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#AvanteOficina

Por: Rodrigo

Pare e pense alguns segundos no significado da palavra intimidade.

Quando dizemos que temos intimidade com alguém, significa que partilhamos segredos e coisas pessoais com aquela pessoa, que certamente não dividimos com todo mundo e isso faz daquela pessoa mais importante para nós. Roupas íntimas recebem esse nome porque não são expostas como as outras, ficam resguardadas, protegidas.

A intimidade é o que é secreto. É para ser dividido com poucos. O filósofo e colunista da folha de São Paulo, Luiz Felipe Pondé diz que nunca se falou tanto de sexo como nos dias de hoje, acrescentaria também que nunca se exibiu tanto. Talvez há um século atrás, o assunto veiculado seria os primeiros passos para a quebra de “tabus” referentes ao sexo, porque isso não era falado e nem consumido publicamente. Não era nascido há um século atrás, mas se de fato fosse assim, me parece que as pessoas eram muito melhores resolvidas sexualmente do que nos tempos de hoje. Ainda pegando carona no que diz o Pondé, quando falamos e expomos tanto as relações sexuais como nos dias de hoje, é porque na verdade não somos satisfeitos sexualmente.

Os tabus a respeito do sexo tanto foram quebrados que segundo estatísticas da internet, o site de conteúdo pornográfico mais acessado no mundo, chega a uma média de 360 milhões de acessos no mês, é muita coisa! Só para ter uma ideia esse blog tem mais de um ano e não chegou nem a 1 milhão de acessos. Será mesmo que é mais interessante acessar um vídeo de pornografia do que ler o conteúdo gerado pelo blog? É só mais um sinal do tempo doentio em que vivemos.

O genial Lewis fazia uma analogia entre o prazer sexual e o do paladar. Alguém consegue imaginar uma plateia eufórica e delirando de prazer assistindo a um garçom levantar a tampa de uma bandeija contendo um belíssimo frango assado, só pra ter o prazer de olhar para aquela iguaria gastronômica? Afinal, o que é bonito é pra se mostrar. Não, porque não é normal lidar assim com o nosso paladar, assim como não é normal lidar dessa forma expositiva com a nossa sexualidade. Nelson Rodrigues dizia: “Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.”

Será que a máxima do saudoso Nelson Rodrigues se aplica aos dias atuais? Uns vão pensar de cara que não, pois todo mundo se expõe e as relações continuam aí bem ou mal se construindo, as pessoas cumprimentam-se. Entretanto, cabe uma reflexão sobre a onda do “Vazou na net” ou mesmo dos grupos de compartilhamento de pornografia caseira no whatsapp. Tenho certeza de que pelo menos uma vez o leitor ouviu falar de algum conhecido que apareceu se exibindo em um vídeo, ou até tendo relações sexuais de fato. A primeira pergunta cabível é: ciente dos riscos das imagens vazarem, o que leva uma pessoa a filmar ou fotografar a sua intimidade?

Creio que a resposta a essa pergunta (que não é fácil e eu corro o risco de ser simplório), passe pela banalização do sexo. Numa tentativa de popularizar o sexo, de falar de sexo, de ter contato fácil com sexo, arrancaram dele a dimensão de secreto, sagrado, íntimo. O sexo virou domínio público: todo mundo fala, todo mundo vê, todo mundo faz com todo mundo! O grande propósito da revolução sexual foi esse e hoje nós colhemos as consequências. A principal delas é que o sexo por si só não satisfaz, é preciso mais. Diferentes maneiras de ação sexual vão sendo testadas e consumidas, a indústria pornográfica lucra rios e rios de dinheiro infundindo na cabeça dos consumidores uma noção fantasiosa do sexo que parece mais satisfatória do que um relacionamento normal, entre um casal normal... e acreditem, não é. É nessa levada que vão surgindo ideias como: tirar fotos nu, se exibir na webcam, filmar a relação sexual, dentre tantas outras bizarrices que não faço a mínima questão de saber que existem... a troco de que? Apimentar a relação? Experimentar mais prazer? Esse é o preço que se paga por perder a dimensão do sagrado, perde-se o sentido.

A segunda pergunta cabível é: como fica uma pessoa após ter a sua intimidade exposta? Essa resposta tem muitas variáveis: por um lado, as pseudo-celebridades que utilizam disso pra se promover e, pegando uma carona na crítica ao besteirol que publicamos no blog semana passada, infelizmente conseguem êxito, pois consumimos as entrevistas e os fraquíssimos programas que essas pessoas conseguem ter posteriormente. Por outro lado, as meninas anônimas, que filmam uma aventura com o namorado, ou mesmo se exibem na câmera e sofrem pesadas consequências quando os vídeos “vazam”. Se você por curiosidade pesquisar no google por casos de meninas que tiveram a intimidade exposta, verá notícias sobre alguns casos de suicídio. Onde a “liberação” sexual tem nos levado, hein?

E aqui a frase do Nelson Rodrigues começa a se enquadrar. Conheço meninas que por conta dessa exposição entraram em depressão, mudaram de cidade, deixaram de ser levadas a sério. O que faz das “protagonistas” piores do que os “consumidores” ou os “distribuidores”? Absolutamente nada, são todos colaboradores de um mesmo mercado que deturpa o que somos e lucra com as nossas misérias. Tamanho desejo por demonstrar desempenho é o resultado de uma profunda crise de identidade. A intimidade é aquilo que é próprio meu, quando divido com alguém aquilo que eu sou, é que compartilho a minha intimidade.

Quando falta conteúdo, a única coisa que resta oferecer é o próprio corpo, que se manifesta nessa necessidade de exibição da perfomance sexual, fruto da insegurança e carência! A insegurança e a carência nascem da falta de sentido. E o sentido? Ah... o sentido é coisa íntima! A vida pede mais!

Rodrigo Moco
Psicólogo/Coordenador da Oficina de Valores

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