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#AvanteOficina

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Por: Záira Caroline



Imagem: commons.wikimedia.org


Ensinamento número 01 – Ser consciente em todos os instantes: Hamlet é dono de uma consciência brutal e isso faz com que a partir de sua reflexão, seu posicionamento e ações estejam em função de sua consciência e não de uma tradição ou costume social. Esta é uma critica direta às pessoas que agem sem compreender bem aquilo que estão fazendo. Uma pessoa consciente não é feliz o tempo todo, até por que não é possível ser feliz o tempo todo. Nas redes sociais, pessoas expõem suas vidas para que todos vejam o quão felizes elas são, na realidade este mundo criado no Facebook, no Instagram ou em qualquer outra rede social é um mundo sem consciência, pois exige que se mostre uma felicidade constante, e esta felicidade é comprovada através do número de curtidas que determinada foto ou post recebeu. É uma felicidade que necessita da aprovação de quem observa.


Ensinamento número 02 – Começar a ser e deixar de não ser: “Ser ou não ser, eis a questão” é sem dúvida a pergunta mais famosa de todos os tempos! Sua semântica vem sendo interpretada de várias maneiras, mas o que poucos percebem é que a resposta desta pergunta está diretamente ligada ao processo de consciência do individuo. Todos nós temos dúvidas, incertezas, medos e conflitos interiores, ou seja, cada um tem um pouquinho de Hamlet dentro de si. O fato é que muitas vezes deixamos de sermos nós mesmos, passando a nos moldar de acordo com o grupo em que estamos inseridos ou de acordo com o que as pessoas pensam. Se estou em um grupo cujos indivíduos bebem, mesmo que eu não beba, beberei só para sentir-me parte do todo. Se sou calada e contida, serei mais extrovertida, falarei palavrões e gírias. Usarei roupas curtas, porque minhas amigas usam e para andar com elas preciso usar o mesmo estilo. O mesmo acontece quando fazemos algo que alguém sonhou para nós e não o que nós sonhamos para nós mesmos: “Serei médico, este era o sonho de meu pai na juventude, mas eu gostaria mesmo era de ser professor de história”. “Namorarei com fulana, porque minha mãe acha que ela é o melhor para mim”. Cada um tem um costume, um modo de se vestir e uma crença, não precisamos vestir uma personalidade diferente quando julgarmos necessário. “Ser” exige muito trabalho! O primeiro passo para começarmos a “ser” é nos conhecermos, procurando no fundo do nosso interior todas as nossas qualidades, os nossos defeitos e também os nossos medos. Somos todos diferentes e isto é o que enriquece as relações humanas!


Ensinamento número 03 – Abrir mão das máscaras e encenações: “Deus te deu uma cara e você faz outra. E você ondula, você meneia, você cicia, põe apelidos nas criaturas de Deus, e procura fazer passar por inocência a sua volúpia.”¹ Hamlet condena todo e qualquer tipo de máscaras e encenações, pois estes artifícios são utilizados para esconder e enfear o homem, uma criatura magnífica que recebeu de Deus dons e capacidades extraordinárias. O príncipe da Dinamarca, em sua profunda honestidade, diz a este respeito:

"Que obra-prima é o homem! Como é nobre em sua razão! Que capacidade infinita! Como é preciso e bem-feito em forma e movimento! Um anjo na ação! Um deus no entendimento, paradigma dos animais, maravilha do mundo. Contudo, para mim, é apenas a quintessência do pó. O homem não me satisfaz; não, nem a mulher também, se sorri por causa disso."¹


As máscaras, no mundo social, funcionam como um refúgio para aqueles que reconhecem suas fraquezas e temem que elas sejam descobertas. O medo de envelhecer, ou de parecer muito jovem, faz com que pessoas mintam a idade ou façam cirurgias plásticas desnecessárias, colocando em risco a própria vida. É preciso seguir as tendências, mesmo que para isso um estilo de vida totalmente falso seja criado. Para alcançar este status são criadas máscaras para os conflitos familiares e para os problemas financeiros, afinal, o que importa é mostrar uma vida perfeita, segundo os moldes impostos pela sociedade.


Ensinamento número 04 – Nunca compactuar com a corrupção e com as práticas do mundo:

"Ó Deus, ó Deus! Como são enfadonhas, azedas ou rançosas, 
Todas as práticas do mundo! 
O tédio, ó nojo! Isto é um jardim abandonado, 
Cheio de ervas daninhas, 
Invadido só pelo veneno e o espinho – 
Um quintal de aberrações da natureza."¹


Para Hamlet não há a menor chance de entregar-se a corrupção, por isso ao perceber que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, ele decide iniciar sua investigação no castelo de Elsinor, no seio familiar, pois se há corrupção na Dinamarca todos são culpados. A corrupção está em todos os cantos, nas pequenas coisas do dia a dia, ao contrário do que muitas pessoas pensam. Para estas pessoas só há corrupção quando o político desonesto desvia milhões de reais dos cofres públicos ou se um bandido altamente perigoso suborna as autoridades para garantir sua liberdade. A corrupção está nos pequenos atos de não devolver o dinheiro que veio a mais no troco, no tentar convencer a professora a abonar as faltas cometidas, em falsificar assinaturas, além de muitos outros.

Ensinamento número 05 – Ser dono do seu destino, mas entregar a decisão final a Deus: Hamlet a partir do momento que decide seguir seu caminho, abre mão de sua liberdade entregando-se nas mãos do destino: “Existe uma previdência especial até na queda de um pássaro. Se é agora, não vai ser depois; se não for depois, será agora; se não for agora, será a qualquer hora. Estar preparado é tudo. Se ninguém é dono de nada do que deixa, que importa a hora de deixá-lo? Será o que Deus quiser!”¹ Consciente de seu destino trágico, o príncipe age, mas independentemente de suas ações ele sabe que será feita a vontade de Deus. Devemos ter objetivos na vida e fazer tudo para que eles sejam alcançados. Não basta entregar apenas nas mãos de Deus! Esta é uma ação em conjunto!


Záira Caroline Dutra Carreiro
Professora de Língua Portuguesa e Literatura

1. SHAKESPEARE, William. Hamlet; Tradução: Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 2011.

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