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#AvanteOficina


Por: Binho e Joyce

Hoje eu quero refletir seriamente sobre uma música que tem feito bastante sucesso, é uma música do Roberto Carlos, e se chama: Esse Cara Sou Eu.
É claro que a frase título da música pode dar margem a duas interpretações: você pensa em um cara e esse cara sou eu; ou no sentido do brasileirismo em que se diz quando alguém é “o cara” – um homem que é O homem, para todos ou para alguém em especial. Nos dois casos minha análise pode caber...
Eu vejo dois tipos de comentários associados a essa canção, vejo mulheres que dizem: “Esse cara não existe!” E outras que dizem: “Esse cara existe e eu o encontrei!”
Para as primeiras eu digo: ainda bem que você nunca encontrou esse cara; e para as outras eu digo: meus pêsames. Explicarei-me analisando a canção.

O cara que pensa em você toda hora
Que conta os segundos se você demora
Que está todo o tempo querendo te ver
Porque já não sabe ficar sem você

O cara pensa em você TODA HORA, se você demora – se atrasa – ELE CONTA OS SEGUNDOS, quer te ver TODO O TEMPO e não sabe ficar sem você. São sinais claros de uma obsessão doentia e possessiva. Chega ao cúmulo de contar quantos segundos você se atrasou. A qualquer tempo ele quer estar com você. Cabelereiro, ele está lá! Manicure, ele está lá! Sair com suas amigas pra jogar conversa fora, não é mais possível, porque ele quer estar com você a todo instante, todo tempo, te sufocando. Isso não pode ser saudável, já começamos muito mal, mas seguimos adiante na música.

E no meio da noite te chama
Pra dizer que te ama
Esse cara sou eu

Não bastasse os sinais obsessivos possessivos apresentados antes, ele tem um sério problema de comunicação. A todo tempo está com você, não sabe viver sem, e não tem nenhuma consideração também. Depois de um dia cansativo de trabalho, onde o descanso é como se fosse um prêmio pelo dia heroico, ele te acorda no meio de seu merecido repouso pra dizer que te ama. Esse cara não sou eu. Eu respeitaria sua noite de sono, e te diria isso durante o dia quando você teria condições de assimilar e até mesmo sorrir ao ouvir (ainda que reconheça o romantismo em acordar seu amor á noite, quem sabe, alguma vez). Duvido seriamente que no meio da madrugada e de um sono interrompido, depois de um dia inteiro de perseguição obsessiva, tais palavras soem de forma agradável. Mas, prossigamos com a canção.

O cara que pega você pelo braço
Esbarra em quem for que interrompa seus passos
Está do seu lado pro que der e vier
O herói esperado por toda mulher
Por você ele encara o perigo
Seu melhor amigo
Esse cara sou eu

Essa parte me deixa com a pulga atrás da orelha. Então as mulheres esperam um ogro, que as agarre pelo braço? Um grosso que ao aproximar de qualquer pessoa se coloca de forma a dar um esbarrão para que ninguém, absolutamente ninguém, interrompa seus passos? Isso pra mim é mais uma manifestação da obsessão compulsiva e doentia de uma mente seriamente perturbada, quase um sociopata! E pior, realiza a cena. Assalto a mão armada. Todos sabemos que não se pode reagir, mas ele é o cara, encara o perigo, toma um tiro, e esse cara ERA ele. Sigamos

O cara que ama você do seu jeito
Que depois do amor você se deita em seu peito
Te acaricia os cabelos, te fala de amor
Te fala outras coisas, te causa calor

Aqui tem um ponto sério, apesar de ser a parte que mais faz sentido a uma pessoa que não sofra de uma obsessão compulsiva por outra pessoa. O problema aqui está na outra pessoa, no caso a mulher. A mulher que aceita um cara que não a ama do jeito que ela é tem sérios problemas para analisar e escolher um parceiro. É o mínimo que se pode esperar de alguém com quem escolhemos passar uma parte, senão toda a vida junto, que te ame por quem você é. Presumindo que seja um casal casado, isso é o mínimo que se espera de uma relação. Fazer propaganda disso como se fosse algo raro de se encontrar me faz pensar que talvez a falta da castidade antes do casamento tenha gerado um tipo de “amor” que não faz bem e que coisifica as pessoas utilizando elas para sua satisfação pessoal. Sigamos...

