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#AvanteOficina

18:24
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Por: Diego

Das fases da vida que todo mundo passa, tenho vivido um momento bem interessante: alguns amigos próximos estão casando e iniciando a própria vida familiar. E daqueles que há um tempo subiram ao altar, alguns já passaram para a próxima fase e começaram a vir os filhos. Uns já chegaram, outros estão por vir. Mas não vim falar sobre a espera destas crianças, acredito que alguém que esteja vivendo “por dentro” essa situação possa descrevê-la de forma muito melhor. Mas observo a expectativa para com aqueles que vêm e o cuidado com os que já chegaram, o que me faz pensar que, amanhã, vamos celebrar a chegada do menino Deus.

Ressalto o menino, porque acredito que este seja um dos pontos mais importantes de todo o Cristianismo. A vinda de Cristo tem todo um significado para redenção do homem e sua reaproximação com Deus. Mas gostaria de olhar para essa questão de outra forma (até porque uma abordagem mais teológica fugiria do propósito do blog e de minhas capacidades), e que não é totalmente desconexa dessa ideia de reencontro entre homem e Deus. Acreditamos que para nos salvar, Deus se fez homem também para nos ensinar a sermos homens. E quis fazê-lo começando como criança.

Não é difícil pensarmos no porquê, se repararmos nas virtudes das crianças. Assim como Deus entrou em nossa vida se fazendo criança, só poderemos entrar na Vida dele se fizermos o mesmo. Mas com um bom senso pedagógico, Ele só disse isso após nos dar o exemplo. Aprendamos com o menino Jesus. As crianças são humildes, sabem que nada possuem que não pertença antes aos seus pais. Por isso mesmo valorizam tanto as coisas imateriais: as amizades, a imaginação, o amor dos pais, as palavras, os sorrisos... Também aquilo que é material mas não se pode possuir, como a natureza ou até mesmo a própria escola.

As crianças não se preocupam com quase nada, acreditam que até mesmo as incertezas do futuro estão previstas nos planos dos pais. E ser como criança neste ponto não é um convite à ingenuidade ou a ser alheio ao mundo. Mas ao contrário, fazer de tudo o que estiver ao alcance, confiando no valor das nossas ações. Uma criança que se desfaz de um brinquedo para doar a outra criança necessitada, quando finalmente o consegue fazer, sente que está mudando o mundo. E realmente está fazendo isso, porque fez o possível naquela situação.

Poderíamos falar ainda sobre muitas virtudes dos meninos, mas penso em uma que, para mim, está entre as maiores de todas. E talvez seja a que mais toque o divino. Falo sobre a capacidade de se surpreender com as coisas comuns. Cito um trecho escrito por Chesterton, que talvez ilustre bem essa ideia:

“Como as crianças têm uma vitalidade abundante, como tem espírito livre e feroz, sempre querem que as coisas se repitam e não mudem. Sempre dizem ‘De novo!’, e o adulto faz de novo, até o limite do esgotamento. Pois os adultos não são suficientemente fortes para exultarem na monotonia. É possível que Deus diga toda manhã ‘De novo!’, ao Sol; e a cada noite ‘De novo!’, à Lua. Talvez não seja uma necessidade automática que torne todas as margaridas semelhantes; talvez Deus faça cada margarida separadamente, mas jamais tenha se cansado de fazê-las. Talvez Ele tenha o eterno apetite da infância...”.

Para a maioria de nós, a vida não começará muito diferente no próximo ano. Vamos morar na mesma casa, com a mesma família, trabalhando no mesmo lugar, talvez comendo a mesma comida do dia anterior. Mas para que não seja apenas “mais um ano” e aprendamos a nos surpreender com as coisas (a maioria delas simples), precisamos ser dóceis como uma criança. E dócil, etimologicamente, significa aquele que pode ser ensinado. Seria um segredo, talvez o maior de todos, se o próprio Jesus não o tivesse revelado quando disse “se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas...”.

Termino fazendo um convite a observamos o Natal com esse olhar de criança. Um olhar capaz de enxergar o extraordinário em meio ao ordinário, de se surpreender mais uma vez com a festa de sempre. Mais do que comer algum tipo de frango, brincar de amigo oculto, fazer piadas de pavê ou reclamar das passas no arroz, que possamos viver “De novo!” nosso Natal com um espírito de criança. Nos surpreendamos com as luzes, os enfeites, a festa, os presentes, as presenças, o presépio...

E por falar em presépio, se repararmos nele até amanhã, poderemos nos deparar com uma cena peculiar: veremos a manjedoura-berço vazia. Poderia ser apenas o cuidado de quem o montou para colocar o menino no dia do aniversário, mas acho que representa algo a mais. Nos mostra um Deus menino que, como toda criança, gosta de brincar de se esconder. E o faz não pelo prazer de se ocultar, mas por querer ser encontrado. Talvez nesse Natal, ao contemplarmos um presépio vazio, ouçamos um Deus que nos chama a procurá-lo. Procurá-lo na fé, que pode ter crescido ou talvez esmorecido neste ano. Procurá-lo no próximo, na família e nos amigos. Procurá-lo naqueles que sofrem, nos pobres e nos solitários. Procurá-lo em nós mesmos, porque o temos aqui dentro, talvez escondido no meio de nossas preocupações com o ano que passou e com o que está por vir...

E se o tivermos perdido, não esqueçamos que Deus se fez menino. Mais do que se desapontar conosco, vai olhar para nós, com um sorriso singelo, e dizer “Venha me procurar! De novo!”.

Diego Gonzalez
Mestrando em Engenharia Biomédica
Oficina de Valores

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