. Estava imerso num mundo onde um menino de 11 anos carregava em seus ombros a responsabilidade de vencer um lorde das Trevas, onde existiam feijõezinhos de todos os sabores, onde as pessoas jogavam quadribol! Fui fisgado. Li o livro em uma madrugada. A maior alegria? Saber que existiam pelo menos mais quatro livros que davam continuidade à saga.
Quando a equipe do blog da Oficina de Valores decidiu fazer uma sequência de textos sobre os personagens de “Harry Potter” foi um pouco difícil minha escolha. São tantos e tão interessantes que  ficou difícil ter uma ideia que me satisfizesse. Em princípio eu escreveria (talvez ainda escreva) sobre Rony Weasley. Pensei um tempo e decidi não escrever sobre nenhum personagem específico, mas sobre o ambiente em torno do qual gira toda a história: A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Creio ser impossível não se encantar com Hogwarts. J. K. Rowling constrói muito bem o contraste entre o mundo em que Harry vivia e o mundo que ele vai encontrar pela frente. O menino cresceu com tios que não gostavam dele, seu quarto era um armário embaixo de uma escada, não possuía amigos. Tudo mudou no dia em que recebeu uma revoada de cartas que o convidavam para estudar magia em uma escola (perdoe-me a redundância) mágica. Como esquecer as reações de Harry em sua ida ao Beco Diagonal para comprar o material escolar? Varinhas, livros que literalmente mordiam, uma coruja, pergaminhos, fotos que se moviam. O trajeto  para a escola também foi marcante. No caminho, Harry conheceu seus amigos e seu desafeto:  Rony, Hermione, Draco.
Os primeiros momentos em Hogwarts são impagáveis. Os discursos iniciais, o banquete, o primeiro olhar para os futuros professores.  A percepção desse novo mundo se expande e se complexifica  quando são apresentadas as  diversas Casas que compõem a escola e os tipos de alunos que vão para cada uma delas:  Grifinória para os corajosos e honrados, Lufa Lufa para os puros e bondosos,  Corvinal para os sábios e inteligentes, Sonserina para os ambiciosos e astutos. E o que dizer do currículo escolar?  Defesa contra as Artes das Trevas, Transfiguração, Feitiços, Trato de Criaturas Mágicas e Vôo!
Penso que Hogwarts vai na contramão de muito do que a literatura fala sobre a escola. Lembro-me que  em uma conversa no  início desse ano, alguns  colegas professores citaram alguns contos e livros de autores clássicos  para dizer: “o ambiente escolar é quase sempre retrato como opressor e inimigo da criatividade”. Pensei:  “Esse pessoal não conhece Harry Potter”.
Estou com Chesterton quando ele diz que os contos de fada existem para nos lembrarem das maravilhas da própria realidade. Diz o escritor inglês que “esses contos nos dizem que as maçãs são douradas unicamente para relembrarem o esquecido momento em que verificamos serem elas verdes. Eles fazem com que os rios sejam de vinho unicamente para nos lembrar, durante um fugaz momento, que neles corre água.”
Esse raciocínio de Chesterton quando aplicado a Hogwarts me leva a pensar que ela existe para que lembre quão extraordinária é a experiência da escola. Não é incomum encontrar imagens na internet com os seguintes dizeres: “Ainda estou esperando minha carta de Hogwarts”. Nessas horas penso: “Mas ela já chegou e você já foi até lá. Talvez ainda esteja frequentando esse ambiente de magia”. Hogwarts é um símbolo dos colégios em que estudamos, um sinal do quão mágica a vida escolar é, ainda que não percebamos isso.
Claro que a instituição escolar pode receber diversas críticas, mas nem por isso deixa de ser fantástica. Ao entrarmos para o colégio nosso mundo se expande consideravelmente. Lembro de que durante boa parte de minha infância eu era o mais novo da rua. Por isso sempre via os demais saindo de mochila para ir estudar. Eu sentia certa “inveja”. Queria ir também participar daquela aventura.  Por fontes totalmente confiáveis (minha mãe!) sei que por várias vezes coloquei a mochila nas costas e caminhei em direção ao portão dizendo que eu também iria para o colégio.
No primeiro dia de aula não entrei em uma plataforma secreta de trem,  apenas caminhei junto com minha mãe. Isso não fez com que a experiência fosse menos fabulosa. Um monte de crianças, eu todo ansioso para saber se seriam minhas amigas. Um parquinho para brincar na hora do recreio. Nesse primeiro dia de uma grande jornada ganhei do irmão mais velho de uma colega de classe, não uma capa de invisibilidade ou o mapa do maroto, mas item de igual qualidade mágica: o boneco de  um robô que se transformava em um avião.
A compra do material escolar também foi durante muitos anos uma experiência digna do universo de Harry Potter. Nunca fui a loja do senhor  Olivaras comprar uma varinha, mas tive a empolgação de conseguir convencer meus pais a me darem uma caixa de lápis de cor de 36 cores!
Algo muito interessante da saga de Harry Potter é que o personagem passa da infância à juventude durante os livros. Amadurece no período em que vive em Hogwarts. Conosco também é assim. Sou professor e posso dizer que surpreende a mudança pelas quais os adolescentes passam em tão pouco tempo. Talvez nós não tenhamos percebido essas mudanças quando ocorreram conosco, afinal nós estávamos muito ocupados vivenciando-as; no entanto,  basta pararmos para pensar que também fizemos nosso trajeto da pedra filosofal até as relíquias da morte, ou para ser menos mórbido, das descobertas infantis aos dramas da adolescência e desafios da juventude. E muito desse processo foi vivido na escola. Lá fizemos amigos, lá tivemos muitas tristezas e alegrias, lá vencemos e perdemos. Enfim, lá crescemos.
Nossas Hogwarts tiveram outros nomes, mas isso não faz com que sejam menos mágicas.  Nossos desafios podem não ter sido “torneios tribruxo” ou a treinamentos na “sala precisa”. Foram provas de química e trabalhos de filosofia. Torneios intersalas. Feiras de ciência. Olímpiadas escolares.  É interessante pensar quantas pessoas gostariam de ter um “vira-tempo” para retornar a essas épocas. Eles não existem. Sendo assim nos restam duas possibilidades a serem aproveitadas: viver bem o presente e cultivar as boas memórias do passado.

