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#AvanteOficina

15:45
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Por: Alessandro

Sou pai há cerca de dez meses. Ou há pouco mais de um mês. Depende do ponto de referência. Contando a partir da concepção ou contando a partir do nascimento. Desde que meu filho existe ou desde que eu o vi pela primeira vez. O fato é que há pouco menos de um ano a vida da Carol e a minha mudaram totalmente. E no último dia 13 de janeiro, essa mudança radicalizou-se. Nosso choro juntou-se ao choro do Bento para celebrar a chegada mais esperada de nossas histórias.

Faz tempo que quero escrever para partilhar um pouco sobre tudo o que tenho vivido desde que esse menininho aportou em nossas vidas. Isso, no entanto, mostrou-se mais difícil do que parecia inicialmente. O tempo nesses primeiros dias pós-nascimento é mais restrito e os planejamentos tendem a ser desfeitos por um choro que não para ou por um sorriso do qual não queremos nos afastar. Estes, no entanto, não são os principais empecilhos. É difícil escrever porque é difícil saber o que dizer. Os acontecimentos desses dias tão grandiosos podem não parecer tão interessantes para quem não está passando pela situação. São “mamadas”, trocas de fraldas, choros, banhos, horas olhando para o bebê, sorrisos, conversas sobre “com quem ele parece”, idas ao médico, planejamento do batismo, visitas de amigos e familiares...

Descrevendo friamente, o que tenho vivido não é algo que pareça tão espetacular. Mas esse olhar externo com toda certeza não diz praticamente nada. Indo direto ao ponto: tudo isso que tenho vivenciado faz parte de uma das maiores experiências da minha vida. Dentro de coisas muito simples mistura-se uma constelação de sentimentos, pensamentos e sonhos que tornam o banho de uma criança algo tão fantástico quanto uma aventura em busca do Graal ou tão fabuloso quanto a descoberta da fonte da juventude.

Apesar dessas barreiras, resolvi não deixar de tentar. E o método que vou seguir nessa busca de comunicar o extraordinário que a cada dia tenho descoberto será contar um pouco da trajetória percorrida até aqui e relatar algumas das minhas reações a cada nova situação que a chegada do Bento causou.

Começo recordando do momento em que recebi a notícia. Ou melhor, dos momentos. A Carol e eu estávamos viajando. Em um momento da viagem, ela disse que estava desconfiada que havia mais uma pessoa conosco. Não tinha certeza e não queria ficar muito empolgada. Não queria, mas não conseguia deixar de ficar. No quarto de um hotel, um teste comprado em uma farmácia foi feito e a “quase certeza” veio. Não éramos apenas dois, mas três. A criança ainda não tinha rosto nem nome, mas já estava lá e era nosso filho. Lembro que uma das minhas primeiras frases foi: “A sensação que eu tenho é que até agora dava para levar na brincadeira. Agora a coisa ficou séria...”

Sendo bem sincero, minhas primeiras sensações não foram de alegria ou euforia. Não que eu tenha ficado triste. Não foi realmente o caso. Mas o que a paternidade trouxe em primeiro lugar foi uma espécie de preocupação, de senso de responsabilidade. Minhas decisões afetam uma pessoa totalmente indefesa. Caramba, uma criança dependerá de mim para aprender sobre a vida, o universo e tudo mais! Sou responsável por protegê-la e educá-la. Uma parte importante dos passos que ela dará nesse mundo será orientada pela minha mão.

Passaram-se os primeiros dias. A Carol fez alguns exames (e ela estava grávida mesmo!!!). Chegou a hora de dar a notícia aos familiares e amigos. Minha mãe. Meu pai. A mãe dela. O pai dela. Os avós, esses foram os primeiros a saber. Seguiram-se várias outras pessoas próximas. E com o passar do tempo até as não próximas. E posso resumir todas as reações a duas palavras: alegria e cuidado. Foi emocionante ver tantas pessoas vibrando ao saberem da nossa boa notícia. Mais ainda ver essa alegria traduzindo-se em tantos gestos, pequenos e grandes, de solicitude. Percebi que diante de uma grávida, boa parte das pessoas cultiva uma espécie de senso de sagrado.

Essa sacralidade e fragilidade da mulher grávida e da vida que ela carrega são percebidas de uma forma muito específica pelo pai. Algo de grandioso e, praticamente, invisível está acontecendo ao seu lado. Uma criança está crescendo. Sua esposa começa a ter reações e não há muito o que você possa fazer para ajudá-la. Você vai ao médico com ela. Fica próximo quando ela passa mal... Mas você sabe que é capaz de pouco para tornar as coisas mais fáceis para aquela por quem você faria tudo. 

Ao senso de responsabilidade soma-se uma grande sensação de impotência. Sensação que até hoje não desapareceu. Mesmo após as possibilidades de atuação se tornarem maiores, permanece o sentimento de que mais deveria ser feito. Isso não é culpa, apenas um reconhecimento da desproporção entre minha pequenez e a grandeza da missão a ser desempenhada. Missão que não é só minha e na qual, por vezes, terei que me contentar em ser coadjuvante. 

