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#AvanteOficina

15:53
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Por: Fernanda



Dentre as muitas notícias de tabloides que sempre roubam a atenção dos brasileiros, nesta semana tivemos uma que nem é muito atípica: uma separação. E o que parecia ser mais uma notícia qualquer sobre celebridades, no entanto, acabou ganhando por um certo tempo mais atenção até mesmo do que o depoimento da nossa presidente afastada no processo de impeachment.

No entanto, um sentimento engraçado tem rodeado os brasileiros diante dessa situação. Geralmente, a mídia e as redes sociais tendem a procurar um culpado e uma vítima e, dessa vez, a maior reação popular tem sido a de decepção pelo fim do casamento. Não sei se pelo fato de que o casal ficou juntos por 26 anos e de terem três filhos, mas alguma coisa nessa notícia conseguiu deixar os brasileiros tristes.

Recebi mensagens de pessoas chocadas, li “tuítes” desolados... E uma coisa nessa história me chamou demais a atenção: a decepção das pessoas de ver um casal se divorciando.

Me chamou a atenção porque a maioria das pessoas lida com o fim de um casamento de forma muito natural. Por exemplo, houve há alguns anos o esforço para desburocratizar os processos de divórcio no Brasil, que hoje são mais fáceis de ser obtidos. Muita gente tem a convicção de que quando o negócio está difícil o melhor é a separação mesmo. As pessoas entendem todo tipo de justificativa, como um “ela mudou”, “ele não mudou”, “já não era a mesma coisa”, “o amor acabou”...

A primeira coisa que eu pensei sobre isso é que as pessoas idealizam muito a vida desses famosos e acham que eles estão livres de alguns problemas que nós, reles mortais, não estamos. E esquecem que as dificuldades são reais, e nenhum dinheiro e nem nada é capaz de fazer um casamento ser prefeito. As pessoas se chocam ao ver o “casal nacional” se separando, mas a verdade por trás de uma imagem perfeita é que sempre há a realidade imperfeita. Em nossa vida, por outro lado, nós conseguimos admitir que as coisas podem dar errado.

Mas na realidade, acho que essa nem é a explicação principal para essa incoerência. Acredito que a angústia, na verdade, reside no fato de que a gente se conforma com os casamentos acabando, ao mesmo tempo que anseia encontrar algo que não irá terminar.

Não vim acusar ninguém de hipocrisia, porque eu sinceramente não acredito que esse seja o caso. Acredito que as pessoas são sinceras quando encaram as separações com naturalidade. O que eu acho que não percebemos é que, no fundo, bem lá no fundo, as separações desapontam as pessoas, porque todos querem acreditar que um casamento pode ser para sempre.

Sim, para sempre.

Nessas horas, muita gente pensa que a ideia de sentir atração sexual por uma mesma pessoa durante anos parece impossível. Mas pensando assim, a gente se esquece que amor não é apenas atração, e sim um conjunto de decisões que se toma a cada dia. Não acho nem um pouco estranho pensar em amar uma mesma pessoa por toda a vida, afinal, a gente ama pessoas pela vida toda: os pais, os filhos,... E mesmo sem o laço de sangue, o amor conjugal é construído sobre uma promessa, sobre um juramento que faz com que duas pessoas passem a ser uma só. E essa promessa, feita livremente, é laço que mantém o casal sendo um a família do outro.

O ser humano é feito para coisas muito maiores do que às vezes julga ser e acaba encontrando infelicidade quando tenta preencher sua sede de amar e ser amado por relações que não correspondam ao que anseia. Relações sem companheirismo, sem compreensão, sem fidelidade, sem luta... Não fomos feitos para relações descartáveis, e por mais moderna que eu queira ser, uma promessa que não seja para sempre nunca vai ser o bastante para me fazer feliz.

Um matrimônio que dure para a vida toda, tantas vezes chamado de loucura, na verdade é simplesmente o amor que no fundo todos nós buscamos.

Dificuldades existem em qualquer relacionamento, e apesar disso todo mundo quer acreditar que o dia em que subir no altar e disser “sim” vai ser até que a morte os separe. Ninguém se casa esperando que um dia tenha que dividir os bens, se mudar, dar essa notícia aos filhos.

Sei que nesse espírito de aceitação de divórcio, algumas pessoas podem acabar se casando com a sensação de que vai acabar de qualquer jeito. Ou talvez a relação nem chegue ao casamento, e talvez isso seja pelo medo de “dar errado” que sonda nossa sociedade. Mas também acredito que estar com alguém acreditando que a relação vai acabar seja uma solidão pior do que a de estar sozinho.

Mesmo na época em que as pessoas não suportam usar um celular por mais de um ano, ou busquem afoitamente novidade para a própria vida, experiências novas para contar, fotos interessantes para postar... Quando se trata de amor, ninguém busca alguma coisa com data de validade.

Enfim, acho importante contar a vocês que não sou casada (e nunca fui) e não sei exatamente o que é dividir uma vida, uma casa, o dinheiro, as tarefas, apenas imagino como que as coisas saindo de sincronia podem afastar e criar resistência entre o casal. Mas antes que vocês me acusem de não saber do que estou falando, eu vivo em uma casa onde há um casamento de 30 anos: o dos meus pais.

Eu sei de perto que as coisas não são perfeitas, que as pessoas se desapontam e que há dificuldades em todas as famílias. Mas sei também que, não importa o quão ruim as coisas fiquem, ou o quanto um tenha que sofrer as dores do outro, eles honram o juramento que fizeram há 30 anos. E, quando eu vejo isso, penso que é exatamente o tipo de sensação que um dia eu quero dar para os meus filhos. E se vocês acham 30 anos pouco ainda, tenho os meus avós, que estão casados há simplesmente 55 anos...

Termino fazendo dois apelos a você que lê.

Primeiro, que nunca deixemos de ter compreensão com as pessoas que passam por um divórcio e que tenhamos respeito pela história de cada um. A gente nunca pode saber exatamente o que o outro está sentindo e sofrendo para julgar. Podemos apenas ver com certeza que, independente do que se tenha vivido, todo o mundo ainda tem a chance ser feliz.

E segundo, que precisamos ter a coragem de acreditar no amor. Não num amor solúvel, em um amor que sempre substitui o outro, ou que sempre se terá alguém do lado.  Mas em um amor de verdade, que seja capaz de nos fazer ser a melhor versão de nós mesmos, uma versão que insiste em comprometer-se mesmo quando isso pareça estar fora de moda.


Fernanda Gonzalez
Mestranda em Engenharia Urbana
Oficina de Valores

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