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#AvanteOficina

Por: Fernanda



Reclamamos que não temos tempo para as coisas, e dizemos isso com frequência quando não podemos participar de alguma coisa. Embora isso seja uma confortável desculpa, acredito que muitas vezes seja sincera.


Mas a verdade é que para o que realmente queremos, nós encontramos tempo. “Quem quer dá um jeito”. Por exemplo, desde 2012 eu tenho a sensação de estar sem tempo, mesmo nos fins de semana, com trabalho, estudos, aulas, atividade física. No entanto, quando surgiu uma oportunidade muito interessante de aprender violão eu quis. Isso me custa mais ou menos umas 2h por semana, com aula e deslocamento, e mais uns minutinhos (que deveriam ser) diários para praticar. 

Fico triste quando escuto que as pessoas, por falta de tempo dizem deixar de fazer coisas boas. “No momento estou sem tempo para ler”, “não pratico exercícios físicos há muito tempo, não está dando”, “estou devendo uma visita para aquele amigo, mas não arranjo tempo”, “vou te ajudar, mas agora eu ando meio sem tempo”. E me entristece especialmente quando eu escuto de mim mesma.

Pode ser que em alguns casos, o trabalho, a vida em família ou estudos, por um período de tempo, estejam consumindo as energias de uma pessoa. Mas será que na minha vida o problema é esse? Conversei uma vez com um estudante que alegou para mim que não tomava banho todos os dias por falta de tempo. Ele era meio hippie admito. Mas esse exemplo foi só pra dar um palpite que na maioria das vezes nossa falta de tempo é culpa nossa. 

Somos humanos e temos uma capacidade absurda de nos enrolar, meter os pés pelas mãos, perder tempo. Sobre isso, existem três coisas importantes para refletir:

A primeira é que gastamos muito tempo inútil. Já parou para pensar quanto tempo do seu dia você gasta lendo e respondendo whatsapp, mexendo no facebook, ou viajando na frente da tv? Não quero convencer ninguém que essas coisas não são boas e que o descanso não é necessário, mas a maioria das pessoas com quem eu já conversei acredita estar perdendo tempo demais nessas coisas. Acho que vale a pena examinarmos nosso dia e tentar “encaixar” as coisas importantes nele. Aqueles 20 minutos do ônibus podem ser uma leitura útil, naquele dia em que só trabalho à tarde, há a possibilidade de acordar cedo para caminhar, para estudar… Sejamos criativos (e sinceros!), e veremos quanta coisa dá para entrar na nossa rotina.

A segunda coisa é que muitos pensam em egoísmo e avareza como defeitos que se tem com bens materiais, com dinheiro. Mas a verdade é que esses dois aparecem com frequência em relação ao tempo. Às vezes parece óbvio que precisamos separar um tempo para relaxar, para sair com os amigos agradáveis, para cuidar da aparência… E como custa dar nosso tempo para ajudar os outros! Como custa abrir mão do “nosso tempo” para estar em coisas que - à primeira vista - não são para nós, são para um grupo, uma causa, e nem percebemos que no fim das contas isso faz para nós um bem muito maior: ensina-nos a amadurecer.

E a ultima, é refletir que as coisas que amamos merecem nosso tempo. Meu estudo é meu dever, é uma coisa importante, ele merece meu tempo. Passar um tempo em casa, fazer uma refeição em família, conversar com os pais e irmãos, ajudar na arrumação e na limpeza é necessário, pois minha família é algo importante e merece meu tempo. Se meus amigos são importantes, ainda que seja inviável sair sempre, vê-los sempre, eu vou me virar para saber se eles estão bem, para participar da vida deles, porque eles merecem meu tempo. Vou também envolver-me em alguma atividade religiosa, voluntária, que as vezes nos custa tanto pode fazer uma diferença enorme para outras pessoas. Se ser humano é importante para mim, então isso merece meu tempo. 

Sei que às vezes caímos na tentação de levar a vida no modo automático e passamos a contar os dias, ao invés de vivê-los. Conseguimos chegar ao ponto de cair num tédio tão grande, que vivemos a esperar que o tempo passe. Que o tempo passe para começar a novela, que passe para chegar aquela festa, que passe para eu me formar, que passe para chegar o fim de semana... E não percebemos que vivendo assim, nem o nosso dia a dia e nem as coisas que esperamos conseguem nos fazer felizes. 

Aprender a viver é importante. E merece meu tempo.

Pois bem, qual é então a solução para o problema da falta de tempo? Acredito que individualmente cada um possa se dar essa resposta, mas vou terminar com duas ideias.

Em primeiro lugar, digo que é importante não dar um passo maior que a perna. É importante percebermos que ser responsável é saber dizer não. Poxa, eu poderia ganhar um dinheiro extra se trabalhasse mais, mas se isso vai me fazer dormir menos de seis horas por dia não vale a pena. Tem aquele trabalho na igreja que eu gostaria muito de ajudar, mas se isso tira de mim o único tempo que tenho para ficar com a minha família, não vale a pena. Maturidade é perceber que não dá para fazer tudo de uma vez e que devo fazer extremamente bem as coisas que dou conta.

E finalmente, organizar-se. E isso significa colocar prioridades nas coisas. E significa às vezes acordar cedo para conseguir fazer de manhã algo que não dá para fazer depois, significa em algumas situações ligar o computador e fazer logo o trabalho, não ir direto pra o facebook (é difícil, eu sei!). Significa também, em certos momentos, deixar uma social que parece que vai ser muito legal, porque hoje eu preciso estudar.

É. Não, não é uma tarefa fácil qualquer...

Conta um bispo católico, que certa vez encontrou-se com o Beato (na época Papa) João Paulo II, já no fim do dia, e o encontrou num estado completamente fatigado. 

“_Santo Padre, o senhor parece muito cansado.
  _Se não estivesse eu saberia que não cumpri meu dever”


Fernanda Gonzalez
Mestranda em Engenharia Urbana - UFRJ / Oficina de Valores

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