MUDAMOS!

Estamos de casa nova! Acesse www.oficinadevalores.com.br, para acompanhar nossas postagens!

Esse blog aqui será desativado em breve. Adicione a nova página aos seus favoritos!

#AvanteOficina

Por: Gustavo



Meu nome é Gustavo, tenho 20 anos, estudo Jornalismo na UERJ e escrevo pela primeira vez para o blog. Minha motivação: o dia em que escrevo é seguinte à apresentação de uma peça teatral de Nelson Rodrigues, “O Beijo no Asfalto”, na minha universidade e é também dia do lançamento de um novo vídeo do canal humorístico Porta dos Fundos, chamado “Fofoca”. De formas praticamente opostas, as duas encenações (a peça e o vídeo) tratam de um assunto comum: o papel dos jornais. Papel social note-se, para evitar trocadilhos. Leia-se “jornais” como figura de toda forma de veiculação jornalística.

O esquete humorístico ironiza a escolha de pautas (assuntos) banais, largamente utilizadas pelos veículos de comunicação de massa, como artistas no restaurante, relacionamentos de ou entre famosos, trivialidades da vida de pessoas públicas (não só artistas, mas também políticos, atletas etc.)

A peça de Nelson Rodrigues, de forma mais profunda e trágica, trata da ética, ou falta dela num caso de violação da intimidade, e da subjetividade inseparável da interpretação dos fatos, sua narração e reinterpretação pós-narrativa. Trata ainda de temas que não cabem a este texto, mas muito válidos para reflexões, como miséria e contradição humanas, homossexualidade, fidelidade. Recomendo-a.

Resolvi escrever este texto com dois objetivos: Fazer uma “autocrítica” a categoria profissional a qual pertenço (se um estágio num programa de webtv da universidade contar. Do contrário, “irei pertencer”); Mas, principalmente, refletir sobre a “escolha de pauta” feita pelo público.

“Bateria Moura: dura mais porque é inteligente ou é inteligente porque dura mais?”, “Tostines: vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”, Notícias banais: estão nos jornais porque são lidas ou são lidas porque estão nos jornais? E agora, quem poderá nos responder?! Não eu, certamente. Mas vale a reflexão: Por vezes, nas entrelinhas das manchetes de primeiras páginas, capas ou homepages, somos, verdadeiramente, chamados de idiotas. Porque pedimos ou porque deixamos?

Há quem vá se colocar fora dessa, talvez com justiça, com discursos como “não assisto a novelas”, “não sei quem é fulano de quem todo mundo fala”, “não perco meu tempo comtelevisão”, “não leio essas bobagens”. Mas se todos são tão críticos, quem é a audiência das futilidades? Só posso crer na incoerência e hipocrisia, nada incomuns, dos “cultos”. Se todos são críticos dos absurdos “globais” (big brother, novelas etc.) e afins, quem assiste a isso? Se todos acham ridículas as fotos de panicats na academia, quem clica nisso? As pesquisas mostram que muitos! E a permanência desses conteúdos no ar (sejam telas, páginas, impressas e virtuais) corrobora. Não podem ser apenas vovós fazendo tricot na frente da TV ou adolescentes fúteis e meninos na puberdade. Não raro é ver críticos ferrenhos da cultura de massa completamente inteirados de seus conteúdos e (não finjam!) na, maioria das vezes, não por objetivos acadêmicos.

Lembro do meu pai, dado a entender de política e questões sociais, que, durante a penúltima edição do BBB e da última novela (a do beijo, essa mesmo), passava seu tempo frente à TV “pensando alto” coisas como “ridículo”, “que besteirol”, “querem enfiar isso goela abaixo na gente!”. Se questionado quanto ao porquê assistia, dizia: “é porque não tem nada melhor”. Eu discordava e dizia que ainda que não houvesse mesmo (o que não era verdade), era melhor assistir a nada que dar audiência àquilo, mas, como sempre, ele dava a palavra final: “shhh!”. Boa de verdade ou, pelo menos, criativa era sua resposta quando questionada sua audiência prestada ao outrora por ele tão “cornetado” UFC: “Eu disse que não era esporte, não significa que eu não possa gostar”.

Acho que todos, mesmo que “forçados”, em algum grau, mesmo que mínimo, temos esse comportamento: Não nos esforçando pra encontrar coisas melhores, consumimos “sem querer querendo” o que todo mundo consome e é isto: Economia, chata e incompreensível; Política, nauseante e desesperadora; Entretenimento, atraente e “luminoso” show (de horrores). Sobre estas opções, atribuí características que são mais da forma como nos são apresentadas que delas em si. E pensei em acrescentar “esporte”, mas cada vez mais nos é apresentado com faces de entretenimento, daquela mesma forma, vide manchetes sobre ring girls e affairs de atletas (ah, e o preço e a nomeação mesma das “arenas” de futebol, mas este comentário é um pequeno protesto pessoal).

Que os parênteses a seguir façam ler a conclusão como caiba a quem lê: Sobre os (nós) pouco críticos e/ou preguiçosos, sabemos sua (nossa) opção. Conselho: Procurem(os) mais e melhor o que ler e assistir. Talvez, assim, as manchetes parem de (n)os chamar de idiotas.

Gustavo Lima
Estudante de Jornalismo UERJ/ Oficina de Valores 

1 comments:

Alessandro Garcia disse...

Estreia em grande estilo Gustavo...
Gostei muito do último parágrafo.

Postar um comentário