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#AvanteOficina

08:47
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Por: Diego
Imagem de www.cmfblog.org.uk

O ensino médio foi uma das experiências mais legais que tive. Depois dos dois primeiros anos de boa convivência com colegas e professores, chegou o tão esperado terceiro ano. E que ano louco. Além da costumeira pressão do vestibular, passamos por várias outras experiências. Reformaram a ortografia que aprendi desde o primário, peguei o primeiro ano do ENEM pra valer (mudando os vestibulares quase no meio do ano), e que foi adiado porque roubaram a prova. E teve a tal gripe que causou a suspensão de duas semanas de aula (que precisamos compensar com vários dias tendo aula de manhã e à tarde de segunda a sábado)...

Foi uma experiência intensa, e muito boa, que me ajudou a tomar uma das decisões mais difíceis até então: o que fazer depois do colégio. No fim das contas, depois de procurar (e ler panfletos de universidades e comprar edições da Guia do Estudante), acabei decidindo por uma faculdade. Após alguns resultados bons e outros ruins, acabei passando para o curso que queria.

E a experiência foi bem diferente da do colégio. A minha vida inteira havia me preparado para entrar para a faculdade. Era isso que me ensinavam na escola e também o que as pessoas mais velhas da família, principalmente as que não tiveram oportunidade de estudar, incentivavam. Mas e agora, José?

Mudei de cidade, o que já foi uma primeira experiência difícil de lidar. Estar na faculdade era estar num ambiente diferente, do qual durante algum tempo eu parecia não fazer parte. O novo apartamento não era a minha casa. A matéria era difícil de entender e o professor não sabia explicar. Por ser um pouco tímido, demorei a me integrar com as pessoas. Afinal, o que eu tinha em comum com elas?

Tenho convicção de que para amadurecermos na vida precisamos sair de nossas “zonas de conforto”, e isso só acontece quando enfrentamos situações novas, dessas que nos obrigam a tomar decisões importantes. Afinal, a arte de saber fazer escolhas difíceis só vem com a prática de abrir mão de coisas a que somos apegados e precisamos largar. Acredito que entrar para a faculdade seja uma dessas situações. E eu não tinha ideia do bem que isso me faria.

Aprendi a comemorar um 4,9 (porque não tem como não virar um 5!), que oito horas de sono por dia é mito e que dois centavos de desconto por página na xerox significam quase um lanche no fim do período. Que quem encontrou o caderno de um veterano encontrou um tesouro. Que Feira de Estágios, mais do que só oferecerem estágios, também recompõe o estoque de canetas para o próximo semestre. E aprendi a tomar café, a gostar de café e a substituir o Nescau por café.

Só que o crescimento pessoal vai muito além disso. Com certeza a resiliência, essa capacidade de se adaptar às mudanças da vida, é uma das virtudes mais importantes que adquiri nesses anos e que poderia até valer hora complementar. Não dá tempo de se lamentar por uma prova em que acabei de ir mal e posso até ter reprovado, porque preciso aproveitar esse tempo para estudar e evitar outra nota ruim no dia seguinte. Aprendi que algumas vezes vou precisar fazer sozinho algumas tarefas que deveriam ser feitas por vários. E que quando alguém disser “corre atrás disso”, eu preciso resolver o problema para ontem.

Mas acredito que a experiência de conviver com gente diferente seja um dos pontos mais legais. O que eu tenho em comum com aquele colega eu não sei, mas preciso me aproximar dele porque estamos no mesmo grupo de trabalho e precisamos enviar um resumo até o fim da semana. Com aquele professor que intimidava nos primeiros períodos, hoje converso quase todos os dias para discutir meu projeto. Esses pequenos objetivos em comum me ajudaram a entender que, mesmo alguém com pensamentos e convicções diferentes das minhas pode ser um bom companheiro de papo e que tem muito a me ensinar.

Viver em conjunto a experiência do novo, as pressões de provas e trabalhos, não torna o caminho mais fácil. Mas deixa-o bem mais agradável. Depois das noites viradas no Skype terminando relatórios, encontrar o consolo e incentivo de colegas e amigos que passavam pela mesma situação não tem preço. Mais do que um grupo, virávamos um time, no qual às vezes nem todos precisavam daquele meio ponto, mas em que todos trabalhavam com o mesmo empenho para salvar os “pendurados”.

É claro que dúvidas e questionamentos sobre a faculdade também vão surgir. E precisam ser bem analisados: são reflexo de uma escolha realmente equivocada ou é um desânimo simplesmente porque fazer o que devo fazer me custa? Além disso, terminar a faculdade quase sempre traz mais dúvidas do que o final do ensino médio, porque agora é pra valer: que caminho, então, tomar? Mas todos esses anos também servem de preparação para estas escolhas futuras.

Que diga quem já apresentou o TCC (ou monografia, projeto de conclusão de curso...), que só de lembrar tira o sono de muitos. Decidir o tema, o orientador e quebrar a cabeça para escrever, depois de um dia inteiro, apenas duas páginas é árduo. Mas a recompensa, depois da “inquisição” de uma banca composta por profissionais, mestres, doutores, é grande. A aprovação não é só uma burocracia resolvida, mas também um “seja bem vido ao nosso mundo”.

Escrevo este texto algumas horas depois de entregar para o meu coordenador os últimos documentos que precisava para a colação de grau. E no apartamento em que hoje me sinto tão à vontade quanto na minha velha casa, que visito aos finais de semana. A sensação não é de agora pertencer a outro lugar, mas de que meu quintal simplesmente aumentou.

Tenho certeza que a experiência da universidade me fez muito bem e constitui uma das passagens mais positivas da vida. Na verdade, gostei tanto que emendei direto no mestrado. E tenho alguns planos de talvez ficar lá até me aposentar.

Hoje cumpri uma das últimas tarefas ligadas à faculdade. Pra ser sincero, faltou uma declaração que preciso pegar não sei onde e pedir para não sei quem assinar até depois de amanhã. Há alguns anos atrás, isso seria o suficiente para me tirar a paz. Mas, depois de tudo o que passei nesses anos, fui embora tranquilo. Afinal, se o problema é só esse, vai dar tudo certo.


Diego Gonzalez
Mestrando em Engenharia Biomédica
Oficina de Valores

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