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Por: Diego
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Diante de certas situações na vida, surge-nos uma questão existencial que é comum a todos, especialmente na fase adulta. Parece, nessa exata posição da nossa jornada em que cumprimos pouco ou quase nada do que éramos capazes e deparamos-nos com pessoas tão brilhantes em suas tarefas, que sentimo-nos humilhados, por vezes tristes e com uma forte sensação de tempo perdido.

Dia desses, como se somente não bastasse a minha crise dos vinte e poucos anos, fui ao show de uma banda cujo vocalista era um absurdo de talento ao cantar e tocar instrumentos. Diante daquilo, veio novamente essa reflexão. De súbito bateu uma vontade de nunca mais pegar no meu violão e não cantar mais nada, coisas das quais adoro fazer. É claro que para tudo que fazemos na vida, sempre encontramos alguém que faz muito melhor e por vezes com muito mais facilidade, desenvoltura ou competência. Na escola, por exemplo, na maioria das vezes há algum japinha melhor em matemática ou um colega que escreve bem como ninguém. Imagine se resolvemos compor uma música. Basta olhar a obra do Djavan ou do Chico Buarque. Nem precisa tanto: Michael Sullivan já nos deixaria novamente humilhados. Se temos dificuldades de nos relacionar com as pessoas, há aqueles amigos que deixam as meninas apaixonadas sem fazer o menor esforço, quando já estávamos prontos para comprar rosas ou escolhendo palavras para tentar uma difícil aproximação. Quando resolvemos nos matricular na faculdade, sonhando em ser um astronauta, um grande psicólogo, um historiador ou um jornalista, sabemos de pessoas que estão no auge do máximo possível. Parece que qualquer coisa que possamos pensar em empreender, já existe alguém que faz isso com perfeição.

Que nos resta? Desistir de tudo? Abraçar a mediocridade e nos contentarmos com a nossa parca capacidade? Parar de nos comparar com as pessoas geniais e seguir nosso próprio caminho, original, único e irrepetível?

A resposta a essas questões deve iluminar-nos no árduo caminho da busca pela nossa realização nos empreendimentos que escolhemos que se identificam com a nossa felicidade. Dia desses li, num desses cartazes de rede social, que o segredo da felicidade é segredo, portanto, cada um que descubra o seu. Embora haja coisas comuns a todos, que podemos compartilhar como experiência e como verdade, faz todo sentido que cada um busque trilhar seu caminho e encontrar a justa medida de coisas que levam a trilhar um caminho feliz na vida.

É uma grande pobreza levarmos a vida comparando-nos com cada pessoa que encontramos. Parece uma competição sem fim. Se ganharmos, será uma vitória vazia; se perdemos, uma derrota inútil. Na primeira carta de Paulo aos Coríntios, encontramos uma exortação sobre isso: “O que há de superior em ti? Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se o não tivesses recebido?” (I Cor 4,7). Por um lado, corremos o risco de não darmos valor ao que recebemos. Por outro lado, é tão bonito lançar o olhar sobre os talentos que Deus distribuiu. Uns são criativos, outros tem facilidade com ciências exatas, outros são divertidos, alguns são corajosos e habilidosos. Em certa medida possuímos tudo isso a desenvolver em doses diferentes. Um poeta, ao se deparar com a genialidade de uma cantora brasileira, escreveu uma interessante canção, que é uma realidade que por vezes nos assalta: “eu queria ser (a cantora)”. Quem de nós não queria ser Djavan, Chesterton, Jimi Hendrix, Ayrton Senna, Woody Allen, Seteve Jobs, John Lennon ou Zico? 

“O inimigo do bom é o melhor”. Essa é uma máxima que ilumina nossa reflexão sobre nossas precariedades. Muitas vezes sofremos desnecessariamente por estabelecermos padrões que não nos cabem – de beleza, intelectualidade, da vida prática em geral. Imaginem se uma dona de casa, ao deparar-se com uma exímia cozinheira num programa de tevê, resolve não cozinhar mais para sua família porque se sentiu diminuída. E se o próprio Djavan se sentisse diminuído diante dos seus quatro compositores preferidos, nada menos que Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento. 

Ano passado, ao participar de um retiro, conversei com um sábio, que disse palavras interessantes sobre isso: a maioria de nós não nasce brilhante. Cumpre-se então, sermos constantes. Há mais valor em ser constante que em ser brilhante. Parece uma boa solução para esse questionamento. Já que não somos nossos ídolos, devemos ser o máximo que podemos ser. Isso já é muito importante para que o mundo todo e o nosso mundo sejam melhores.

Diego Moreira
Professor de Filosofia

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