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Por: André




imagem de: derosealtodaxv.org.br

Continuando a série de textos sobre consciência política, falaremos sobre mobilização política. Das quatro etapas que elenquei, esta é a que eu acho mais difícil de escrever sobre e mais essencial para nossa sociedade.

Vamos começar diferenciando este ponto do último, a divulgação. A mobilização seria diferente no sentido em que as pessoas que já estão sensibilizadas por uma questão estão reunidas para realizar alguma ação em torno dela. Para tornar as coisas mais claras, pense em uma família na qual um dos filhos mais novos descobre uma goteira no telhado da casa e avisa o resto da família porém a família não se preocupa com o problema. A família sabe do problema, tem ideia das consequências que uma goteira pode trazer - como estragar móveis e outros objetos. Apesar disso, ela não procura dar uma solução ao problema; esta família não está mobilizada. Mas, se a família, descobrindo a goteira, se organiza, uns procurando fazer um reparo temporário, outros orçando o reparo permanente, tal grupo está mobilizado pela goteira. Agora vamos ver como isso se aplicaria ao nosso contexto político.

Como falamos anteriormente, no nosso sistema político nós elegemos representantes para tomar decisões políticas por nós, mas podemos nos perguntar qual é a referência para o nosso representante tomar estas decisões. Creio que sejam três: as convicções do próprio político, o programa político de seu partido e a vontade de seus eleitores. No momento só último ponto nos importa, ou melhor: como o político descobre o que é a vontade de seus eleitores? De diversas formas, a mais simples de todas seria ele montar uma plataforma política a apresentar e, caso ele seja eleito, ele “acertou” qual é o desejo popular; porém isso consiste em uma estratégia politicamente arriscada. Outra seria realizar uma pesquisa de opinião que, apesar de muito utilizada por partidos e políticos, é um método caro. Por último seria ouvir a população.

Agora podem surgir pensamentos de espanto e incredulidade tipo: “Os políticos NUNCA ouvem o que a população quer!!!” ou “É inviável o político ouvir todos os seus eleitores!!!”. Se pensarmos que em Petrópolis, RJ, cada vereador representa em média vinte mil habitantes, é inviável para um vereador perguntar o que cada um dos vinte mil deseja para a cidade. Também é inviável para os vinte mil entrarem em contato com seu respectivo vereador para comunicar suas aspirações. Porém esta comunicação ocorre. Toda vez que um político se encontra com um representante de um sindicato ele está se comunicando com a população que tem os mesmos interesses daquele sindicato. Sempre que um político se encontra com um representante de uma associação de empresários ele está se comunicando com a população representada por aquela associação. Toda vez que um político se encontra com o presidente da associação de moradores ele está se comunicando com a população que mora naquela região. Sempre que um político abre o jornal e lê “200 mil pessoas pedem redução das passagens de ônibus” ele sabe que tem algo sendo pedido dele.

A partir deste ponto poderia definir que mobilização são pessoas organizadas em torno de uma causa. Daí ressalto duas características que acho essenciais: o caráter de ter organização e a necessidade de uma causa. Quando falo de causa, esta deve vir atrelada a objetivos e ambos devem ser muito claros. Uma causa pouco clara seria “lutar pelo bem comum”. O “lutar pelo bem comum” é um ótimo princípio para guiar as ações, porém, é muito difícil saber que objetivos atenderiam esta causa. Uma causa clara seria, por exemplo, “a preservação do mico-leão-dourado” e um objetivo claro seria: “aumentar o número de micos vivendo em mata nativa”. Uma causa e um objetivo claro tornam a comunicação com o político e demais pessoas mais clara. Já a organização seria o nível de comprometimento das pessoas que defendem aquela causa e número de pessoas que a defendem. Este ponto é essencial para que uma causa seja levada a sério por um político, porque ele vê que uma posição ou atitude é importante para certo grupo e esse grupo está comprometido com esse ideal, podendo trazer consequências políticas e/ou eleitorais (positivas ou negativas). Neste caso, o político irá ponderar muito mais sua decisão. Deste ponto surge o que creio ser um dos maiores fatos da ciência política, que uma minoria organizada pode impor sua vontade sobre uma maioria desorganizada.

Uma ideia em torno da mobilização política seria conhecer as associações que defendem causas que nos são simpáticas, saber sua atuação e objetivos e, se for o caso, tomar parte delas. Essas associações podem ser as mais diversas, desde associações de moradores, a associações que peçam uma melhoria específica em uma escola, entre muitos outros grupos. O importante é conhecer as causas e os objetivos que tais associações possuem e os meios que elas tomam parte para saber se estão de acordo com o que acreditamos ser certo. Outra ideia para aqueles que possuem uma causa em comum seria tentar se mobilizar em torno desta causa para que ela possa ser atingida. Como fazer isso? Não há fórmula mágica, depende da situação, se houvesse tal fórmula eu mesmo já teria aplicado. O que digo é: leve em consideração o nível de relevância de sua causa para outras pessoas. Às vezes o que é importante para você e seus amigos não é tão importante para os outros. E se tomou a decisão de fazer algo, não desanime, em especial em nossa sociedade que não tem grande tradição de participação política, pode ser que tenha que se tentar mais de uma vez para se ter sucesso.

André da Costa
Estudante de Economia / Oficina de Valores

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