MUDAMOS!

Estamos de casa nova! Acesse www.oficinadevalores.com.br, para acompanhar nossas postagens!

Esse blog aqui será desativado em breve. Adicione a nova página aos seus favoritos!

#AvanteOficina

Por: Alessandro Garcia
Sei que grande parte das pessoas tem resistência em ouvir ou ler depoimentos relacionados à religião. Sei que parte dessa atitude é justificada pela teatralização encontrada nos veículos de comunicação, com grande ênfase na prosperidade financeira. Sei como soa estranho ouvir: “Encontrei Deus e fiquei rico. Meus problemas acabaram.” Além disso, muitas pessoas colocam os dois pés atrás quando alguém começa a falar sobre sua “mudança de
vida” através da religião por julgarem que tal discurso visa ser uma lição de moral.

Julgo também que expor certas experiências é difícil, uma vez que as palavras possuem lá seus limites. Muitas vezes a melhor forma de honrar o extraordinário é o silêncio reverente. Relutei bastante em escrever diretamente sobre minha experiência religiosa, ou, em um linguajar mais típico dos ambientes cristãos, dar meu testemunho. Resolvi rabiscar algumas palavras por um motivo muito especial: Hoje, dia 4/12/2012, comemoro 15 anos do início da experiência mais extraordinária de minha vida. Pensei então que seria interessante compor uma canção ou escrever um poema para celebrar. Como não sou músico nem poeta, contento-me com a simples prosa.

Nesta tentativa de esboçar a história de minha grande descoberta, devo começar dizendo que para um observador externo talvez não exista nada de tão extraordinário. Não ouvi a voz de Deus falando através de um crucifixo como São Francisco, não tive um tortuoso caminho filosófico como Santo Agostinho. Simplesmente fiz um encontro de jovens. Reconheço, no entanto, que, na simplicidade dos meios, o eterno me tocou. Se por fora nada ocorreu além do ordinário, interiormente uma revolução se processou.

Lembro-me de alguns detalhes que antecederam meu ingresso naquele encontro que tanto me marcaria: a resistência em ir, o postergar a entrega da ficha de inscrição, minha mãe me acordando às sete da manhã para que eu cumprisse minha palavra e entregasse a ficha que peguei sem nem saber por quê. Lembro também de ter saído para conversar com uma colega um dia antes, de ter ficado com a boca inchada aquela semana devido a um problema nos dentes. Minha formatura da oitava série seria na semana seguinte. Estes detalhes, para mim, funcionam como uma moldura.

Lembro também do garoto que sem saber caminhava para uma grande descoberta. Até que eu não era um menino ruim. Era bom aluno, tímido e falador, não dava trabalho para os meus pais, gostava de desenhos japoneses, era fã do Homem-Aranha, amava ler quadrinhos. Estas características não me foram tiradas...

Claro que nem tudo eram flores e eu não era (e não sou) perfeito. Sentia-me sozinho e tinha uma sensação de ausência que não conseguia explicar. Ao mesmo tempo agia de maneira bastante orgulhosa em relação a meus feitos escolares. Este orgulho, hoje percebo, lançava raízes em uma sensação de inferioridade. Enfim, tinha luzes e trevas, que embora vivenciasse de forma particular, eram e são comuns a tantas outra pessoas.

Devo dizer que, embora por vezes fosse à missa e tivesse feito primeira comunhão e crisma, não caminhava muito para o lado da fé católica. A cerimônia de minha crisma me marcou tanto que nem me recordo dela. Consola-me saber que minha lembrança importa pouco para a eficácia do sacramento.

Estudei em um colégio protestante e devo muito aos professores e funcionários de tal escola. Aprendi muitas coisas boas lá e nutro o desejo de visitar este lugar que tanto bem me fez. Apesar disso, lá também comecei a cultivar grande resistência a diversas ideias que hoje julgo verdadeiras. Na época me declarava católico mais por inércia cultural que por outra coisa. Penso que minhas tendências apontavam mais para o protestantismo ou ateísmo. Talvez algo ligado ao ocultismo.

Naqueles quatro dias que começaram no dia 4 de dezembro algo irrompeu na minha história. Lembro que logo nos primeiros momentos foi dada uma palestra cujo tema não recordo direito e cujo conteúdo exato também me escapa. Lembro, no entanto, minha reação. Ao ouvir aquelas palavras senti que me respondiam e despertavam algo que já estava em mim. Parecia que na palestra daquele rapaz (Pablo é seu nome) eu começava a encontrar as respostas que procurava sem nem mesmo saber.

Poderia entrar em detalhes sobre a programação do encontro, mas acho que apenas alongaria o texto sem conseguir expressar bem o que experimentei. O fato é: depois daqueles quatro dias tudo era o mesmo e tudo havia mudado. Eu era o mesmo e eu havia mudado. Parecia que um véu era tirado dos meus olhos e eu via o mundo e os outros pela primeira vez.

Sei que algumas das palavras acima parecem um exercício de retórica (e talvez tenham um pouco disso), mas creio que isso ocorra porque meus méritos como escritor estão muito aquém da alegria que veio em minha direção. Alegria de uma vida que tem sentido. Alegria de saber que o mal fere o coração de Deus. Ele existe e é bom! E mais: Ele se importa tanto comigo que mesmo sendo infinito vem ao encontro de minhas débeis demandas.

Admito, mesmo caindo no clichê, que minha vida mudou muito depois disso. Meus defeitos continuaram e luto com eles até hoje. Sei que sou medíocre e estou longe de viver a altura da descoberta que fiz. No entanto ela foi feita e é tão grande que nunca conseguirei esgotá-la. Tudo recebeu um significado maior e o que era velho se fez novo.

Naquele dia quatro de dezembro há 15 anos começava uma grande aventura que ampliou muito meus horizontes. Da mesma maneira que nos grande romances de fantasia fui chamado para uma missão. Descobri que era filho do Rei e como tal deveria me tornar um bom cavaleiro. Não sabia para onde estava sendo enviado, nem de que pedras retiraria as espadas necessárias às novas pelejas. Não conhecia as estradas por onde caminharia, mas estava empolgado. E essa empolgação hoje permanece. Aquele que encontrei me deu uma nova esperança e esta esperança não me decepcionou.

A experiência foi extraordinária, o relato nem tanto. Peço apenas que leitor não julgue a mensagem pelo mensageiro. O fato com certeza é maior que as palavras, pelo menos que as minhas palavras. Na verdade, o fato é tão imenso que julgo que não caberia nem em todos os livros que pudesse escrever ou palestras que pudesse dar. Posso apenas, nesse dia, agradecer por tudo que vivi e experimentei: por tê-Lo encontrado, por ter sido apresentado a seus amigos, por ter sido compreendido e perdoado em todas as minhas falhas; agradeço por cada detalhe de minha história e por ter a alegria de saber que caminhando com Ele a era de ouro não fica para trás e que, embora no passado tenham sido realizadas grandes maravilhas, o melhor está por vir.
Alessandro Garcia
Doutorando em Sociologia - Coordenador da Oficina de Valores

0 comments:

Postar um comentário