Talvez eu tenha gostado tanto de Harry Potter porque sempre gostei muito do colégio. Termino contanto um diálogo que esse ano tive com o Pedrinho, meu afilhado de quatro anos, e que traduz um pouco da minha empolgação com essa instituição:

- É Pedrinho, estou sabendo que você vai começar a ir para a escola. É verdade?
- É.

- O que você acha?
- Não sei.

- Pedro, deixa eu te falar uma coisa. O Padrinho gostou tanto da escola, mas tanto, que resolveu ficar nela até hoje.
Sei lá o que o Pedro entendeu. Ou se ele entendeu alguma coisa. Espero que, tendo compreendido ou não,  na escola  ele (e também você que está lendo)  encontre, pelo menos, tanta magia quanto eu encontrei.


 Alessandro Garcia
Doutorando em Sociologia - UFRJ / Fundador da Oficina de Valores

3 comments:

Anônimo disse...

Deixa eu dizer que estou achando incrível os textos sobre o Harry Potter, é linda a maneira que vocês veêm e transmitem os personagens e ainda associam com a vida da gente. Sério, é muito legal! Digo isso porque há uns bons anos atrás, na época do Prisioneiro de Azcaban, um padre veio dar um retro na minha cidade e detonou com a saga! O que ele falou de tão ruim não sei, mas minha mãe me proibiu de assistir os filmes, tive até que tirar meu nome da lista de espera pra pegar o livro na biblioteca! Com o tempo os ânimos foram se acalmando, o que aquele padre falou foi sendo esquecido e convenci minha mãe que não tinha nada de mais. Acredito que ele tenha falado essas coisas por causa da bruxaria em si, sem conhecer todos esses aspectos lindos que HP tem eque ás vezes passa despercebido até por quem se considera uma Potterhead confessa como eu!
Parabéns pelo trabalho!! #avanteoficina

Alessandro Garcia disse...

Dá uma grande felicidade receber comentários como o seu. O objetivo do blog é dar uma ajuda para que as pessoas percebam bons valores (e por que não dizer Deus?) no cotidiano de suas vidas. Muito legal saber que nossos textos fizeram com que uma fã pudesse olhar os livros que tanto gosta com outros olhos.

Muito obrigado pelas palavras!

Anônimo disse...

Nossa!! suas impressões, experiências, vivências são tão ricas,alegres e motivantes, que tenho certeza de quem as lê consegue perceber o encanto e a magia de frequentar uma escola, relembrar os amigos, as peripécias que todo aluno faz . Que bom vc ter feito essa associação entre Hogwarts e as nossas escolas, valorizando esse tempo tão precioso de conhecimento, vivências, amizades e acima de tudo oportunidades de socializar práticas multiplas de experiências de vida. Parabéns!!!

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