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#AvanteOficina

Por: Alessandro
fonte: http://jovemnerd.ig.com.br/
Este texto está atrasado. O filme já está nos cinemas há certo tempo. Bom, o atraso é desculpável se levarmos em conta que o presente comentário não seria escrito. Embora fã de quadrinhos, não sou daqueles que batem palmas para o Homem de Ferro nos cinemas. Não que ache de todo ruim, simplesmente não me empolgo. Reconheço a importância dos filmes, mas não fico contando os dias para vê-los. Este ano, por exemplo, aguardo com mais expectativas o Hobbit II e Superman.



Por que escrevo o texto? Porque um aluno pediu. Simples assim. Um aluno, que também é leitor do blog, aproximou-se e disse:

- Alessandro, gostei muito do texto dessa semana.
Claro que fiquei feliz com o comentário e disse que e estava pensando em alguns temas para futuros artigos. Assim que terminei de falar, ouvi algo parecido com a seguinte frase:
- Tem também os comentários sobre o filme do Home de Ferro né?

Ele já havia criado expectativas devido às resenhas sobre os filmes do Batman e sobre o último Hobbit. Confesso que fiquei um pouco envergonhado porque nem havia assistido a última aventura cinematográfica do popular herói da Marvel. Decidi então que tentaria escrever algo. Vamos ao filme...

Homem de Ferro 3 está fazendo um tremendo sucesso, tanto nos EUA quanto no mundo como um todo. Já são quase 400 milhões de dólares em arrecadação, praticamente o dobro do custo de produção (sim, fazer filmes custa muito caro!!!). Isso, no entanto, não significa que o filme seja maravilhoso, afinal dificilmente um longa-metragem da franquia “Iron Man” fracassaria nas bilheterias. Fora isso, não é incomum o sucesso de público não ser acompanhado de qualidade.

Então o filme é uma porcaria? Não. Uma maravilha? Muito menos. É apenas um blockbuster comum que tem algumas ideias boas, mas é recheado de clichês como o herói sendo ajudado pelo garotinho. Há também algumas situações forçadas, furos de roteiro, e grande previsibilidade na trama. Sobre os clichês, não veria tantos problemas se fossem melhor utilizados.

Como ponto positivo há a tentativa de fazer um filme com um foco maior sobre Tony Stark que sobre o Homem de Ferro. O leitor deve se lembrar da cena de “Os Vingadores” quando Capitão América pergunta o que Tony seria sem sua armadura. Neste terceiro filme do “ferroso” busca-se uma resposta mais profunda que “gênio, milionário, playboy e filantropo”.

Outro acerto do filme se dá na construção do universo cinematográfico. Homem de Ferro 3 pode até ter sido um pequeno passo para o personagem, mas foi um grande salto para a Marvel. É interessante ver que este terceiro filme não é continuação do segundo, mas de “Os Vingadores”. Em todo momento, a batalha de Nova York é mencionada e a situação de stress pós-traumático vivida por Tony Stark decorre do contato com situações que estão para além de suas forças, situações que foram mostradas no filem dos “heróis mais poderosos da Terra”.

Bom, quase tudo o que está acima poderia ser lido em outros sites. Há diversos outros comentários feitos por pessoas mais capacitadas. O diferencial das resenhas da Oficina são os comentários éticos, filosóficos ou religiosos. O que Homem de Ferro 3 me fez pensar? Mais uma vez...vamos ao filme.

O filme tem, inicialmente, como grande vilão um terrorista chamado Mandarin. Este título é chinês, mas a nacionalidade do facínora não é mencionada. Poder ser alguém do Oriente Médio ou do Leste Europeu, ou de qualquer lugar fora dos EUA. O que, em princípio, parece uma postura de propaganda dos EUA, torna-se uma autocrítica interessante à postura norte-americana. Em certo momento, há uma reviravolta no filme que faz com que o rosto do vilão seja outro que o até então visto. Além disso, a frase com que se inicia a história diz muito: “Nós criamos nossos próprios demônios”. 

A criação dos próprios demônios é ponto importante no desenvolvimento da trama. O mal que Tony Stark enfrenta é algo que ele mesmo ajudou a desenvolver. Não quando cometeu grandes crimes, mas quando foi arrogante e egoísta nas suas relações pessoais. Dramas não são criados apenas por grandes acontecimentos e por macroestruturas, há também os que surgem das pequenas situações e são fruto de não escolhermos viver à altura de quem somos. Nossos grandes demônios geralmente foram alimentados por nossas pequenas atitudes.

Outro ponto que merece ser comentado é que o filme narra uma situação de amadurecimento. Isto é comum com os filmes anteriores, mas aqui é explicitado de forma bem interessante. Tony Stark, da maneira como foi construído por Robert Downey Jr , é um personagem que caiu nas graças do público. Sempre com tiradinhas que mostram quem é superior na situação, com uma postura soberba de dono da verdade. Bom...creio que talvez muitos quisessem ser como ele, mas, com certeza, poucos gostariam de conviver com ele. 

Em Homem de Ferro 3, Tony está fragilizado. Ainda faz as piadinhas, mas agora vive com medo de não dar conta do recado. A jornada que ele faz é para encontrar quem está por baixo das armaduras que veste. Não apenas da de ferro, mas daquela que é feita de comportamentos. Quem é você? Responder esta pergunta é fundamental para o protagonista, que em determinado momento se vê sem nada daquilo que lhe garantia a ilusão de identidade. Sem mulheres, sem armadura, sem dinheiro. Há algo, no entanto, que não pode ser retirado, mas só é possível saber “o quê” quando não se vive na superficialidade. Conhecer a própria identidade é fundamental não apenas para salvar os outros, mas para resgatar a si mesmo.

Para um texto que não seria escrito, este já está ficando muito longo. Encerro com uma percepção que só fui ter ao escrever: prefiro o Homem de Ferro nos Vingadores. A companhia de outros heróis faz bem ao personagem. Revela a ele mesmo que o peso do mundo não está em suas costas, que ele não é o mais forte, nem o mais corajoso, nem o melhor estrategista. Há outros que, embora venham de outro tempo, fiquem verdes de raiva ou usem roupas que parecem medievais, compartilham seus ideais e lutam batalhas como as suas. São seus amigos...



Alessandro Garcia
Douturando em Sociologia / Fundador da Oficina de Valores

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