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#AvanteOficina

Por: Cleber
Imagem de www.facebook.com/jmjdadepre
Frio, chuva, longas caminhadas, bolhas nos dois pés, dormir na praia com frio, banheiros sempre lotados, se deslocar em meio a uma multidão de pessoas e no final de tudo caminhar do meio de Copacabana com uma mochila pesada até Ipanema pra ir embora e ainda assim valeu a pena. Pode parecer reclamação a princípio, mas já digo desde agora, não é! Houve problemas sim, mas são insignificantes diante da magnitude do evento e da quantidade de pessoas. Nunca um evento brasileiro reuniu em
um só lugar 3,5 milhões de pessoas de diversos países em torno e por causa de um homem.

Durante essa semana na JMJ eu vi e vivi muita coisa. É simplesmente um dos maiores, se não o maior evento do mundo em todos os sentidos e vai muito além dos atos centrais que aconteceram em Copacabana. O Alessandro em seu texto nos mostra que a JMJ tem um outro lado que não foi mostrado pela mídia, mas que é grandioso e trouxe para o Rio um dos maiores festivais culturais da cidade. Não vou repetir o que ele disse, para ler clique aqui e você verá que a JMJ foi muito mais além do que simples celebração religiosa.

Vi mesmo debaixo de chuva, uma multidão junto as grades de isolamento de uma das vias só para ver o Papa passar no papa móvel. Vi o Papa quebrar todos os protocolos de segurança, descer do papa móvel e ir ao encontro destas pessoas. Vi a emoção no rosto das pessoas com esse gesto. Ao caminhar pelas ruas do Rio de Janeiro, ouvi conversas soltas de pessoas na rua que elogiavam o Papa. Ouvi de um taxista que não parecia ser religioso que ele estava muito comovido com a perseverança e o esforço de todos nós peregrinos durante a JMJ e que mesmo que o movimento para ele não tenha aumentado, já que na maioria das vezes ou andávamos a pé ou de ônibus, ele estava feliz por ver o Rio de Janeiro tão cheio. Esse mesmo motorista disse que em 14 anos que trabalha na praça nunca tinha visto algo como o que estava acontecendo nesses dias de JMJ, nem na famosa festa de virada do ano que ocorre também em Copacabana.

Vi uma multidão sentir o frio muito atípico que fez no Rio de Janeiro, mesmo para o período de inverno e que pegou a todos de surpresa. Essa mesma multidão que pegou chuva junto comigo, mas sem arredar o pé, aplaudiu, vibrou e se emocionou em alguns momentos. Momentos como o show do Rosa de Saron, com o testemunho que passava no telão, no qual as lágrimas se confundiam com a chuva que caía, mas que ao mesmo tempo trazia a certeza de que não vamos nos entregar até a última lágrima restar. Éramos uma multidão que fazia longas caminhadas, algumas debaixo de uma fina chuva e frio, mas sempre com um sorriso no rosto e não era raro uma canção nos lábios. Ao passar pelos dois túneis que fazem a ligação de Botafogo com Copacabana, a gritaria, os cantos e a afirmação sempre presente se intensificavam. Esta és la juventud del Papa, bradavam os peregrinos em alta voz. Brado este que se repetiu diversas vezes em diversos momentos durante toda a JMJ.

Aliás, afirmação essa que levou alguns manifestantes de outros grupos cristãos a exibir cartazes com dizeres do tipo “não busquem uma igreja, mas Jesus Cristo”, ou ainda o simples “Leia a Bíblia” e trechos bíblicos como os que falam de idolatria, entre tantos outros. Em um dos momentos vi que um grupo estrangeiro de peregrinos tentava dissuadir um dos portadores de cartazes, não ouvi o que falaram pra ele, mas ele com seu cartaz e sua convicção levantados repetia: é mentira, isso é tudo mentira, tudo mentira, tudo mentira. Parecia não ter argumentos, não por causa da palavra que lhe fora dirigida, mas diante do que seus olhos estavam contemplando. Só lhe restava negar, não podia ser verdade o que seus olhos e ouvidos viam e ouviam, parecia que essas coisas o feriam.

Vi essa mesma multidão silenciar por duas vezes. Na primeira vez, três milhões de pessoas em respeitoso silêncio diante do Senhor, em vigília. Ajoelhados na areia da praia de Copacabana, alguns com os olhos voltados para o palco, a maioria tendo que acompanhar pelo telão. Olhavam, contemplavam, oravam, adoravam! Ouvidos atentos à palavra do pastor que conduzia seu rebanho. A segunda, na manhã seguinte, durante a celebração eucarística, desta vez eram 3,5 milhões e durante a consagração, joelhos na areia, silêncio contemplativo, adoração. Eu vi um vendedor de pipoca parar. Ficou sem graça. Passou anunciando seu produto justo na hora da oração eucarística, olhou para onde estava e se deu conta: isso não é a praia, não agora. Parou, não só de vender, parou mesmo, se virou para frente e acompanhou a oração eucarística e o final da missa para só então voltar a vender seu produto.

Tudo o que vi e vivi nesses dias de JMJ tem um significado que transcende em muito o de um simples evento. Eu vi uma multidão que veio ao encontro de um homem que era bem pouco conhecido no mundo até alguns meses atrás. Isso por si só trás um significado grandioso. “Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo”. Foram essas as primeiras palavras do Papa Francisco no seu primeiro discurso público em solo brasileiro e só elas já serviriam para explicar sua popularidade.


Eu disse no começo do texto e repito aqui: “nunca um evento brasileiro reuniu em um só lugar 3,5 milhões de pessoas de diversos países em torno e por causa de um homem”. Este homem não é o Papa, ele é só porta voz. As pessoas o seguem porque sabem que aonde ele for, aquele a quem ele anuncia também lá estará. Nos reunimos, rezamos, cantamos, pegamos chuva, frio, sol, areia, caminhada, não por causa do porta voz, mas por causa daquele a quem o porta voz anuncia. 3,5 milhões de pessoas do mundo todo se reuniram só para dizer que, assim como ontem a igreja seguia Pedro, hoje ela segue Francisco, porque ambos, Pedro e Francisco, são portadores da mesma palavra e porta vozes da mesma pessoa: Jesus Cristo.

Cleber Kraus
Mestrando em Ecologia - UnB / Oficina de Valores

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