imagem do filme Tempos Modernos - Charles Chaplin |
Claro que nem sempre o trabalho que temos é o que gostaríamos de ter, ou ainda não alcançamos a posição que pretendemos ou não
recebemos o salário de que precisamos, mas essas coisas não fazem com que a função que exercemos seja algo negativo. E parece que esse problema é causado porque as pessoas ainda não entenderam o que é o trabalho e qual o seu significado na vida humana.
O trabalho poderia ser definido, em linhas muito gerais, como uma "atividade - intelectual ou manual - que alguém exerce, na qual dedica seu tempo e da qual tira seu sustento". Porém, há alguns que ainda elaboram uma distinção entre trabalho e emprego. Afirma-se que alguém pode possuir um trabalho, sem com isso ser remunerado. O que define um trabalho não é o salário - mesmo sendo muito importante, não está aí sua essência! Uma dona de casa, por exemplo, seu trabalho é cuidar do lar, do seu lar, mesmo não sendo remunerada por isso. Ou um estudante que gasta suas horas sobre os livros e fazendo exercícios. Estudar é o seu trabalho, ainda que por isso não receba salário.
Isso é importante porque há uma grande tendência de colocar o fundamento e finalidade da atividade profissional na remuneração. Ouvi certa vez uma pessoa dizer que "se recebo muito, trabalho bem. Se recebo pouco, tenho o direito de fazer de qualquer maneira". Tirando toda a mesquinhez de tal pensamento, o risco de colocar a dignidade do trabalho no salário, na função que se exerce ou no cargo que se ocupa é bastante grande.
Outra cilada na qual somos tentados a cair é pensar o trabalho como um castigo, uma punição de Deus por conta do pecado original. Isso na realidade não procede, uma vez que, com um olhar mais atento, percebe-se que Deus já colocara o homem no paraíso para trabalhar. É parte de sua condição humana o trabalho e tal desígnio "precede a queda", como se diz.
No mais, o trabalho possui uma dimensão objetiva, que diz respeito às coisas que produzo com minha atividade, mas também uma subjetiva, que como o nome já indica, diz respeito ao
sujeito que as realiza. Sendo ambas importantes, a segunda precede a primeira e está para além dela. O trabalho não pode ser considerado um fim em si mesmo. Sua finalidade é o homem, o bem do homem, de modo que as coisas produzidas pelo homem são para seu próprio benefício. Ao colocar qualquer outra realidade acima dessa, corre-se o risco de, invertendo-se os papéis, o homem ser compreendido como meio. No entanto, o trabalho foi feito para o homem e não o homem para o trabalho...
Se olho para minha atividade como a possibilidade de ser melhor, de fazer o mundo melhor, ela ganha uma outra dimensão, toda nova e mais profunda, tornando claro que o que me torno e o que edifico com meu trabalho é mais importante que o que ganho. Ou seja, trabalhando bem, recebe-se muito mais que um salário.
Para concluir, a melhor maneira de entender o mais profundo sentido do trabalho é vê-lo como um serviço que presto aos demais e, sobretudo, que o fundamento de qualquer trabalho deve ser a diligência com que é feito. Pode parecer um discurso piegas, mas um trabalho feito com reta intenção é infinitamente superior ao que não o é, indiferentemente qual função seja. Sob essa perspectiva, aquilo que antes pareceria o essencial, volta para seu devido lugar. Já não é mais questão de vida ou morte o cargo ou salário, apenas o fazer bem aquilo que deve ser feito.
Madre Teresa comenta: "não sei como será o Céu, mas sei que, quando morrermos será tempo de Deus nos julgar. Então, Ele não nos perguntará: "quantas coisas boas fizeste em tua vida?". Ele perguntar-nos-á antes: "com quanto amor fizeste o que fizeste?"
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