Quando colocado dessa forma, a paternidade corre o risco de parecer um fardo. Mas está longe de ser isso.  É um grande dom, uma fonte de imensa alegria. Alegria que vem da criança e que se concretiza em pequenas coisas. Como traz felicidade montar o quarto, imaginar o rosto da criança enquanto ela não chega e contemplar esse rosto depois que ela chegou. Escolher o nome e querer o nome perfeito. É engraçado sentir-se meio besta ao tentar falar com uma barriga ou rir porque um bebê urinou em você. É algo mágico ver que um sorriso tem a capacidade de tirar parte do cansaço de uma noite mal dormida...

O ápice do nervosismo dá-se no dia parto. Eu ficava tremendo de medo de dar algo errado. Na porta do centro cirúrgico eu rezei como nunca havia rezado na minha vida. A partir de certo momento não existiam mais palavras. Eu apenas me sentia diante de Deus e esperava que ele ouvisse, entendesse e me atendesse. Nunca trinta minutos foram tão longos. Aqueles minutos que passei com a Carol no nascimento do Bento foram tão intensos que tenho poucas memórias dos detalhes. Só sei que ela estava lá. Os médicos estavam lá. A fotógrafa estava lá. Eu estava lá. E de repente o Bento apareceu… E chorou! E, graças a Deus, ele estava bem e ela também. O alívio que essa notícia traz é indescritível.

Ao parto seguiram-se os primeiros dias de uma rotina completamente nova. Havia a recuperação dela e a adaptação dele. Eu era acompanhado (e ainda sou um pouco) pelo desejo de não dormir para poder ficar velando pelo sono dos dois. Nesses primeiros dias o bebê não faz muita coisa... Mas ele é super-hiper-mega-observado, o que faz com que toda pequena mudança em seu comportamento seja motivo de celebração ou preocupação. Para pais de primeira viagem, para os quais não existe critério de comparação, tudo é realmente uma experiência totalmente nova.

Ao escutar pais falando sobre aquilo que vivem, é fácil pensar que estão exagerando, que idealizam uma experiência bastante comum. O que tenho visto é que boa parte dos clichês sobre o assunto são verdadeiros e que a experiência é realmente grandiosa. O que ocorre é que ela também é comum e extremamente desafiante e, por vezes, desnorteante. Em suas duas primeiras noites em casa, por exemplo, o Bento chorava muito. A pediatra disse que tudo era normal. Mas embora acreditássemos nela, não dá para dizer que ficávamos totalmente convencidos e tranquilos. Uma noite em específico, após um choro muito demorado do bebê, quem chorou fomos eu e a Carol.

Além das dificuldades que apontei acima, um texto como esse tem outro desafio: terminar. O desejo é ir contando, contando... Mas para dar um fim, quero mencionar mais duas das grandes coisas que a paternidade tem me feito experimentar. A primeira delas é uma maior empatia e solidariedade. Meu filho teve a alegria de nascer em um hospital. A Carol pôde ser bem cuidada. Não faltou nada para ele e posso dizer que há até certo luxo. Pô...O moleque tem pelúcias de super-heróis! Frequentemente, ao olhar o quarto do Bento ou suas coisas, penso que várias crianças crescem em contextos muito ruins e que não é assim que as coisas deveriam ser. Toda criança deveria ser esperada e ter sua chegada preparada. O essencial não deveria faltar a nenhuma delas. Não consigo deixar de pensar que preciso contribuir para que o mundo seja mais justo e fraterno para essas crianças e para meu filho. Claro que não tenho receitas, mas ser pai tem me desafiado a ser um ser humano melhor...

A segunda coisa diz respeito a esse misto de responsabilidade e impotência que são partes constitutivas da paternidade. Desde criança eu aprendi a chamar Deus de Pai. Não consigo nem lembrar a primeira vez em que rezei “Pai Nosso que estais no céu...” Agora que eu sou pai, entendo de outro jeito estas palavras. Como disse, eu tenho vontade de não dormir, de proteger em todos os instantes meu filho. Ao mesmo tempo, sei que não é possível fazer isso, talvez nem seja correto.  Tenho consciência que devo educá-lo para ser livre, para dar os próprios passos. Devo e quero fazer um milhão de outras coisas por ele. Várias delas são contraditórias entre si e o tempo e minhas forças não permitirão que todas sejam realizadas. O nascimento do Bento me fez perceber que ser pai é uma tarefa tão grande, mas tão grande, que só Deus é capaz de exercê-la de maneira plena. Assusta saber que essa divina tarefa a mim é confiada. Creio que esse Pai do Céu tem seus motivos para me ofertar um voto de tão grande confiança. Por vezes, fico imaginando se entre esses motivos não está o desejo de fazer com que eu seja um pouquinho mais parecido com Ele...



Alessandro Garcia
Fundador da Oficina de Valores
Esposo da Carol
Pai do Bento

1 comments:

Unknown disse...

Belíssima expressão de realidade vivida, na reflexão e grandiosos sentimentos de amor vividos.
Parabéns, caríssimo Alessandro. Parabéns, Carol. Benvindo, Bento, verdadeiro bendito de Deus, cercado de tanto amor familiar.
Abraços cordiais,
Pe. Luis Mello

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