(do inglês: Nós Podemos MUDAR O Mundo)
“Mas esse tempo está uma loucura, os
meteorologistas não acertam uma.”
“O trânsito
dessa cidade está cada dia pior, a prefeitura não vai tomar providências?”
“Essa rua
inundou de novo? Francamente...”
Quem
conhece algum desses diálogos provavelmente já teve que puxar papo com algum
desconhecido no elevador, no táxi, na fila... Ou talvez com algum conhecido,
diante de um silencio constrangedor. Quem nunca...?
O que essas
linhas mostram, além da nossa estranha necessidade de falar, é como temos
facilidade de reclamar. Essa brincadeira pode nos levar a pensar também nos
diálogos que temos tido com as pessoas mais próximas, e vamos nos surpreender
ao ver a quantidade de reclamação que fazemos sem nos dar conta. Bom, esse
texto, na verdade não é para falar que reclamar é ruim (ou bom?), mas para
refletir que no fundo desejamos muitas mudanças.
E para a
decepção do que me conhecem, apesar do título esse texto não é sobre meio
ambiente. Hoje, não vou falar que para salvar o meio ambiente devemos começar
não jogando lixo nas ruas (embora esse seja um conselho valioso), mas sim que
para encontrarmos mais respeito, devemos começar pedindo “licença”.
Sou
católica, praticante, e já me deparei com pessoas que querem a conversão do
mundo, que desejam a paz, mas que tem uma imensa facilidade de magoar pessoas
próximas e não tem um trato bom com a família. Eu mesma, que quero a conversão
de tantos, que desejo tanta coisa boa, já passei pela experiência de estar bem
longe se ser uma “pessoa boa”.
O que será
isso? Cegueira? Hipocrisia? Por que viver aquilo que a gente acredita, às vezes
é uma tarefa tão difícil?
A primeira
coisa a verificar é se nós temos os pés no chão. Queremos muito. Mas só
queremos coisas abstratas. Viver uma aventura, um resgate, um salvamento, fazer
algo grandioso, heroico, presenciar uma situação hilária, estar no melhor show,
no maior espetáculo... Vai ser bom se acontecer, mas é mais provável que não
aconteça. Enquanto quisermos coisas abstratas demais, não experimentaremos a
felicidade, porque a felicidade, na verdade, está no grupo das coisas que são
reais.
Segundo, é
admitir que é mais fácil falar do que fazer. Essa pode ser a frase mais clichê
do mundo, mas ninguém que não passe o dia dirigindo em uma cidade estressante
com pessoas estressadas sabe o que é ser motorista de ônibus. Ninguém está na
pele do outro para saber o porquê de seus defeitos, nem mesmo das pessoas
próximas como pais, irmãos, esposo, esposa... Criticamos, reclamamos. Mas será
que no lugar do outro eu faria melhor?
E
finalmente, é ver se nós conhecemos bem aquilo que desejamos. Desejo a
felicidade para as pessoas, desejo que o mundo seja mais justo, que tenha menos
violência, que as pessoas se ajudem. Mas eu sei o que significa desejá-las?
Porque se eu quero mesmo uma coisa, se meu desejo é sincero, isso significa que
eu vou fazer alguma coisa. E isso dá trabalho...
Desejar a
felicidade pressupõe antes de tudo que eu não a roube das pessoas que estão a
minha volta. Que eu não compre brigas em casa, que não crie intrigas no
trabalho, que seja educada com quem passa por mim, que seja agradável com quem
convive comigo.
Desejar um
mundo mais justo deve começar pela minha honestidade nos pequenos trocos, no
uso da sinceridade, no evitar julgar as pessoas pelo que fizeram e mais ainda
pelo que não tenho certeza se fizeram.
Desejar
menos violência deve começar já na minha forma de falar com as pessoas. Já
repararam como a gente se acostuma a se tratar de forma grosseira? Isso já é
uma amostra de violência? Querer que as pessoas se ajudem também deve começar
por mim. Mas ajudar mesmo, lembrando que isso às vezes pode me custar um
acordar cedo, um gasto de dinheiro, um pegar ônibus lotado em dia de chuva... Parece
fácil para alguém...?
Falar
bonito, querer mudar o mundo... Na vida real tudo isso é muito pouco. O que
mostra onde nós realmente estamos é o nosso jeito, nossa postura, nossas
decisões. Precisamos fazer um exame profundo de consciência, porque talvez eu
deseje muita coisa boa, mas de forma muito inconsistente. Ouvi várias vezes na
Oficina de Valores que “não basta ser bom, é preciso parecer bom” e hoje, peço
licença para dizer também que não basta parecer bom, é preciso ser bom.
Se você
espera uma ocasião grande de ser herói, fique sabendo que ela já veio. A vida
que eu levo hoje é uma chance única, um espetáculo, uma aventura irrepetível,
uma história.
E se eu
aceito ser protagonista, eu posso - de alguma maneira- mudar o mundo.
Fernanda Gonzalez
Estudante de Engenharia Ambiental - UFRJ - Oficina de Valores
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