Oficina, sim!
Uma pesquisada rápida no Google
para achar uma definição de “oficina” retorna algo assim: “lugar onde se
elabora, fabrica ou conserta algo”. Sim, a ideia primária de oficina na cabeça
da gente é aquela da mecânica de carros, ou de alguém consertando ferragens.
Trabalho é a primeira noção que vem, mesclado com essa coisa de arrumar,
elaborar uma matéria.
Honestamente não sei quanto tempo levou ou como foi que esse nome, “Oficina
de Valores”, surgiu na cabeça dos fundadores, mas analisando hoje vejo que foi
uma iluminação divina.
Trabalhar em nome da evangelização, no sentido mais amplo que se possa
conceber, é básico para aqueles que são de fato católicos. Ora et labora é um latim já na boca do povo cristão. Não é novidade
nenhuma que dá trabalho viver na fé, viver a fé. Isso somado à própria ideia de
trabalho profissional e digno, necessário e enobrecedor, também atrelado à
nossa noção de bem viver. No fim das contas: trabalhar é do católico.
Mas o âmbito de uma oficina é muito mais que um trabalho. Trabalho
produz, mas é em uma oficina que se faz possível o “re-trabalho”. Não no
sentido negativo do erro e da repetição, mas do aperfeiçoamento e da evolução.
E isso é muito bacana de se notar porque uma noção muito corrente de quem
olha a fé de fora é a de que somos fixos e imutáveis em tudo. Claro, que nossas
verdades e fundamentos nunca mudarão pois vêm do infinito perfeito de Deus. Mas
Oficina (para além de trabalho puro e simples), sim, porque os valores que temos,
enquanto humanos, devem ser trabalhados sem cessar. Difícil sabermos de alguém
no nosso convívio que não tem mais o que aprender ou melhorar, e ter essa
percepção sobre nós mesmos faz da Oficina de Valores um locus que não se pode mensurar. Oficina, sim, porque somos
limitados e Deus é infinito. Oficina, sim, porque mesmo que eu erre, o que eu
devo fazer é sacudir a poeira e fazer melhor – hoje ainda. Oficina, sim, porque
não podemos nos dar por satisfeitos nem encarar como pronto e plenamente satisfatório
nosso trabalho enquanto houver um coração a ser convertido, evangelizado.
Oficina, sim, porque Deus é perfeito em Seu Amor, e eu devo tentar chegar o
mais perto possível da perfeição que me pode ser concedida.
O que me pediram foi um texto de testemunho, sobre como a Oficina de
Valores contribuiu com a minha vida. Palavras são maravilhosas, mas falhas. Ser
“oficiniana” me mostra o valor da persistência (poucos sabem o quanto de
trabalho que dá o blog, imagina o resto da OV!), da perseverança, da caridade e
do desprendimento. Mais do que o que claramente foi feito por mim, ajudando a
me levar à fé de uma maneira inexorável, a Oficina diariamente me lembra que
tudo isso é um trabalho diário. Muito mais que um momento, um retiro, um texto,
a Oficina de Valores é como o ferreiro aperfeiçoando todo dia a espada da luta
– enquanto luta com ela.
Joyce Scoralick
Mestre em Literatura
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