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#AvanteOficina

Por: Fernando

Dia desses, olhando o céu, vi aquelas duas carreiras de fumaça que algumas vezes os aviões deixam para trás, formando aquelas duas longas linhas de "nuvens" que todo mundo já deve ter visto. Refleti por um instante sobre aquilo. Uma coisa tosca que me despertou para uma reflexão mais interessante: sei que durante muito tempo eu não fazia a menor ideia do motivo  d0s aviões fazerem aquilo.... Não sabia se  aquilo eram nuvens mesmo, ou fumaça do avião. Curioso porque aquilo nunca incomodou tanto e, não fosse a reflexão feita em seguida, eu nunca comentaria sobre fumaças dos aviões.

Curioso que mesmo não entendendo  nada de aviões,  criou-se uma falsa sensação de sabermos como ele é possível, que sabemos como ele voa e como algumas vezes deixa essas fumaças para trás. O avião e fumaça já são coisas corriqueiras, sem mistério algum. Não vamos perder cinco minutos pensando em fumaça dos aviões, não é?

Acontece que o nosso cérebro não costuma lidar bem com a ideia de que algo do nosso dia a dia possa ser incompreensível e logo arruma uma resposta rápida, uma falsa certeza, para que não gastemos  nossa energia tentando compreender tudo nesse vasto mundo que nos cerca. Pense por um segundo e tente listar a quantidade de coisas que você pensa que sabe, mas que basta uma pequena reflexão para descobrir que não conhece absolutamente nada sobre. A ignorância vai desde o aviões, micro-ondas e celulares  até a lâmpada elétrica que ilumina nossas casas. Se essas coisas funcionarem corretamente, dificilmente vamos questionar algo sobre elas. Em condições normais, não estamos nem aí para como elas funcionam. Mas se, por exemplo, a luz do bairro acabar... Então, seremos levados a pensar em coisas como transformadores, picos de energia, falta de chuva...

Pois bem,  mais antigo do que os aviões e as lâmpadas,  e também fazendo parte da nossa sociedade, temos o Cristianismo. Como os aviões e as lâmpadas, sentimos que sabemos tudo sobre essa religião: como ela funciona e o que ela faz. Essa sensação de que conhecemos bem o Cristianismo muitas vezes nos impede de buscarmos melhores informações sobre tal assunto. Sentimos intuitivamente que temos todas as respostas;  e, sem o encantamento da curiosidade, ficamos mais interessados em saber e até vivenciar experiências de outras religiões do que estudar e vivenciar o Cristianismo. Nada mais normal,  afinal já o conhecemos o bastante, certo?

Assim como a falsa certeza de como funcionam as coisas à nossa volta, assim também concebemos a fé cristã. Mas se temos a falsa certeza de que sabemos praticamente tudo que se precisa saber, acabamos por não saber nada, ou quase nada.

Disse que só vamos nos dar conta de como as coisas funcionam, quando elas deixam de funcionar como esperamos que elas funcionem.  De maneira similar ao que ocorre com essas aparentes certezas,  nós só vamos entender melhor o Cristianismo quando ele deixa de funcionar da maneira que é esperado. Claro que uma religião que existe há mais de dois mil anos,  não deixou de funcionar assim de uma hora para outra. Muito provavelmente nem parou de funcionar. Talvez continue funcionando, apenas seu funcionamento é algo diferente daquilo que nós julgamos que deveria ser. Complicado?

Penso, como exemplo, naquela pessoa que tinha certeza que sabia tudo sobre Igreja Católica - quase todos os brasileiros - mas nunca foi cristão e nunca praticou o que essa religião prega e,  por algum motivo,  procura a Igreja. Arrisco um palpite: o Cristianismo não vai corresponder às expectativas dessa pessoa que achava que sabia tudo. Ela, caso decida aprofundar-se,  vai tomar um choque na sua ignorância. É nesse sentido que penso num Cristianismo não funcionando, num primeiro momento. Não funcionando para as expectativas da pessoa que pensava saber tudo sobre ser cristão, mas nunca o foi de fato.

De novo, é quando não funciona da maneira que se espera que a pessoa é provocada a informar-se  melhor. E a cada novo aprendizado, vem aquela sensação que recai sobre nós quando aprendemos algo que desconstrói uma ideia que tínhamos cristalizada sem que tivéssemos estudado absolutamente nada sobre ela. A sensação a que me refiro é aquela de nos vermos meio como bobos a ponto de pensarmos: "Nossa! Como eu fui tolo!".

É uma sensação prazerosa ver-se, vez ou outra, como um tolo.

Com a internet e a era da informação, onde é possível saber superficialmente de mil coisas durante o tempo em que se cozinha um miojo, com o as redes sociais e a proliferação de "eruditos" de plantão que conseguiram um espaço para publicitarem suas ideias,  constatamos o  quanto muitos desconhecem o que realmente o Cristianismo é e o que significa ser cristão.

Recentemente, o famoso escritor Umberto Eco, falando sobre o tanto de pontos de vista que se tem hoje na internet, disse o seguinte:

“... Antes das redes sociais, aquele imbecil que você encontrava no bar, que falava umas idiotices depois de três copos de vinho e ia embora, sem grandes danos para a sociedade, com as redes sociais esse imbecil permanece mais tempo com suas opiniões danosas.”

Sem se ver como tolo, é fácil sentir-se meio "gabaritado" para falar sobre tudo: o mesmo sujeito que faz uma crítica da política econômica do Fed de manha, à noite se sente competente para falar sobre a história da Igreja Católica e teologia. Verdade que o Google ajuda a fazer "teólogos paraquedistas", aventureiros em dois minutos e meio com pesquisa na Wikipédia. Mas essa pesquisa, mesmo rasa, podia, ao menos, despertar nesse sujeito que não sabe nada, aquela sensação de "sentir-se tolo".

E como encontramos todos os dias informações erradas: jornalistas falam sobre determinada declaração do Papa, debates nas redes sociais sobre posições da Igreja, ex-participante de reality show que se passa considera intelectual depois de meia dúzia de livros... Todo mundo do dia para noite sabe tudo sobre o Cristianismo! O que é e como deveria ser, suas causas e efeitos.

O maior dos tolos é aquele que nunca se vê sendo tolo. E,  não se vendo, não tem controle nas suas rasas críticas e segue em frente. Como dizia Millor Fernandes : " Chegou no limite da ignorância! Não obstante, seguiu adiante..."


 
Fernando Duarte
Professor de História / Oficina de Valores

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