De manhã você acorda feliz
Num sorriso que diz
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu

Essa parte pra mim é a mais sem sentido. Está, no mínimo (me corrijam os críticos literários e entendidos de sintaxe), mal escrito. Quem acorda feliz? A mulher? O cara? A mulher acorda olha para um cara sorrindo, e esse sorriso diz que esse cara é ele? Qualquer que seja a interpretação, e eu acredito que a mais correta seja a última, é uma exaltação de uma pessoa que a única coisa não patológica que fez até então é a coisa que deveria ser feita por todo e qualquer cara que quer um compromisso sério.

Eu sou o cara certo pra você
Que te faz feliz e que te adora
Que enxuga seu pranto quando você chora
Esse cara sou eu
Esse cara sou eu

Essa parte é interessante também, quem sabe o que é melhor pra você mesma é o cara, e não você? Ele é tão o cara, que ele olha pra você e diz, eu sou o cara certo! É isso mesmo que as mulheres buscam? Depois de anos de luta pela liberdade das mulheres, de ondas e ondas de movimentos feministas, às vezes de forma radical e até nociva à sociedade, as mulheres querem um cara que diga a elas de quem elas gostam? É sério isso? Acredito que não... Além da questão da soberba que está nisso. Se for, o mundo cada vez faz menos sentido pra mim.

O cara que sempre te espera sorrindo
Que abre a porta do carro quando você vem vindo
Te beija na boca, te abraça feliz
Apaixonado te olha e te diz
Que sentiu sua falta e reclama
Ele te ama.

Aqui é o clímax da minha analise inicial. Tendo em vista tudo que eu já disse antes, analisemos essa cena. Ele SEMPRE TE ESPERA SORRINDO e ABRE A PORTA DO CARRO QUANDO VOCÊ VEM VINDO, isso já soa estranho. Pra mim parece que ele está extremamente desconfiado de você e que a obsessão dele atingiu níveis críticos que o faz ficar tão ansioso e nervoso pela sua presença que ele sorri, abre a porta do carro para que você demore menos a entrar, e quando você entra ele te abraça e te beija feliz de forma apaixonada e diz que, vejam só você, sentiu sua falta e reclama!

Por favor, isso não é sadio, é obsessão na sua forma mais nociva, ele está a todo tempo que pode com você, pensa em você 24hs, dorme com você, esbarra nas pessoas na rua para que não encostem em você, quando te encontra gruda em você te abraça, te beija, te olha, isso é assustador! Acredito que nem as mulheres mais românticas iriam gostar de ter um cara desses em suas vidas. Ele é um grude desagradável que sufoca e não te dá espaço pra nada. Com ele ao seu lado você perdeu sua liberdade, perdeu sua individualidade e sua independência. É esse mesmo o cara que as mulheres procuram? Bom, se for, eu preciso dizer esse cara não sou eu.

Cleber Nunes Kraus (Binho)
Biólogo - Oficina de Valores
Joyce Scoralick
Mestranda em literatura - UFJF - Oficina de Valores

2 comments:

Juliana Benevides disse...

Coitado do Roberto Carlos gente!
Tem alguém com raiva dele aí? hahaha
Convenhamos: se formos analisar desse jeito todas as baladas românticas que fazem sucesso por aí...
Acalmem o coração, deixem o brega ser brega e fazer as noveleiras e senhoras sorrirem! rsrsrsrs

Binho Kraus disse...

Benevides, a raiva, se existir, não é com o Roberto Carlos, eu respeito a sua licença poética e artística para montar um esteriótipo de um cara romântico. O que me indigna é as pessoas não entenderem justamente isso, e quererem a materialização na íntegra de um cara como narra a canção. Que como dissemos, é um chato, um louco, um obcecado. Me assusta é as pessoas pensarem que este ser poético é o homem ideal, e passarem a procurar na realidade alguém que seja exatamente assim. Em suma, minha ira não é como Roberto Carlos, mas com a coisa que se criou ao redor de sua obra...

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