Para qualquer um que tenha acompanhado a série de Harry Potter (seja pelos livros ou pelos filmes) não restam dúvidas de que, depois do próprio Harry, Alvo Dumbledore é o personagem de maior importância na história. E de certa forma não é uma figura inovadora. O papel de mentor ancião sempre teve grande importância na ficção: Merlin, Yoda, Gandalf são exemplos que talvez ganharam maior destaque na literatura e no cinema.
Apesar de estar dentro de certos clichês, Dumbledore apresenta algumas características únicas. Sua inteligência era incomparável: por volta do terceiro ano já foi considerado o melhor aluno da história de Hogwarts. Criou feitiços, artefatos mágicos, poções, escreveu livros e artigos sobre magia. Possuía habilidades incomparáveis com feitiços, a ponto de conseguir realizar muitos sem precisar de uma varinha (item praticamente imprescindível no universo de Harry Potter). Seu poder era tanto que foi o único bruxo que o vilão Voldemort realmente temeu em vida.
Entretanto, seu maior poder é justamente aquilo que o faz em comum com esses anciãos e que podemos chamar de “sabedoria do coração”. Incluo “do coração” porque esses sábios não apenas adquiriram conhecimento e experiências, mas souberam converter esses dons naquilo que acreditavam ser o bem. O coração, se em muitos casos é reduzido a apenas um símbolo de afeto, em alguns contextos é entendido também como o centro das decisões morais, da vontade, das escolhas.
Dumbledore apresenta isso de uma forma extremamente valorosa, que é a capacidade de acreditar e de confiar nas pessoas. Enquanto professor e diretor colocou muitos alunos “problemáticos” para dentro da escola de Hogwarts: Tom Riddle (que mais tarde se tornaria Lord Voldemort), Remo Lupin (que era um lobisomem), Hagrid (que havia sido expulso, mas permaneceu lá por apelo do diretor), entre outros. Em todos esses casos assumiu o risco do que poderia acontecer, mas acreditava que esse seria o melhor caminho para aquelas pessoas.
Num mundo como o nosso em que a confiança e a benevolência são características de trouxas, esses valores podem soar mais fictícios que a própria magia. Mas traduzem a ideia real de que o bem é possível, assim como a mudança das pessoas. Longe de ingenuidade, essa noção parte de quem está disposto a lutar pelo próximo. Um exemplo vivo da história é a “conversão” de Snape. Dumbledore não só o acolheu e perdoou por ter se envolvido com os bruxos das trevas, mas foi um apoio, conselheiro e soube confiar no bruxo pródigo.
Essa sabedoria e abnegação não são dons naturais, mas surgem a partir de experiências e escolhas. A sabedoria do coração não pode ser alcançada senão pela busca do bem. Durante sua vida, Alvo passou por tentações comuns a jovens prodígios como a busca por fama, prestígio e poder. Viu sua ganância causar a morte da própria irmã e aprendeu da pior forma que os desejos egoístas trazem consequências irreparáveis.
“São as nossas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos”.
1 comments:
Parabéns pelo belíssimo texto sobre Dumbledore! Sou apaixonada pela serie...
E venho parabenizar a atenção e a visão com que vocês se propoem a escrever,passar conhecimento através de conhecimento!
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