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Por: Larissa



“Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois de tua morte, ele permaneça”. (Leonardo da Vinci)


Engraçado pensar nesta frase e tentar associar trabalho e morte em uma mesma ideia, já que o trabalho sugere vida, e a morte... bom, essa sugere infinitas possibilidades. E falando em morte, já deu aquela olhada no jornal matinal para ver quantos foram, só no dia de hoje? Não deu tempo? Sem problema, tem o noticiário da noite. Ou aquele vizinho que gosta de contar uma novidade, talvez um livro possa dar aquela noção ou um filme policial na sexta-feira. Afinal, como lidamos com esse assunto todos os dias, não vi problema algum em começarmos por ele. É algo tão presente, não é mesmo? Como dizem: a nossa única certeza. E já que dessa certeza ninguém escapa... 

Gostaria de começar a reflexão citando o filme “Encontro Marcado” de Martin Brest onde o assunto é muito bem abordado. Joe Black (Brad Pitt) é nada mais nada menos que a própria morte em pessoa, e sua missão é levar o magnata Bill Parrish (Anthony Hopkins) para sete palmos abaixo do chão. Mas antes de levá-lo, Joe faz um acordo com Bill para que este seja o seu guia na terra e o ensine tudo. Assume a forma humana pois se encanta com a essência de tudo que é vivo e pretende desfrutar da nova descoberta. Descobre o amor, a dor, o prazer e tudo que a existência tem a oferecer. Chegado o momento, Joe precisa levar Bill. A complicação se dá no momento em que Joe (nosso amigo também conhecido como a morte) não encontra motivos suficientemente fortes para deixar a realidade na qual então se encontra, ou seja, a própria vida. Joe se apega e acaba também “morrendo” por ter de largar para trás tudo o que tinha conhecido para seguir seu caminho. Irônico, não? A morte se tornar vida, e a vida fazer parte da morte. 

Claro que, no contexto do filme, a ironia da situação é presente, (quem dera se todos pudessem barganhar com a morte por mais um pouco de tempo). Mas, se trouxermos isso para nós mesmos o assunto toma outro rumo. E esse rumo se encontra no seguinte pensamento: “Nascemos sem pedir e morremos sem querer”. E agora o assunto vai ficar um pouco mais sério por aqui. Com essa frase, não mais existe um filme com uma mensagem existencial bonita, não existe troca de favores e muito menos pessoas favorecidas. Existe apenas essas pequenas palavras, “Sem pedir e sem querer”, que com certeza já ecoaram alguma vez na minha mente e na sua. E tenho pra mim que todos nós já nos perguntamos o seguinte: o que estou fazendo com esse algo chamado vida, que não pedi para ter? Essa é uma das perguntas que irá nos perseguir até sem a gente querer. Enquanto pensamos em como resolver os problemas no mundo dos vivos, tenho para mim que também teremos de achar espaço em nosso ser para os problemas dos mortos. Quando digo mortos, não me refiro apenas a pessoas mortas, e sim a tudo que morre dentro de nós e que muita das vezes nem nos damos conta.

Talvez aquele sonho esquecido na infância, ou aquele amigo que matamos dentro de nós por algum motivo grande ou pequeno. A decepção e as incertezas que a fase adulta nos apresenta, nos tirando aquela visão otimista que tínhamos... os motivos podem ser variados. Mas a questão é uma só: Quando algo fica mal resolvido dentro de nós, quando ficamos horas pensando antes de dormir com aquele tal de “eu não pedi isso”, com o tal do “e se fosse assim” “e se fosse assado”... sobrecarregamos o nosso “túmulo interior” com todas as essas “mortes”. É claro que o questionamento faz parte do que somos, e fazer uma autoanálise é sempre produtivo. Mas se autoanalisar é diferente de se autopunir pensando no que poderia ter sido e não foi. Espero que este termo (túmulo interior) não tenha lhe causado espanto, pois se você já leu até aqui é porque ao menos a palavra “morte” e suas vertentes já fazem parte de nossa conversa. 

“Túmulo” significa monumento em memória de alguém, no lugar onde está sepultado o indivíduo memorado. Esse monumento guarda tudo o que se foi. E dentro do “túmulo”, adivinha quem está? Eu e você. E esse monumento seria o nosso próprio interior, que guarda a memória de nós mesmos, o lugar onde se esconde o “eu” passado de cada um. Mas, falta algo. Em toda história de morte, existe um vivo que tem o papel de enterrar o morto certo? Esse seria o coveiro, o ser que tem a missão de organizar o cemitério, cuidar da limpeza das covas e por aí vai. Alguém já pensou em ser um? Não? Pois sinto informar que no fundo todos somos. Se possuímos um “túmulo Interior”, isso significa que certamente existe algo enterrado lá, ou algo pronto parar ser desenterrado. E uma limpeza neste local às vezes faz um bem enorme. Melhora a aparência, mesmo se tratando de um lugar que remete pensamentos tão tristes. Podemos sempre escolher como queremos ser vistos e lembrados, seja por dentro ou por fora. Irônico, não? Pensar que possuímos um túmulo e que somos capazes de ser coveiros de nós mesmos. Só de pensar que podemos enterrar nossos sonhos e também podemos desenterrar nossos pesadelos, em pensar que somos também assassinos e muitas vezes matamos as pessoas dentro de nós e, pior, às vezes nós mesmos nos matamos com nossas próprias armas e nos enterramos em vida. 

Isso me faz pensar em qual seria o verdadeiro sentido de se viver já que muitos vivos já estão mortos e apenas se esqueceram de deitar. O que realmente me assusta não é falar em morte ou usar o termo “túmulo” ou até mesmo olhar para um morto. Isso faz parte do que chamamos de realidade. Agora, morrer sem perceber que poderia ter vivido... Isso não apenas me assusta, mas me apavora. Do que me adianta ter a vida se eu não souber o que é viver? Ter a existência se eu não souber o que é existir? Seria como ter tudo e na verdade não possuir absolutamente nada.
  

Larissa Eira
Estudante
Oficina de Valores

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