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#AvanteOficina

Por: Joyce


Já ouvi muito aluno/ mãe de aluno/ cachorro/ periquito e papagaio dizendo que 17 anos é uma muito tenra idade pra decidir o que se vai fazer pelo resto da vida (estão falando do vestibular). E, de fato, pode ser mesmo. Com 17, a gente está ainda bem imaturo. Muitos de nós não sabem o que é trabalhar e ainda não descobriram como o copo de Toddy sumiu da pia e foi parar limpo no armário. 

Sim, é bem cedo pra decidir o que fazer para o resto da vida. 

A mesma insegurança de decidir às vezes permeia o casamento. Muito mais séria e definitiva que a do vestibular, a decisão de casar-se é (ou deveria, mesmo, ser) um compromisso que se faz até a morte. Mas pode-se cair na mesma questão. 

Como saber se é aquela pessoa a que vai ficar comigo, os dois felizes, amando um ao outro, pro resto da minha vida? 

Quanto ao vestibular, pelo menos pra mim, respondo em poucas palavras. Com uns 11 anos eu já tinha certeza de que não queria mexer com nenhuma ciência exata. Com 13 eu amava ler (já desde os 4, quando aprendi, e então curtia ler e escrever o dia todo em papeis pela casa) e era a escritora/ corretora oficial de cartões de presentes da minha casa. Com 15 eu achava que o Direito (muito por influência da família) seria uma excelente carreira, gostando de ler, falar e escrever. Vindo de uma família que sofreu (e sofre) trabalhando no magistério em escolas públicas e passando por vários problemas de valorização, salários ínfimos e atrasados e etc, rejeitava essa carreira pelos traumas de só ouvir falar em problemas aí. Essa tendência para o Direito permaneceu, pensei ligeiramente em Comunicação, mas entendi (depois de um fracasso em um vestibular) que gostar de ler, escrever e ensinar português não me levava ao Direito, e sim a um curso que mesclasse arte, gramática, aula. Fiz Letras. Sou muito grata pelo “pau” que tomei naquele vestibular. 

O que tem isso a ver? 

O mesmo, por vezes, acontece na vida dos relacionamentos. Muito cedo já acontece de sabermos o que não queremos na pessoa com quem vamos nos relacionar. Já sabemos que queremos alguém trabalhador/ sério/ brincalhão/ criativo/ quieto/ espalhafatoso e outras mil características que cada um leva dentro de si. Óbvio que - para fazer a relação com a historinha que contei – muitas vezes a gente pode se confundir e perceber que aquilo que a gente pensava não era bem verdade. Nesse caso, acerca de nós mesmos ou da outra pessoa. Nos namoros erramos, erram conosco, e com cuidado buscamos, se essa for a nossa vocação, alguém pra dividir a vida com a gente. 

Muitos passos à frente disso, depois de já gostar da pessoa, encontrar aquela de quem dá vontade de ficar junto, já conseguimos ter uma boa noção de como ela leva a vida, no sentido mais geral possível, e isso é muito importante para o casamento. Ela trabalha? Nasceu em berço de ouro? Tem os mesmos valores que eu? Gosta de sair e viajar? Prefere campo à cidade? E eu? Demanda certo autoconhecimento, conhecimento do outro e isso pede que as pessoas troquem experiências para se encontrarem nesse carrossel. 

Tudo ok. Pras férias, praia. No Natal, chester. No sábado, cinema e pipoca sem manteiga. Nas lojas, azul. Os gostos de vocês batem e, quando não batem, a coisa fica muito interessante e gostosa. Vocês se dão bem e se respeitam. Tudo vai bem, mesmo com discussões normais. Vocês ficam anos juntos. 

Mas, gente, a pergunta é: como vou poder firmar o compromisso de ficar com essa pessoa, e só ela, até morrer? Como posso saber se a pessoa que serei em 5, 10, 20 anos vai continuar sendo alvo de amor, desejo, admiração se nós dois vamos mudar? E, bom, esperamos não ficarmos sempre igual somos? Não é fácil... quem vai querer se amarrar pro resto da vida com alguém que está do lado de fora da gente? 

É importante que o parágrafo do “Tudo ok” se concretize minimamente. Os gostos não precisam bater, mas um precisa gostar disso no outro. Um pode ser vegetariano e acender incensos e o outro amar churrasco vendo MMA e ainda assim partilharem e apreciarem isso. A diferença é amor e as semelhanças são também encontros. 

E aí vem o pulo do gato: diferente do vestibular, temos a chance de antever uma vida com a pessoa no namoro. Escolhemos iniciar um caminho com a pessoa através dele e então podemos ir construindo um relacionamento que vai mostrar quão certa para você a pessoa é. Aparecem seus defeitos e eles não são tão grandes. Aparecem suas qualidades e elas são imensas, tão imensas que tocam no mais profundo dos desejos de vida, valores, sonhos e, aí, se ama. Amando, permitimos que a alma encontre um par, não um gêmeo (aquele parecido), mas uma companheira que se mostra, no fim das contas, indispensável para a vida que se acaba desejando. Percebe-se que aquela pessoa é, em sua essência, grande, boa, te faz crescer. 

E é só conhecendo essa essência que se consegue decidir casar-se com alguém. Só se consegue decidir dar o passo do matrimônio quando se vê o core da pessoa com quem estamos e, assim, conhecendo também o nosso core, nosso núcleo, podemos ter a certeza de que, apesar das mudanças inevitáveis e desejáveis que o tempo em nós opera, nossos interiores têm condições de permanecer unidos e caminhando juntos, porque essencialmente se encontraram e viram em si a possibilidade da felicidade no ser cúmplice da vida um do outro. 

Joyce Scoralick
Mestre em Estudos Literários / Oficina de Valores

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