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Por: Diego

Imagem de: www.fanpop.com

O Senhor dos Anéis e seus personagens bonzinhos 


O adjetivo "bonzinho" sempre me trouxe uma ideia um pouco negativa. O bonzinho é aquele cara que não faz nada de errado, ou se faz o bem é de uma forma pouco natural. Não se destaca por um coração grande ou nobres ambições, nem possui grande empatia. Possui certa ingenuidade, parecendo que veio de outra realidade e que não enfrenta as mesmas dificuldades que uma pessoa de “verdade”. Muitas vezes não faz o mal ou por temê-lo, ou por nunca tê-lo experimentado. É o cara que muitas velhinhas gostariam para casar com suas netas, mas com quem suas netas nunca gostariam de se casar. 

Já ouvi algumas críticas à história de "O Senhor dos Anéis", obra de J.R.R. Tolkien, que diziam o seguinte: "O Senhor dos Anéis é até legal, mas acho que os personagens principais todos bonzinhos são chatos". Ou ainda “Não consigo gostar de personagens assim porque eles não são realistas”. Cada um tem seus gostos (e isso não quero discutir!) mas gostaria de propor uma reflexão aqui: o fato de um personagem não agir pensando apenas nas próprias vantagens faz dele alguém pouco realista? 

Se olharmos para outras obras de Tolkien, vemos que o autor não acreditava que apenas monstros podiam ser maus. Em outros livros que ele escreveu sobre a Terra Média (mundo em que se passa a história), a presença de elfos e homens corrompidos é um ponto central. Em um desses livros, chamado “Os Filhos de Hurin” (considerada a obra mais sombria do autor), é contada a história de como o orgulho de um homem pôde trazer tanto sofrimento aos que estavam em seu caminho. Elfos ambiciosos são capazes de matar a própria família, homens orgulhosos levam o massacre a centenas de pessoas e reis do passado quebravam alianças e traíam aliados sem o menor peso na consciência. Dor, angústia e morte acompanham a história de homens e elfos. 

A diferença é que em “O Senhor os Anéis” os personagens principais são os melhores indivíduos de sua época. E mesmo assim não são perfeitos. Embora o filme seja uma ótima adaptação, ele é limitado em relação ao livro no representar dos pensamentos e desejos dos personagens. Eles possuem medo, egoísmo, impaciência, pessimismo, orgulho. Eles conhecem o mal, inclusive em si próprios. O que os faz diferentes é que, ao enxergar o bem, não o negociam, mesmo quando a situação é desfavorável para eles. Não se deixam corromper nem nas menores coisas: sabem que quem é fiel no pouco mais facilmente o será no muito. E esse talvez seja o ponto que menos pareça possível no mundo real. 

G. K. Chesterton disse uma vez que “contos de fadas são mais que verdade; não porque nos dizem que dragões existem, mas porque eles nos dizem que dragões podem ser derrotados". Ao focar na virtude desses heróis e dar menos ênfase nas mazelas dos povos (intrigas políticas, exploração dos mais fracos, pobreza, etc. Essas coisas existem e no livro são mais evidentes!), Tolkien não queria mostrar um mundo no qual existem pessoas perfeitas, mas que mesmo em tempos difíceis podem existir pessoas boas e generosas. 

Se sairmos da literatura e partirmos para a história encontraremos muitos exemplos de pessoas ruins. Não é preciso recordá-los: nossos professores já falaram bastante sobre eles. Mas os bons exemplos são menos frequentes e também menos badalados: Luis IX, rei da França, era um monarca que chegou a comandar seu exército nas cruzadas. Era considerado excelente político e militar, mas ficou marcado por sua excepcional justiça e cuidado aos pobres, velhos e doentes. Thomas More, chanceler da Inglaterra (o homem mais importante na política depois do rei), foi conhecido por sua eficiência, justiça, imparcialidade e bondade, além de ser um dedicado pai de família. Morreu decapitado por não abrir mão daquilo que julgava certo. 

Num tempo menos distante, podemos encontrar exemplos como João Paulo II, Mahatma Gandhi, Madre Teresa e Martin Luther King. Todos combateram males de suas épocas, cada um em sua circunstância, com suas virtudes e defeitos. Os mais céticos podem afirmar que cada pessoa busca apenas os próprios interesses; Tudo bem, mas nada impediu a essas pessoas de colocar o bem, a verdade e a justiça como seus principais interesses. E mesmo que no dia a dia nossas notícias sejam marcadas por crimes e corrupções, atitudes de pessoas como estas marcam de forma muito mais profunda a humanidade. 

E são exemplos para nós (pois também são pessoas de verdade!), embora muitas vezes suas virtudes possam parecer inalcançáveis. Podemos ser então como os pequenos hobbits, que não eram tão grandiosos, mas se empenharam em ajudar na luta contra o mal, mesmo que isso significasse assumir papéis pequenos. E sem esses papéis, como o do bonzinho jardineiro Sam Gamgi que se encarregou “apenas” de acompanhar seu patrão, dificilmente o bem conseguiria tantos triunfos. 



Diego Gonzalez
Estudante de Engenharia de Controle e Automação - UFRJ
Oficina de Valores

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